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The future of finance in LatAm & the Caribbean

O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

Da medicina aos videogames. O Open Finance está transformando o comércio na América Latina

out 30, 2023

Por admin

Desde empresas farmacêuticas, que fornecem empréstimos BNPL, até paytechs, que criam produtos incorporados para videogames: as finanças abertas estão criando modelos de negócios cada vez mais sofisticados

 

Por Antony Pinedo, Fabiola Seminario e Eyanir Chinea

 

Regulamentado ou não, open finance está ganhando força na região, seja na forma de uma empresa de ERP, que estuda a criação do seu próprio produto de crédito empresarial, ou de uma fintech, que transforma os seus clientes de varejo em credores.

As opções de cruzamento de dados e criação de integrações ainda não atingiram a maturidade na América Latina, onde o Brasil lidera no desenvolvimento de casos de uso e regulamentações. No entanto, eles estão se especializando. Para ilustrar esta tendência, mostramos três casos de uso fundamentados e atualizados de open finance na região:

 

Porta 3: De ERP à fintech

O avanço do open finance no Brasil está abrindo espaços para empresas em busca de novas formas de fazer negócios. É o caso do Portão 3, plataforma de gestão empresarial ou ERP (enterprise resource planning). A sua proposta inicial baseia-se em permitir às empresas controlar de forma eficiente as despesas de viagem e os pagamentos aos seus trabalhadores. No entanto, os dados gerados por estas transações, juntamente com a ascensão de open finance, abriram as expectativas de ingressos, como na vertical do crédito.

“Isso não está longe. Entendemos que é muito importante, principalmente, pela [necessidade de] fluxo de caixa das empresas. Então, os créditos, provavelmente, chegarão em 2024”, diz Bianca Junqueira, coCEO do Portão 3, à iupana.

“Reforçamos o software e a parte tecnológica. Agora, entendemos a necessidade de criar um produto de crédito feito por nós, […] porque é uma demanda muito latente no Brasil”, continua.

Capturar, gerenciar e destacar as informações de controle de caixa de uma empresa permite que bancos ou fintechs se antecipem às necessidades econômicas das empresas. Essas finanças preditivas são uma das alternativas para aproveitar o oceano de dados que o open finance gera, algo no qual o Brasil tem ganhado espaço e que, em breve, será replicado em outros países da região.

O Portão 3 tem 600 clientes, entre eles a plataforma criptográfica Bitso e a montadora Mitsubishi. Gerenciar pagamentos de empresas nesse volume permite identificar insights, o que gera valor diferencial, segundo a porta-voz.

“Gerar informações para a empresa significa conversar com eles, como quando o tráfego pago no Google ou no Facebook [para publicidade] está muito caro, está aumentando ou está fora do normal”, alerta Junqueira.

Da mesma forma, os dados fornecidos pelas finanças abertas permitem gerar padrões comportamentais por meio da inteligência artificial, o que pode ajudar a reforçar a segurança contra ações inusitadas. O Portão 3 desenvolveu um motor para que os funcionários possam justificar seus gastos tirando fotos dos recibos e bloquear reembolsos, caso não façam parte da política de despesas da empresa.

“Nosso foco está na libertação: em dar liberdade ao funcionário, ao mesmo tempo em dá controle à empresa. O que decidimos fazer para criar isso? Uma leitura, artigo por artigo, com IA, bastando enviar”, afirma a executiva.

 

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Tapi: Pagamentos incorporados para superapps regionais

Por não ter regulamentações de dados compartilhados em muitos países latino-americanos, a disputa entre carteiras explora open finance, por meio da oferta de produtos ou serviços incorporados em plataformas de terceiros, especialmente, em áreas onde o atrito de pagamento ainda é muito rígido ou o dinheiro ainda está presente. É justamente neste espaço que paytechs, como a Tapi, oferecem o serviço fintech as a service (FaaS) agregado a um mercado aberto de soluções através de um marketplace de APIs.

A seção de jogos e pagamento de serviços é o seu ponto forte. Com isso, conseguiram integrar ao seu portfólio players como Yape (o superapp peruano) e Stori (o unicórnio mexicano). Mas estes são apenas dois nomes conhecidos da indústria latina que fazem parte do seu portfólio formado por players como Ualá, Astropay ou Lemon, além de outros 20 clientes que estão prestes a aderir.

