A inteligência artificial (IA) e a integração via APIs continuarão no centro das expectativas das indústrias de bancos digitais, de pagamentos e de fintechs, que se aproximam, cada vez mais, de modelos preditivos e de finanças embutidas para atrair e reter usuários em um ambiente que cresce em concorrência.
Pelo terceiro ano consecutivo, a iupana perguntou aos líderes do setor de finanças digitais da América Latina suas perspectivas para 2024. E, estando no centro das decisões de novas tecnologias e disputando uma fatia da preferência dos usuários, dá a CEOs, fundadores, investidores e diretores uma visão confiável sobre o assunto.
Nosso Outlook sobre banco digital, fintech e pagamentos lança luz sobre o que será tendência em 2024, um ano que começa com indicadores macroeconômicos no limite, entre uma ligeira recuperação do lado do capital, mas enfrentando as particularidades da América Latina: inflação — e hiperinflação em mercados como a Argentina e a Venezuela —, taxas de juros caras e alguns processos eleitorais importantes no horizonte, como o do México.
Finanças abertas e regulamentação
Para 37% dos participantes, a ferramenta que terá maior impacto em 2024 será as interfaces de programação de aplicações (APIs, na sigla em inglês), que permitem ampliar o escopo dos serviços e também gerar novos canais de receita.
No ano passado, assistimos a um aumento nos casos de utilização de finanças preditivas e integrações, em vários setores, para colocar produtos de poupança e crédito em plataformas de terceiros para indivíduos ou empresas. Espera-se que este modelo continue a ganhar impulso.
Nesta linha — e de forma muito próxima —, 32% responderam que a IA dará o tom da indústria, com vista a incorporá-la nos seus processos e serviços. A este respeito, informamos, no fim de 2023, que empresas como a Mastercard estão concentrando esforços na aplicação desta tecnologia para a prevenção de fraudes em tempo real e a personalização de produtos de pagamento.
No que diz respeito às tendências do setor, a regulação ocupa o primeiro lugar de interesse entre os participantes: quase uma centena de tomadores de decisão de bancos, fundos, fintechs e empresas de tecnologia como Visa, Banrural ou Infocorp afirmaram isso.
O mercado estará muito atento aos desenvolvimentos das iniciativas legais de open finance, criptoativos e pagamentos imediatos com efeito direto nas suas operações. Como vimos em nossa cobertura da iupanaPRO deste ano, há questões pendentes a serem resolvidas em finanças abertas no México, Colômbia e Chile e em cripto no Brasil e Peru.
A busca por talentos e o avanço das big tech no setor financeiro são outras tendências percebidas pelos nossos leitores e que terão “grande impacto” em suas operações. Enquanto isso, as aquisições e fusões terão menos destaque.
Empresas enfrentando IA
No entanto, apesar do grande interesse pela IA, quase metade dos respondentes afirmou que apenas começarão a familiarizar-se com a ferramenta, enquanto apenas 22% afirmaram que utilizarão a IA extensivamente em toda a empresa.
Isto indica que, embora a indústria reconheça o valor da machine learning, ainda levará algum tempo até que esta se torne generalizada, especialmente, versões generativas de IA, que estão evoluindo para prever a capacidade de reembolso de potenciais clientes de empréstimos.
“No meu caso, como gestor de risco, a minha prioridade é explorar, testar e implementar tecnologias que nos permitam ser mais inclusivos na geração de empréstimos, atendendo ao apetite ao risco definido. Incorporar ferramentas de aprendizado de máquina, bem como mitigar fraudes de crédito, nos permitirá maior escalabilidade”, disse um participante anônimo.
Para onde irá o investimento em fintech?
É expectável que se verifiquem algumas alterações na tendência de colocação de capital, face ao que temos observado nos anos anteriores.
Por exemplo, a vertical de fintech que deverá receber a maior parte dos investimentos é a de open banking. Assim, as empresas que auxiliam na troca de dados bancários e agregam valor a eles ainda têm muito espaço para crescer, segundo opinião de líderes do setor.
Isso desloca as verticais de neobancos e fintechs dedicadas a produtos de crédito e soluções de pagamento, que lideraram as preferências em ciclos anteriores.
Por fim, questionamos sobre as prioridades dentro das empresas para 2024. A área comercial ocupa o primeiro lugar, com o principal objetivo sendo o de aumentar as vendas, seguindo-se a implementação de novas soluções e aprender mais sobre novas tecnologias para se manter na vanguarda.
Temos certeza de que o Outlook de banco digital, fintech e pagamentos para 2024 o ajudará a tomar melhores decisões.