A inteligência artificial é uma tendência que vem evoluindo desde as análises mais simples de dados e redes neurais, do passado, até, mais recentemente, ganhar popularidade com o lançamento do ChatGPT, que democratizou a IA, tornando-a acessível. Estamos em um ponto de inflexão, apontou Raj Seshadri, presidente para dados e serviços da Mastercard, ao participar de painel sobre otimização de pagamentos através do poder dos dados no fórum de inovação que a companhia realiza nesta semana em Miami (EUA).
“A IA será principalmente uma oportunidade como um disruptiva em termos de sistemas, das propostas de valor da indústria, da maneira como você fará as coisas nos próximos cinco, dez, quinze anos”, disse a executiva, comparando o cenário atual de IA com quando dispositivos inteligentes foram lançados ou mesmo a Internet. A inteligência artificial, assim, é uma continuação da computação, em um momento quando o poder computacional de armazenamento é suficiente para atender às demandas de processamento. “O que é muito legal agora com a IA não é o algoritmo, mas os dados subjacentes; você precisa de dados de alta qualidade para funcionar”, ressaltou.
De fato, a qualidade dos dados tem sido o principal ponto elencado pelos especialistas em IA, porque eles compõem a base do resultado que se vai obter a partir do uso de IA — seja tradicional ou inteligência artificial generativa. Atores da indústria financeira têm confiado em dados para diversos aspectos do ecossistema, de prover acesso a crédito e ao capital a combater fraudes.
“Usar os dados para inteligência artificial generativa vai melhorar os produtos”, destacou João Vitor Menin, CEO do Inter. O executivo deu o exemplo da própria instituição quando lançou as contas globais e produtos para PMEs. Os dados têm sido fundamentais para desenhar estratégias focadas em ajudar os clientes a melhorar o seu crédito e reduzir dívidas e também a fazer ofertas personalizadas.
O uso de dados, sejam próprios ou de terceiros, é o que suporta as instituições a melhorarem seus modelos de subscrição de crédito ou produtos de empréstimo. Indo além, aproveitam os dados das transações para traçar comportamentos dos clientes e entender as demandas por produtos e serviços. “Usamos os dados não apenas para oferecer um limite de crédito a um produto, mas também para entender que tipo de novo produto pode ser desenvolvido”, disse João Vitor Menin. Foi assim que o Banco Inter entendeu a demanda dos clientes por uma conta global e passou a ofertar uma conta bancária nos EUA.
Jaime Compte Rosillo, diretor de operações para consumer banking, PMEs e pagamentos do BAC Credomatic, acrescentou que os dados têm sido fundamentais para a estratégia de priorização do grupo financeiro da América Central. “Quais são os desafios que o cliente está falando conosco? Para priorizar o trabalho temos que entrar no escopo”, disse. Open banking e embedded banking têm sido importantes para o BAC Credomatic como elementos para entender o cliente e fazer ofertas certeiras.
O BAC Credomatic é cliente da Mastercard na parte de consultoria há mais de dois anos e tem usado dados para descobrir tendências de mercado. “Os dados foram extremamente cruciais para ver onde tínhamos lacunas, onde poderíamos fazer melhor”, disse Jaime Compte Rosillo. “Já tínhamos em nossos dashboards, KPIs e tudo mais, mas é interessante construir um dashboard que você possa ter dados em tempo real e alguns exemplos isso ajuda muito no índice, na taxa de aprovação”, acrescentou.
