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Por que Binance e Trii estão otimistas em relação aos ETFs de bitcoin, embora ainda haja dúvidas

fev 19, 2024

Por Antony Pinedo

Binance e Trii estão otimistas sobre o impacto de longo prazo dos ETFs de bitcoin, mas ainda há dúvidas a serem dissipadas e é preciso que reguladores saiam de sua zona cinzenta

 

Desde exchanges globais de criptomoedas, como a Binance, até wealthtechs regionais, como a Trii, há um otimismo crescente em relação ao impacto que os ETFs de bitcoin terão na indústria de ativos virtuais, instrumentos que permitem investir na criptomoeda sem comprá-la diretamente. No entanto, o maior obstáculo na América Latina é a regulamentação e a percepção de risco que ainda prevalece nos criptoativos.

O eco criado pela aprovação nos Estados Unidos da negociação desses fundos negociados em bolsa chegou à América Latina. A expectativa é que o valor da moeda digital mantenha tendência de alta e que mais instituições, como fintechs, corretoras e bancos, acessem essa via de investimentos, em uma rota indireta para se aproximarem do criptotoken mais famoso; ao mesmo tempo que expandem a sua oferta de produtos e respondem à inegável procura do mercado.

“Os ETFs de bitcoin facilitarão o acesso ao mercado de criptomoedas, atraindo mais investidores e liquidez”, disse à iupana Frida Vargas, gerente-geral da Binance para o México.

“É um evento que marca um antes e um depois, significa que o bitcoin pode ser oferecido a qualquer pessoa que tenha acesso a uma conta em uma corretora nos Estados Unidos. Este é o primeiro passo na curva de exposição para qualquer investidor”, acrescentou. “Isso sinaliza uma nova era de adoção e legitimidade, não apenas para o bitcoin, mas também para o espaço criptográfico.”

Em tese, qualquer banco, bolsa, fintech ou corretora digital poderá incorporar ETFs de bitcoin em sua carteira de investimentos. Na verdade, muitas wealthtechs da região já baseiam as suas operações na oferta de fundos negociados em bolsa com vários ativos subjacentes, como ações, índices ou matérias-primas como o ouro. No entanto, a posição que os reguladores da região mantêm — muitas vezes, fria — em relação aos criptoativos, levanta dúvidas sobre a sua abertura a este novo modelo.

O supervisor do mercado estadunidense, a SEC (Securities and Exchange Commission) aprovou, em janeiro, a listagem de cestas atreladas ao preço à vista do criptoativo IBIT, da BlackRock, do FBTC, da Fidelity, do GBTC, da  Grayscale, entre outros. Mas, mesmo assim, o presidente da entidade, Gary Gensler, alertou que o bitcoin é um “ativo volátil” e recomendou cautela aos investidores.

Olhando mais de perto para a América Latina, com poucas exceções, os supervisores mantiveram as regulamentações sobre criptomoedas numa zona cinzenta. Somente o Brasil possui um marco regulatório para o mercado, enquanto países como Colômbia e Argentina impulsionam iniciativa após iniciativa, sem terem chegado a um acordo.

“Acho que isso pode abrir um caminho do ponto de vista regulatório, para que os reguladores, como a Superintendência [Financeira] da Colômbia, a Superintendência do Mercado de Valores Mobiliários do Peru, vejam que o bitcoin, embora seja um ativo especulativo, o ouro também o é”, comentou Esteban Peñalosa, CEO e cofundador da fintech colombiana de investimentos Trii.

Peñalosa anunciou que iniciou os procedimentos regulatórios na Colômbia e no Peru para oferecer ETFs de bitcoin a esses mercados e está confiante de que haverá uma grande demanda. Eles preveem que terão o produto habilitado até o fim do primeiro trimestre do ano.

 

Divisor de águas para o mercado de cripto?

Brasil, México e Argentina são três países da América Latina entre os top 20 do mundo em adoção de criptomoedas, de acordo com a Chainalysis, uma plataforma de dados blockchain, que reflete o grande interesse dos consumidores.

Dois dias após a aprovação da SEC, o Grupo Bursátil México (GBM) viabilizou este produto de investimento em sua plataforma, por meio de uma aliança com a DriveWealth, corretora digital com atuação nos Estados Unidos. A rapidez do lançamento também dá sinais da oportunidade que os prestadores de serviços financeiros têm neste ativo.

O consenso do mercado é que o preço do bitcoin continuará subindo, influenciando positivamente o desempenho dos ETFs. Por exemplo, a gerente da Binance no México observa dois fatos que influenciarão a estabilidade da criptomoeda.

Vargas citou o lançamento de ETFs de ouro, em 2004, que impactou o aumento do valor do metal por sete anos consecutivos, como um bom precedente para a indústria de cripto. Além disso, é esperada para abril deste ano uma redução à metade dos bitcoins de recompensa dada aos mineradores (conhecido como bitcoin halving, um evento que ocorre a cada quatro anos), o que reduziria a oferta e aumentaria o preço.

“Esses eventos poderiam oferecer um mercado dinâmico para o bitcoin”, prevê Vargas.

Esta recuperação já está emergindo. Do dia seguinte à aprovação dos ETFs até 13 de fevereiro, pouco mais de um mês após o anúncio, o valor da criptomoeda subiu 6,5%, chegando a US$ 49,4 mil por unidade.

Peñalosa acrescenta mais um evento: a entrada formal de Grayscale, BlackRock, Fidelity e outras grandes empresas de investimento no campo dos detentores de bitcoin, o que continuará a reduzir o número de tokens no mercado, aumentando o seu preço. “Acho que, embora no curto prazo haja volatilidade, no longo prazo, isso gerará grandes reservas de bitcoin fora do mercado. Por exemplo, a BlackRock para criar seu ETF precisa comprar um grande pool de bitcoins e mantê-lo”, disse Peñaloza.

 

Cripto avança apesar das dúvidas

Mas, apesar da recuperação do ativo, ainda não está claro por quanto tempo o aumento dos preços continuará. Embora a indústria cripto tenha saudado a criação destes produtos como um alívio no meio de uma crise de reputação alimentada por falências, escândalos e detritos da FTX e da Terra-Luna, as preocupações ainda não foram eliminadas.

Na sexta-feira, Honduras surpreendeu ao anunciar uma ampla proibição para impedir que entidades regulamentadas invistam, ofereçam, mantenham ou intermediem criptomoedas. Uma posição semelhante se aplica ao México. Uma wealthtech mexicana consultada pela iupana, e que pediu para não ser identificada, disse que não pensa em operar com ETFs de bitcoin até que o regulador mostre uma postura mais aberta sobre o ativo.

No entanto, a indústria global de cripto continua avançando. Por exemplo, Franklin Templeton ou Grayscale agora solicitaram permissão à SEC para listar fundos negociados em bolsa de ether, a criptomoeda da rede Ethereum; enquanto o valor de mercado do bitcoin ultrapassou US$ 1 trilhão neste mês pela primeira vez.

“O regulador da primeira economia do mundo e a maior empresa financeira do mundo [BlackRock] se uniram para criar um ativo bitcoin. Basicamente, o mundo mais tradicional das finanças está entrando fortemente no bitcoin”, sentenciou Peñaloza.

 

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