“Nascemos para poder dar-lhes uma ligação estável para que as carteiras possam continuar a crescer em todos os países onde operamos, sem sair para fazer novos acordos”, disse à iupana Tomás Mindlin, CEO e cofundador da fintech com presença no México, Argentina, Peru, Colômbia e Chile.

Ele acrescenta que a centralização desses serviços, por meio de um único provedor, facilita a regionalização de superapps ávidos por obter novos dados e clientes, ao mesmo tempo que marca um diferencial competitivo no cenário cada vez mais competitivo das finanças digitais.

O mercado gamer “é o merchant com maior índice de rejeição”, diz Mindilin, portanto, é uma oportunidade de exploração e aprofundamento. Segundo o CEO, a integração de produtos nessas indústrias pouco capturadas também está alinhada com duas grandes tendências de fintech para o próximo ano: consolidação e especialização.

À medida que as carteiras aumentam a sua proporção de produtos e serviços e aumentam a sua taxa de afiliados, o nível de concorrência começará a decantar jogadores, cimentando apenas aqueles que lideram o campo. Ao mesmo tempo, a formulação de fintechs de nicho também aparecerá como a outra frente de ataque, gerenciando públicos com as mesmas necessidades.

Em linha com esta evolução, os planos da Tapi vão se centrar no apoio a remessas, pagamentos de seguros e até cobranças de empresas. “Por enquanto não estamos em busca de capital, mas estamos analisando oportunidades de compra ou fusão com outras empresas que necessitem”, adianta o executivo.

 

Finvero: criando fintechs de crédito com integrações

Um dos casos de uso que mais ganha espaço na região é o do crédito alavancado em open finance. Por exemplo, a fintech mexicana Finvero tem o objetivo de transformar qualquer empresa — pequena, média ou rede — em credora.

Para isso, utilizam um ‘ecossistema as-a-service’, que integra e conecta credores (bancos ou fintechs), varejistas, agências de crédito, ferramentas de KYC (know your customer) e, por fim, compradores na mesma plataforma, afirma seu CEO e cofundador, Mario Hernandez.

“Finvero é uma plataforma para pagamentos diferidos e empréstimos para empresas. Seu objetivo é converter negócios de qualquer porte, desde pequenos negócios até grandes varejistas, em fintechs que concedem empréstimos e cobram esse crédito, que não apenas o originam e modelam o risco”, explica Hernández.

“E não compete com nenhum modelo; é uma alternativa adicional de distribuição”, acrescenta.

Entre seus clientes estão grandes varejistas como o Walmart, onde estão embarcados na carteira Cashi e disponíveis nos pontos de venda físicos, por meio de um código QR que direciona os clientes para uma experiência digital de solicitação de empréstimo, processada em minutos. Além disso, a farmacêutica Bayer permite aos compradores parcelar contas altas de medicamentos.

“O caso de uso mais difundido é no ponto de venda físico, onde hoje ocorre a maioria das transações. São mais de 80%”, diz Hernández. “E, no digital, estamos incorporados em aplicações móveis com milhões de usuários ativos e é aí que a originação está integrada. Também estamos verificando o comércio eletrônico para conceder crédito multilender. Essa é a grande vantagem: ter um botão que habilita um catálogo de opções.”

Isso permite que um comprador que vá a uma loja — digital ou física — compre uma TV de 20 polegadas e expanda sua compra para uma TV de 40 polegadas, por exemplo. Por sua vez, isso se traduz no aumento do ticket médio das empresas, pois, na prática, a capacidade de compra dos consumidores cresce rapidamente. Embora, para os credores, constitua uma forma de aproveitar dados alternativos para modelar o seu risco e expandir os seus empréstimos com um público claro.

Para isso, a fintech com presença no México, Brasil e Estados Unidos, utiliza inteligência artificial generativa nas integrações. Existem diferentes casos de uso: desde melhorar a originação, criar experiências de usuário e “conversas digitais” melhor alcançadas na solicitação de dados e na integração digital. Também para prevenir riscos, tanto de fraude como de capacidade de pagamento.

“Utilizamos para identificar um vetor de padrões anômalos com tendência fraudulenta, que podem ainda não ser fraudulentos, mas são suspeitos e ficam separados, porque passam de eventos isolados a se tornarem uma verdadeira pandemia”, finaliza.

 

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