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3 passos para atrair investimentos em 2024: O que os investidores e fundadores recomendam em um mercado de capitais lento?

fev 12, 2024

Por Antony Pinedo

Fundos de investimento estão avaliando fintechs startups com critérios mais rígidos, priorizando a capacidade de seus CEOs apresentarem soluções lucrativas e gastarem no que é essencial

 

O ano de 2024 começa com perspectivas mais encorajadoras para as startups latino-americanas de tecnologia financeira, que têm visto mais oportunidades de obter investimentos, tanto em estágios iniciais quanto em fases de crescimento. Esta tendência contrasta com a dos dois anos anteriores, caracterizados por uma diminuição significativa da disponibilidade de fundos de risco.

No entanto, a lente das avaliações neste 2024 — utilizadas pelas empresas de capital de risco (VC) — continuará rigorosa, devido à tímida recuperação dos indicadores macroeconómicos na região (e no mundo), à persistência de altas taxas de juro e a um clima geopolítico instável devido aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio.

Desapareceu o frenesi das avaliações de mais de biliões de dólares, mesmo para empresas que nem sequer tinham alcançado rentabilidade ou que não tinham vias comprovadas de monetização. Por exemplo, o Nubank estreou com sucesso na bolsa de valores em 2021, mas ainda demorou quase um ano para atingir o ponto de equilíbrio. Hoje, desfruta um valor de mercado de mais de US$ 45 bilhões.

No entanto, as recentes rodadas de investimento levantadas pelas empresas de infraestruturas tecnológicas financeiras Pomelo e Prometeo, de US$ 40 milhões e US$ 13 milhões, respectivamente, sugerem que o apetite das empresas de capital de risco voltou-se às fintechs. Por isso, conversamos com essas startups para detalhar sua experiência e saber o que elas recomendam para levantar capital. O mesmo acontece com a 500 Global, empresa que acaba de lançar um novo fundo de investimento para a América Latina e quase quadruplicou o seu tíquete de injeção inicial.

“Para mim, a fintech é relevante, tem sido relevante e continuará sendo relevante, porque é uma viabilizadora de indústrias”, disse René Lomelí, sócio da 500 Global, que tem em seu portfólio unicórnios como os mexicanos Konfío e Clip. “Melhores meios transacionais e de pagamento e melhores mecanismos financeiros, como o crédito, fazem com que outras indústrias funcionem melhor”, explicou.

Nesta lista, resumimos três passos para captar financiamento em 2024, esclarecendo que os critérios podem variar dependendo se são fintechs em estágio inicial ou se buscam expansão.

 

1. Identificar e avaliar: Capacidade de execução e potencial dos fundadores

As mudanças no comportamento dos investimentos entre 2021 e 2023 estão resumidas na frase: da aposta à convicção. Ao contrário do ciclo de capital anterior, as VCs exigem que as soluções tenham oportunidades de negócio — quase — comprovadas e que as empresas sejam capazes de materializá-las.

“O investidor está muito mais focado na execução do que na visão. Obviamente, você quer uma visão que seja convincente, um tamanho de mercado que seja interessante, uma oportunidade no negócio. Mas está muito focado na capacidade dos empreendedores”, disse à iupana Ximena Aleman, cofundadora e coCEO da Prometeo.

“Poderíamos dizer que 2021 foi mais um sonho. Hoje, é mais sobre uma realidade de o que você está fazendo com os recursos que recebeu e como executou e construiu o negócio que já possui”, acrescentou.

A Prometeo, fintech de open finance fundada em 2018, e que oferece uma plataforma de interconexão para bancos e outras fintechs, fechou uma rodada série A de US$ 13 milhões liderada pelo Antler Elevate, um fundo global. Sua cofundadora revelou que o processo de levantamento durou sete meses de negociação e que o objetivo é consolidar seu produto no México e no Brasil, além de expandir para o mercado norte-americano.

“Algo que acho que mudou muito — digamos 2020 e 2021 versus 2023 — é a forma como os investidores priorizam e contemplam a eficiência”, acrescentou Aleman, da Prometeo.

 

2. Busque o product market fit

Em 2023, os investimentos em fintechs de médio e último estágios representaram apenas 12% dos US$ 1,2 bilhão colocados na América Latina, diminuindo pelo segundo ano consecutivo, segundo informações da CB Insights.

A cifra contrasta com as oportunidades que os empreendimentos em estágio inicial podem acessar. Fundos de investimento como Kamay Ventures e Global 500 garantiram à iupana que continuam explorando oportunidades para financiar soluções, especialmente, na fase inicial. A Global 500 acaba de aumentar seu ticket de investimento inicial de US$ 80 mil para US$ 300 mil.

“O capital que está sendo investido em VC vem acompanhado de uma demanda por rentabilidade. A mensagem é muito diferente de 2021 de ‘vá, construa e aposte, queime dinheiro’. Hoje é: não queime dinheiro, cuide do seu dinheiro, traga rentabilidade”, comentou Lomelí, da 500 Global.

Product market fit significa demonstrar a validade do produto, dentro da demanda do mercado, abrindo oportunidade de escala. Em termos simples, é conseguir desenvolver um produto que seja necessário e desejável para os consumidores, algo que, segundo as fintechs Prometeo e Pomelo, elas conseguiram.

No mês passado, Pomelo arrecadou US$ 40 milhões em uma rodada da série B liderada por Kaszek; até agora, uma das maiores rodadas dos últimos doze meses.

“É, definitivamente, um mercado diferente de quando levantamos a série A em outubro de 2021. Naquela época, era o pico do bull market (tendência de alta) e, agora, estamos em um período quase oposto, de bear market (com preços em baixa)”, afirmou Gastón Irigoyen, cofundador e CEO da Pomelo, fintech especializada em fornecer infraestrutura tecnológica para emissão de cartões.

“A compressão de múltiplos nas avaliações das empresas de tecnologia, sejam elas fintechs ou não, de mercado público ou de mercado privado, desempenha um papel”, acrescentou.

 

3. Gaste apenas o necessário

Embora a queda no capital pareça estar em recuperação, os fundadores têm certeza de que devem gerir o dinheiro de forma responsável, uma vez que não há certeza sobre quão estáveis ​​são as economias dos países da região. E, em um mundo interligado, o clima global também afeta a América Latina, que vê um espaço de investimento nos mercados de ações dos EUA.

Para Irigoyen, o cenário atual de queda dos preços desafia a adaptar-se e fechar a torneira das despesas.

“Obriga a ter muito mais disciplina operacional, a ter muito mais cuidado com a utilização dos recursos e a fazer-se perguntas duas ou três vezes antes de tomar decisões”, observou.

Recentemente, o CEO da Pomelo nos disse que os US$ 40 milhões arrecadados os ajudarão a se aproximar da lucratividade em 2025 e que, para atingir a meta, fortalecerão a gestão do dinheiro.

“Inclusive, aprendendo a dizer não para alguns clientes que realmente acabam não tendo retorno e não são rentáveis ​​para a empresa”, finalizou Irigoyen.

 

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