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CAC Zero? Uma visão interna do sucesso da carteira Nequi na Colômbia

ago 28, 2023

Por Antony Pinedo

A carteira mais utilizada na Colômbia optou pela rentabilidade sem cobrar serviços básicos e agora ‘tende a zero’ no custo de aquisição de clientes (CAC). Seu CEO explica a estratégia adotada até agora e revela os próximos passos para enfrentar novos concorrentes externos

Nequi, spin-off digital do Grupo Bancolombia, prepara-se para ofertar novos produtos e reforçar a sua posição face à nova concorrência de neobancos como o Ualá e o Nubank, que prosseguem a sua estratégia de captação de clientes na Colômbia.

Com 16,7 milhões de clientes, dos quais 11 milhões usam ativamente o aplicativo, Nequi é a plataforma digital com maior adoção na Colômbia. A sua experiência e seu desenvolvimento tiveram uma influência regional, como reconheceu o Banco de Guayaquil quando disse recentemente que o seu banco digital, PeiGO, segue o caminho da carteira colombiana.

Para o CEO da Nequi, Andrés Vásquez, a plataforma serviu também para agitar o banco interno, onde passaram de um modelo tradicional para um mais dinâmico, o que lhes permitirá tirar partido de projectos nacionais como a interoperabilidade de pagamentos e a construção de um esquema de dados abertos, enquanto continuam expandindo a oferta.

“Para a organização, Nequi tem sido ponta da lança em inovação tecnológica. Por exemplo, nas formas de trabalhar, no desenvolvimento do modelo de negócio: ter o caminho para a rentabilidade através de um modelo que não cobra comissões pelo básico”, explica Vásquez.

“O custo tradicional de aquisição de clientes de uma organização como o Bancolombia era muito alto. Agora, tendemos a zerar o custo de aquisição de clientes”, acrescenta o CEO, dizendo que este é um exemplo de que a inovação impulsionada pela Nequi ajudou a tornar o grupo mais eficiente.

A rentabilidade da carteira tem aumentado de forma constante, de acordo com os seus relatórios financeiros. No segundo trimestre de 2023, reportaram uma taxa de monetização de clientes de 53%, enquanto no mesmo período de 2022 a taxa atingiu 34%. Medida de outra forma, a receita média por usuário (ARPU, na sigla em inglês) cresceu 13,8% ano a ano.

A proposta de carteira consiste em conta poupança, cartão de débito, créditos, seguros e serviços de remessa. Em breve adicionarão um produto de microinvestimento (em parceria com a fintech Trii). Também não descartam totalmente a possibilidade de emissão de cartões de crédito, embora o CEO afirme que primeiro seguirão uma rota de serviços menos complexos, como os nanocréditos oferecidos através da plataforma.

A Nequi foi autorizada pelo regulador colombiano a constituir-se como empresa financeira em agosto de 2022, separando-se, assim, formalmente do Bancolombia com objetivo de continuar a sua expansão.

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O que falta para a interoperabilidade na Colômbia?

A Colômbia está em processo de construção de um sistema de interoperabilidade para pagamentos por meio de códigos QR, bem como de uma plataforma para transferências imediatas no varejo. Mas, até que isso aconteça, as pequenas empresas devem ter adesivos diferentes exibidos para cada um dos bancos ou fintechs que processam pagamentos por código QR, criando atrito adicional.

Loja de bairro em Bogotá, Colômbia, que recebe pagamentos em dois QRs diferentes.

Este sistema de pagamentos fechado vai contra a tendência regional, que promove a unificação dos códigos QR para a promoção de pagamentos digitais universais e que é ilustrada em casos como o Pix, no Brasil, ou Transferências 3.0, na Argentina.

“Nequi está convencido de que promover ações para prender o dinheiro das pessoas num ecossistema fechado não é o caminho. Esse foi o valor que nos permitiu crescer. Acreditamos que a interoperabilidade é uma necessidade e é uma oferta que o mercado tem para oferecer”, afirma Vásquez.

