O pipeline de investimentos em fintech da América Latina está reabrindo, após o ajuste e a correção do mercado observados nos financiamentos dos anos anteriores.
Embora os números não sugiram um boom de megarrodadas como o experimentado pela região em 2021-2022, a incubadora Endeavor e a empresa de investimentos Glisco Partners observam, em um relatório de setembro, que o volume de investimentos cresceu 30% em relação ao ano anterior, no primeiro semestre de 2024. E espera-se que a tendência continue — de forma lenta, mas constante — até o fim do ano.
A estabilização das negociações está ligada às condições macroeconômicas, observa Herbert Schulz, CEO e cofundador da fintech Radar, referindo-se à relação entre o aperto monetário e a redução do apetite dos investidores por assumir riscos. “Há uma conexão bastante direta com as taxas de juros nos EUA”, observa ele.
A startup de gestão de tesouraria empresarial levantou US$ 1,5 milhão em abril, com vistas a uma série A em 2025 e à expansão de suas operações no Chile e no México.
Schulz acrescenta que, em 2022 e no início de 2023, os fundos foram cautelosos, porque tiveram que priorizar empresas do portfólio com necessidades adicionais de capital.
No entanto, isso vem mudando à medida que se espera que a taxa de referência do Federal Reserve (FED), atualmente em 5,25%, caia. Espera-se uma redução este ano e mais quatro em 2025, o que afetaria a demanda por bens e serviços, inclusive financeiros, em uma região que também recorreu a políticas monetárias mais rígidas para lidar com os aumentos de preços pós-pandemia.
“No segundo semestre e no fim de 2023, a situação era muito diferente, ainda não estava em níveis normais, mas já podemos ver essa tendência mudando”, diz ele.
É por isso que a iupana preparou esta lista das dez maiores rodadas de investimento (capital e dívida) em 2024 até agosto, a fim de visualizar essa perspectiva otimista.
1. Stori: US$ 212 milhões
A fintech mexicana Stori concluiu uma rodada de financiamento de US$ 212 milhões em agosto: US$ 105 milhões em ações, liderados pela Notable Capital e BAI, e US$ 107 milhões em dívidas fornecidas pela Goldman Sachs e Davidson Kempner. Com essa injeção de fundos, a Stori ultrapassou a avaliação de unicórnio anunciada em 2022.
Há duas semanas, a empresa anunciou seu desembarque na Colômbia com um cartão de crédito, como disse o CEO da Stori no país tinha a dizer. Enquanto isso, a discussão sobre os desafios dos produtos de crédito com taxas de juros limitadas na Colômbia tem sido agitada.
2. Nubank: US$ 150 milhões
A subsidiária colombiana do Nubank obteve um empréstimo de US$ 150 milhões da DFC, a Corporação Financeira de Desenvolvimento Internacional dos EUA. O objetivo é expandir suas operações no país e impulsionar a inclusão financeira.
3. ID Finance: US$ 150 milhões
A fintech espanhola ID Finance levantou US$ 150 milhões em dívidas do i80 Group. Os fundos, levantados em fevereiro, serão usados para expandir seu aplicativo financeiro Plazo e para consolidar sua presença no México e na Espanha.
4. inDrive: US$ 150 milhões
A plataforma de serviços financeiros e de mobilidade inDrive ampliou um financiamento de US$ 150 milhões da General Catalyst em março, elevando o total para US$ 300 milhões. A expansão tem como objetivo aprimorar seus produtos e serviços, além de entrar em novos mercados.
Este ano, a empresa também lançou o inDrive Money, oferecendo empréstimos para motoristas e cartões de crédito no México.
5. Baubap: US$ 120 milhões
Em fevereiro, a fintech mexicana Baubap levantou US$ 120 milhões em dívidas de parte da Six Point Capital Management durante uma rodada pré-série A, em um modo de financiamento híbrido detalhado nesta nota. Os fundos visam a expandir seu portfólio e atrair até 1,4 milhão de novos clientes.
6. Celcoin: US$ 120 milhões
A fintech brasileira Celcoin, especializada em tecnologia para serviços bancários como serviço, levantou R$ 650 milhões (US$ 120 milhões) em uma rodada da série C liderada pela Summit Partners. O aumento, anunciado em junho, será usado para buscar uma estratégia de fusões e aquisições (M&A) dentro e fora do Brasil.
7. Plata: US$ 100 milhões
A fintech mexicana Plata obteve uma linha de crédito de US$ 100 milhões da empresa britânica Fasanara em maio. Esse financiamento tem como objetivo fortalecer suas operações no México. Além disso, a empresa está em processo de obtenção de uma licença bancária no México.
8. Clip: US$ 100 milhões
O unicórnio mexicano Clip obteve um investimento de US$ 100 milhões do Morgan Stanley Tactical Value e de um gestor de fundos mútuos em junho. Os fundos serão usados para melhorar e expandir os produtos para MPMEs no México, incluindo pagamentos, crédito e administração. Na semana passada, conversamos com o CEO da paytech e ele nos disse para onde eles estão indo.
9. Addi: US$ 86 milhões
A fintech colombiana Addi, que oferece empréstimos do tipo compre agora, pague depois, levantou US$ 86 milhões em dívidas e ações em março. O financiamento, fornecido pelo Fundo Soberano de Riqueza de Cingapura e pelo Goldman Sachs Group Inc., tem o objetivo de impulsionar seu crescimento no mercado colombiano, depois de arquivar os planos de expansão para o Brasil e o México.
10. Jeeves: US$ 75 milhões
A fintech norte-americana Jeeves, com operações na América Latina, recebeu uma linha de crédito de US$ 75 milhões da Community Investment Management (CIM) em maio. Esses recursos serão usados para fortalecer suas soluções de negócios no Brasil, na Colômbia e no México.