O processamento e a análise de dados colocam valor às informações transacionais dos consumidores financeiros para prever seu comportamento, melhorar as experiências de pagamento e aumentar a probabilidade de conversão.
Nos últimos anos, a Mastercard tem promovido a incorporação de novas tecnologias e gerado investimentos além de trilhos e cartões, criando serviços e soluções de valor agregado por meio de uma estratégia de fusões e aquisições, que conta com cerca de 400 clientes corporativos na América Latina. Isso também representa uma via de receitas para a companhia, que, hoje, atua mais uma fornecedora de tecnologia e está ampliando suas parcerias para fazer comparações de dados com terceiros.
“Como olhamos para todo mundo, podemos dar um benchmark e apontar “best in class”, sempre de maneira anonimizada”, diz Ana Lucía Magliano, vice-presidente-executiva para serviços da Mastercard LAC, à iupana.
A aposta na incorporação de novas tecnologias representa, a nível mundial, uma participação de cerca de 36% do faturamento da empresa e, de alguma forma, um terço da força de trabalho está comprometida com esta vertical.
O avanço da inovação vai no sentido de fazer previsões e não apenas olhar para o passado, como é o caso de ferramentas de business intelligence e análise. Afastando-se da imagem do retrovisor, Magliano ressalta que isso significa deixar os clientes mais preparados para o que vai acontecer. “É algo em que estamos investindo”, diz ela, explicando que incorporar dados de terceiros na base existente é o caminho a seguir.
Assim, a companhia está desenvolvendo internamente modelos algorítmicos e testando soluções de previsão nesse sentido. A expectativa é lançar produtos para previsão de dados econômicos na América Latina ainda este ano.
Transformação de dados e pagamentos
Os dados estão transformando a experiência de pagamentos na América Latina e no Caribe, tanto para compreender as tendências do consumidor, quanto para mitigar fraudes e aumentar a segurança das transações.
Ao analisar as bilhões de transações que passam por sua rede, a Mastercard consegue identificar – e antecipar para seus clientes – o comportamento das pessoas. Isso foi aplicado durante a pandemia, momento em que seus clientes receberam perspectivas que contribuíram para uma melhor tomada de decisão.
“Foi fácil perceber que o consumo deixou de ser roupas e foi para os móveis, para tudo que era em torno da melhoria da casa. Isso foi globalmente, porque todo mundo precisava estar dentro de casa e queria estar confortável. Também vimos quando as pessoas começaram a viajar e percebemos que a primeira viagem foi de carro, porque ninguém queria ficar em hotel. Algumas das conversas que temos com nossos clientes na América Latina são sobre como eles podem preparar programas de fidelidade para engajamento”, explicou Magliano.
No terceiro trimestre de 2023, a receita líquida de serviços e soluções de valor agregado aumentou 17%, ou 14% EM um cenário de moeda zero. O incremento foi impulsionado, principalmente, pelo crescimento contínuo das soluções cibernéticas e de inteligência, incluindo as soluções contra fraude e segurança, procura pelos serviços de consultoria e marketing, bem como pelas soluções de fidelização.
A empresa não abre números locais, mas, de acordo com Magliano, “a América Latina é super forte” nessa vertical. “A Mastercard é mais que uma companhia de pagamentos; é uma companhia de serviços com muita tecnologia incorporada”, ressaltou, dando como exemplo o uso de ferramentas com inteligência artificial há 15 anos.
Redução de fraude
O avanço na utilização de dados e ferramentas de IA, machine learning e outras tecnologias também endereça a mitigação de fraude e o aumento da segurança. “Nos últimos quatro anos, a gente reduziu a fraude em mais de 50% na América Latina, através do uso da nossa tecnologia. Mas ainda somos a região com maior índice de fraude”, disse a executiva.
A explicação para o alto patamar das fraudes tem alguns motivos e um deles é a recente inclusão financeira, principalmente, em decorrência da digitalização rápida na pandemia, que incluiu no sistema uma série de pessoas que ainda não estão tão bem educadas para identificar ameaças.
Por outro lado, a região é de rápida adesão a novas tecnologias, como de aproximação (NFC, na sigla em inglês para near field communication), e foi berço ao surgimento de muitas fintechs que aportaram inovação à AL. “O nosso cliente está disposto a testar e isso é muito bacana. Dentro das nossas propostas de valores de serviços, algumas coisas a gente começou criando na AL e depois exportou para o mundo”, destacou.