No entanto, o CEO observa que um sistema integrado apresentará desafios. “A interoperabilidade nos trilhos tradicionais teve custos que tornam complexa a vinculação dos comércios. Além disso, [há] questões de risco de contraparte e gestão de interoperabilidade. Por isso, acreditamos que isso deve ser feito, diminuindo esses atritos”, acrescenta.

A Colômbia, um país com mais de 51 milhões de habitantes, dos quais 60% dos adultos têm conta poupança, segundo o Banco Mundial até 2021, é o berço de alternativas digitais locais como o Daviplata, do Banco Davivienda, que tem 16,4 milhões de usuários; Lulo Bank, do Grupo Gilinski, com pouco mais de 300 mil clientes; e Movii, carteira com 4 milhões de usuários.

Além disso, unicórnios como Ualá e Nubank também desembarcaram no país, sob regulação de financeiras.

Face ao volume que o mercado continua a tomar, o banco central trabalhando na implementação de um sistema imediato de pagamentos de baixo valor, que se encontra em fase de discussão regulatória, o que sugere que a execução estará pronta em breve.

“Qual tem sido a barreira da massificação da interoperabilidade? Acho que tem a ver um pouco com a experiência do usuário que as entidades desenharam para esses mecanismos. Em outras palavras, facilitamos pagamentos e transferências no ecossistema fechado. Não facilitamos tanto as transferências instantâneas interoperáveis”, reconhece Vásquez.

 

Abra dados, credite e concorra com Ualá e Nu

Este sistema de integração de pagamentos anda de mãos dadas com um quadro jurídico mais amplo, que são os dados abertos. O sistema promove e estabelece padrões para que diversas indústrias possam compartilhar dados dos usuários, a fim de melhorar a oferta de produtos, sempre com gestão de risco controlada e informações adequadas ao consumidor final.

“Estamos convencidos de que open data — mais do que open finance — são a possibilidade de que a concorrência e a informação [ajudem] a enriquecer os modelos de crédito”, afirma o CEO, opinando que uma visão limitada às finanças abertas, embora promova a concorrência, não consegue criar impulso para inclusão financeira.

Em vez disso, diz ele, a informação proveniente de várias fontes pode ajudar a criar e ajustar modelos de crédito mais robustos e variados, particularmente em contextos económicos como o atual. A carteira, que tem como alvo os colombianos que não tinham um histórico de crédito tradicional, afirma que mudou sua matriz de risco várias vezes este ano.

“Temos que inovar na forma como fazemos análise de crédito. Só este ano fizemos dois novos modelos de análise de crédito para os diferentes tipos de segmentos de clientes que temos. Então, sim, é um desafio permanente”, revela o porta-voz.

Embora não tenha um cartão de crédito clássico, Nequi oferece empréstimos que podem ser endossados ​​em um cartão de crédito. Os nanocréditos (de US$ 25 a US$ 120) são arrecadados em um período de 30 dias. Eles também oferecem um produto maior, de US$ 120 a US$ 1.220, que pode ser quitado em até 36 meses.

A nova concorrência de neobancos, como Ualá ou Nubank, não está acelerando os planos de emissão de cartões de crédito do Nequi. Vásquez acredita que os seus rivais tecnológicos — que estão crescendo rapidamente nos seus mercados de origem com estratégias agressivas de aquisição e de crédito — têm uma perspectiva de rentabilidade complexa na Colômbia; embora reconheça que ajudarão a diversificar o mercado nas mãos dos bancos.

“Quando a Nu chegou ao Brasil, por exemplo, as taxas máximas para cobrança no cartão de crédito eram muito altas. Fizeram uma aposta, com um atendimento muito bom, sem taxas de movimentação, mas com taxas que permitiram desenvolver a rentabilidade do negócio”, comenta.

“Na Colômbia, existem taxas máximas de usura (juros) a serem cobradas dos clientes […] Essa limitação das taxas representa um desafio significativo no desenvolvimento do modelo de negócios e na lucratividade”, conclui Vásquez.

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