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The future of finance in LatAm & the Caribbean

O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

IA está, cada vez mais, no centro dos meios de pagamentos

dez 4, 2023

Por Roberta Prescott

Como reflexo dos interesses sobre os dados no ambiente financeiro, a IA esteve no centro dos debates neste ano no fórum de inovação da Mastercard

 

A evolução das ferramentas de inteligência artificial nos últimos anos elevou a tecnologia à posição de ser o mecanismo que vai mudar completamente a maneira de as empresas operarem. Depois do advento da internet comercial, a IA deve ser a tecnologia que promoverá mais mudanças disruptivas e em praticamente todos os setores da economia. No entanto, muitas discussões estão centradas em como regular a IA de maneira que estabeleça proteções a vieses, que seja ética e que respeite a privacidade.  

A inteligência artificial esteve no foco dos debates da edição deste ano do fórum de inovação da Mastercard. 

“Claramente, o maior poder dos dados está desbloqueando oportunidades para experiências personalizadas. Tudo isso é composto pelo rápido progresso da inteligência artificial”, enfatizou Andrea Scerch, presidente da Mastercard América Latina e Caribe, ao abrir o Mastercard LAC Innovation Forum 2023, em Miami, nos Estados Unidos. O evento, em sua 12ª edição, reuniu 1200 executivos do ecossistema da indústria financeira e contou com palestras de executivos de organizações como Banco Inter, BAC Credomatic, MIT, McKinsey, entre outros.  

Johan Gerber, vice-presidente executivo de segurança e inovação cibernética da Mastercard, ressaltou que concilia uma “dose de otimismo com uma dose de cuidado”. Isso porque o mercado de IA, que crescerá para USD 1,3 trilhão nos próximos dez anos, segundo dados apontados pelo próprio VP, vai trazer oportunidades e mudanças em diversas indústrias.  

Gerber justificou estar positivo por três razões principais: devido ao potencial de IA de aumentar da produtividade, pela adoção responsável de IA e educação ética para começar a criar padrões que promovam transparência e justiça e pela diversificação nos casos de uso. A Mastercard tem usado inteligência artificial para enxergar as macrotendências, fazer análises de big data para um monitoramento mais preciso de fraudes na rede global, rastrear e prever fraudes em pagamentos em tempo real para mitigar golpes e lavagem de dinheiro e tem aproveitado IA para evoluir e personalizar a experiência pós-transação do cliente e organizar a jornada até o consumidor. 

E há desafios a serem vencidos. Do ponto de vista de regulação, Johan Gerber defendeu que a inteligência artificial seja regulada com base nos riscos que ela possa apresentar. “O que tenho visto até agora de nossos reguladores e o que encoraja é que as pessoas estão pensando em uma abordagem baseada em risco para regular a IA, que acredito ser a maneira certa”, disse, dando como exemplo que a regulação deve entrar em áreas onde o preconceito possa ser um problema.   

 

A qualidade da IA é importante 

À medida que a Mastercard avança no futuro digital, utiliza dados para entender as possibilidades de experiências e ofertas, conforme apontou Raja Rajamannar, diretor de marketing e comunicações e presidente de saúde da Mastercard, ao falar sobre a economia da experiência. A empresa identificou que as expectativas dos consumidores mudaram especialmente no período pós-pandemia; e isso se refletiu nos gastos consumidores.  

Nesse sentido, Rajamannar apontou que as pessoas estão sendo mais intencionais e destacou que a prioridade com experiências aumentou 65% desde 2019 — isso inclui gastos com viagens, restaurantes, esportes etc.   

Além disso, a qualidade dos dados tem sido o principal ponto de atenção elencado pelos especialistas. Os dados compõem a base do resultado que se vai obter a partir do uso de IA — seja tradicional ou inteligência artificial generativa. “O que é muito legal agora com a IA não é o algoritmo, mas os dados subjacentes; você precisa de dados de alta qualidade para funcionar”, ressaltou Raj Seshadri, presidente para dados e serviços da Mastercard, comparando o cenário atual de IA com quando dispositivos inteligentes foram lançados ou mesmo a Internet.  

Para Seshadri, a IA coloca a indústria financeira diante de um ponto de inflexão 

Kiki del Valle

 

Dados norteando estratégias 

A inteligência artificial estará também cada vez mais presente nas carteiras digitais, que, na opinião de Brett King, autor de best-sellers e especialista no futuro do setor bancário, ditar o futuro para carteiras inteligentes, vão ditar o futuro dos pagamentos, porque têm a capacidade de melhorar o ecossistema e a habilidade de colocar contexto nos pagamentos. Nesse sentido, a IA é a base sobre a qual farão análises de histórico de gastos ou comportamento do usuário e gerar previsões. “O comportamento dos pagamentos, normalmente, leva muito tempo para mudar. Mas, com a inteligência artificial chegando aos pagamentos e às infraestruturas, as coisas vão mudar muito rapidamente”, disse. 

Em coletiva de imprensa com jornalistas da região, Kiki del Valle, vice-presidente-executiva para desenvolvimento de mercados da Mastercard LAC, destacou as carteiras digitais como uma de três tendências que prevê para o futuro — as outras são pagamentos em tempo real e sustentabilidade. “Vimos uma proliferação de carteiras digitais na América Latina, na qual hoje 50% da população da América Latina, no fim do ano passado, já tinha pelo menos uma conta dentro de uma wallet. Estima-se que para 2026 este número suba para 92%”, disse. Isso é importante para Mastercard, porque muitas das carteiras digitais funcionam com cartões, seja de crédito ou débito. “Nós estamos alimentando esses ecossistemas de maneiras diferentes”, acrescentou.   

Uma recente pesquisa da Mastercard, que investiga os comportamentos de pagamento dos consumidores em 14 países na América Latina e no Caribe, mostrou que dois terços dos consumidores utilizam carteiras digitais para transações online ou em lojas física; e os países que mais fazem uso desse tipo de pagamento são Argentina e Uruguai, onde mais de 80% dos consumidores já o utilizaram. As carteiras digitais atraem, principalmente, jovens adultos, ainda mais quando se trata de pagamentos online. Entre as pessoas de 18 e 30 anos, 44% dos consumidores citaram a conveniência como o principal fator que impulsiona suas preferências de pagamento online. 

Ao fazer uma compra, 44% dos consumidores utilizam um dispositivo móvel para realizar transações. O país da região onde esses dispositivos são mais usados para pagamentos é o Brasil (86%), enquanto na Jamaica é o oposto, e esse tipo de pagamento não foi implementado na maioria dos casos (13%). 

Brett King

 

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