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Banco de Guayaquil aposta em ‘nanocréditos’ para abrir novos mercados

jul 17, 2023

Por Antony Pinedo

A spin-off digital do banco equatoriano tem planos que incluem novos produtos para rentabilizar a base da pirâmide, a exemplo de concorrentes regionais como Yape, Daviplata e Nequi

Como estratégia para alcançar novos públicos, o Banco de Guayaquil prepara o lançamento de uma série de produtos digitais, como microcréditos e seguros, por meio de seu “porta-aviões digital”, a carteira eletrônica PeiGO.

A instituição financeira, a segunda maior do Equador por seu nível de lucros, reconhece que está acompanhando de perto o aprendizado de seus pares em outros países, como o BCP, do Peru, com Yape ou Davivienda com Daviplata e Bancolombia com Nequi. O momento é de crescimento do número de spin-offs digitais de bancos com o objetivo de atingir novos segmentos com propostas mais flexíveis.

“Vai vir a emissão de cartões de crédito, que é um projeto para 2024, concessão de créditos muito pequenos, o que chamamos de ‘nanocrédito’, e vamos começar dando a partir de US$ 25 ou US$ 50 para o cliente”, enumera Rodrigo Andrade, CEO da PeiGO, em entrevista à  iupana.

O executivo explica que Guayaquil já possui um esquema de microcrédito de US$ 300 a US$ 500. “Queremos ir para um segmento inferior e de lá sairá uma série de outros produtos, como seguros, prestações de serviços e outros, que começarão a gerar rentabilidade para nós”, acrescenta.

A PeiGO iniciou suas operações em agosto do ano passado, oferecendo a abertura de conta digital com cartão pré-pago, e, em dezembro, passou a entregar cartões de débito. Com esta proposta, eles atingiram 200 mil usuários até agora e almejam 500 mil até o fim do ano. “Já emitimos 50 mil cartões de débito Visa. Hoje, somos o maior emissor, em pouco tempo, de cartões pré-pagos”, acrescenta o CEO.

Andrade explica que, enquanto buscam lançamentos de produtos com maior desempenho, o uso de cartões pré-pagos e de débito gerará cerca de US$ 10 milhões em receita de comissões entre agosto de 2022 e dezembro deste ano.

“Temos um plano até 2029 para desenvolver capacidades e novos produtos”, revela.

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Créditos em uma economia dolarizada

As instituições financeiras da região, tanto fintechs quanto bancos, aceleraram o recente lançamento de créditos digitais, como forma de gerar retorno, enquanto as taxas médias de juros da região sobem.

No entanto, esse aumento na originação por meio virtual requer modelos de risco ajustados para manter as taxas de inadimplência sob controle. O CEO se mostrou otimista com o desempenho do portfólio que está analisando.

“O interessante do Equador é que tem uma economia dolarizada, com alto componente exportador e pouco dependente ou pouco atrelado aos movimentos das flutuações internacionais”, observa, destacando que a economia do país — uma das poucas da região oficialmente dolarizada — está estável e, portanto, o negócio de crédito tem bons retornos.

Por outro lado, a lacuna no acesso ao financiamento no Equador é maior em comparação com outros países da região. Apenas 23% dos adultos tomam empréstimos de instituições financeiras formais, abaixo da média latino-americana e caribenha de 31%, de acordo com o estudo Findex 2021 do Banco Mundial.

Andrade destaca que o Banco de Guayaquil tem usado dados alternativos com mais vigor para gerar perfis de crédito para pessoas que não têm históricos convencionais; embora reconheça que esse tipo de informação funciona para produtos básicos, como empréstimos curtos.

“Planejamos usá-lo para produtos simples. Já rodamos alguns modelos e simulações com dados alternativos e isso nos dá índices de probabilidade de inadimplência dentro do que esperamos”, avança.

 

Peru e Colômbia como exemplos

Propostas como a PeiGO representam um primeiro passo para os bancos construírem ecossistemas completos de produtos digitais, começando por serviços gratuitos para usuários finais, como pagamentos, aos quais se agregam outras funcionalidades mais rentáveis, como empréstimos ou investimentos. Eles também têm se mostrado formas eficazes de atrair novos clientes e como ferramentas de inclusão financeira.

No Peru, por exemplo, em março, Yape tinha 12 milhões de usuários e quase 2,5 milhões de empresas vinculadas ao seu aplicativo. E, na Colômbia, Nequi está crescendo a uma taxa de 400 mil por mês, segundo disse seu CEO em agosto.

“São dois exemplos importantes para nós, que é o Peru, com Yape, e a Colômbia, com Daviplata e Nequi. Vemos esses dois casos em países muito semelhantes em composição sociodemográfica ao Equador”, diz Andrade.

“Quando começamos este projeto, muitas pessoas diziam: ‘Os equatorianos do segmento médio-baixo não usam telefone e nunca entenderão isso’. Minha resposta foi: por que isso foi feito na Colômbia e no Peru?

64% dos adultos equatorianos tinham pelo menos uma conta de poupança em 2021, segundo o Banco Mundial. Aliás, Andrade garante que 80% dos usuários PeiGO têm a sua primeira conta bancária.

“Ainda há um espaço significativo para a banca e pensamos que com um modelo 100% digital, sem o custo da banca tradicional e todos os overheads que isso implica, é possível rentabilizar este grupo”, afirma o CEO.

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