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“As entidades financeiras podem ser agentes de mudanças”. Colômbia explora uma rota para “enverdecer” suas finanças

fev 26, 2024

Por Ivis Aguilera

Embora as entidades financeiras estejam respondendo às orientações do governo para financiar projetos verdes, permanecem dúvidas sobre o papel dos bancos e das fintechs na adaptação ao aquecimento global

 

Por: Ivis Aguilera e Eyanir Chinea

 

Em meio ao desafio global das mudanças climáticas, a Colômbia publicou um guia de sustentabilidade para o setor financeiro, buscando motivar as instituições a investirem em projetos com valor ambiental. Mas, quase dois anos após sua apresentação, a Taxonomia Verde enfrenta questões, que abrem o debate sobre o verdadeiro papel dos bancos e fintechs — colombianos e regionais — na compensação da pegada de carbono.

A taxonomia é uma classificação das atividades e ativos que o governo considera “verdes”, ou seja, aqueles que contribuem para o cumprimento dos objetivos ambientais do país para serem melhor identificados e capazes de atrair mais recursos. Além disso, faz parte de uma tendência regional que leva um número crescente de reguladores a definir rotas claras — embora voluntárias — para o setor financeiro se envolver em ações sustentáveis, tais como a colocação de fundos em mercados de obrigações verdes, empréstimos produtivos limpos e emissões de créditos carbono.

No entanto, estas iniciativas — também replicadas no México e na Argentina — estão dando os primeiros passos. E, embora tenham sido bem-recebidas pela indústria, resta saber se irão, realmente, contribuir para a descarbonização das economias, à medida que o impacto das alterações climáticas na saúde e na produtividade do planeta se torna cada vez mais notável. Até 2050, se a temperatura continuar aumentando, 4,4% do Produto Interno Bruto (PIB) global será perdido anualmente, devido ao aumento dos desastres naturais, do estresse hídrico e do calor que afetam todas as indústrias, de acordo com uma projeção da S&P Global Ratings.

“Tentar transformar entidades financeiras em especialistas ambientais é um absurdo”, disse John Iván Nova, especialista em direito ambiental e gerente de projetos da Ucros & Asociados Abogados, um escritório de advocacia em Bogotá. “Uma coisa é ter clareza relativamente aos investimentos, ao destino dos recursos e ao seu impacto no ambiente, e outra é esperar que uma entidade financeira partilhe a competência das autoridades ambientais”, acrescentou.

Em 2021, a Superintendência Financeira da Colômbia (SFC) emitiu um mandato para padronizar e melhorar a divulgação de informações das entidades sobre práticas de sustentabilidade, com foco nos aspectos climáticos. Posteriormente, apelou à “ecologização” do sistema, estabelecendo um roteiro para as entidades adaptarem as suas carteiras à taxonomia. Mais tarde, em 2023, a SFC publicou os resultados dos primeiros testes piloto, revelando respostas positivas, com boa adesão por parte das instituições.

“Do ponto de vista do cumprimento dos objetivos declarados, os testes são bem-sucedidos, uma vez que as entidades participaram efetivamente nos processos”, acrescentou Nova. “No entanto, o documentário está cumprido, mas as questões subjacentes continuam no ar.”

Para o especialista, a taxonomia verde e as obrigações decorrentes do mandato da Superfinanciera permanecem abstratas. “Na realidade, não estão gerando um impacto mensurável em termos de mitigação ou adaptação às alterações climáticas.”

 

Bitcoin neutro em carbono

No entanto, o roteiro do supervisor financeiro continuará até ao próximo ano, quando serão apresentados os resultados da primeira fase. A Associação de Entidades Bancárias e Financeiras da Colômbia (Asobancaria), que saudou a medida, prevê que a quantidade de créditos verdes aumentará com a implementação. A carteira verde, destinada à construção sustentável ou a veículos híbridos, representava apenas 2,1% do total de empréstimos do setor no fim de 2020.

“Não concordo que as entidades financeiras não devam ou não possam ser agentes de mudança”, enfatizou à iupana Alejandro Beltrán, country manager da bolsa de criptomoedas Buda.com na Colômbia.

A plataforma, presente também no Chile, Argentina e Peru, possui certificado neutro em carbono. Ou seja, aplicam mecanismos para mitigar e compensar suas emissões de gases de efeito estufa e uma porcentagem dos recursos que geram, como resultado de retiradas e transações criptográficas, são alocadas para programas de proteção de ecossistemas e biodiversidade conduzidos por sua parceira, a fundação sem fins lucrativos Legado Chile.

“Fazemos compensações, mitigando o impacto do consumo de energia elétrica da rede bitcoin. Embora esse consumo de energia seja aproveitado e a grande maioria utilize energias alternativas, nós fazemos esse trabalho”, explicou Beltrán, anunciando que esperam conseguir novas alianças com organizações ambientais.

A América Latina, com o Brasil na liderança, participa cada vez mais ativamente nos mercados voluntários de créditos de carbono, um espaço onde empresas e governos podem emitir, comprar ou vender créditos em troca de igualarem a sua emissão excessiva de gases nocivos. Equivalem a toneladas de carbono reduzidas, capturadas ou não emitidas, através da implementação de projetos ambientais. Por exemplo, Buda.com neutraliza o impacto ambiental da sua operação, e da mineração de bitcoin associada, através do seu investimento em esquemas sustentáveis ​​executados pela Legado Chile.

Os títulos verdes também são instrumentos em expansão. Eles oferecem retorno aos seus detentores e representam uma forma adicional de arrecadar dinheiro para os emissores, que devem direcioná-los para programas verdes.

Assim, as taxonomias são uma forma de condensar estes conceitos e esclarecê-los para os intervenientes do setor como emitentes de obrigações, investidores e instituições financeiras, públicas e privadas.

De acordo com um relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), publicado em 2023, a proporção de países em desenvolvimento que adotaram pelo menos um plano, estratégia ou política nacional de adaptação às mudanças climáticas aumentou para mais de 80%. No entanto, o montante do financiamento internacional que flui para estes países diminuiu (15% em 2021, em termos homólogos), uma indicação clara de que estão sendo dados passos na direção certa, embora ainda haja muito a fazer.

“Há entidades financeiras que estão desenvolvendo projetos de sustentabilidade desembarcados nas regiões, de forma a converterem um simples projeto de infraestrutura em um projeto sustentável com elementos notáveis ​​de mitigação e adaptação às alterações climáticas. Este tipo de projetos, para alcançar uma verdadeira sustentabilidade, são os que devem ser promovidos”, concluiu Nova.

 

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