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Apesar do clima, Clara se prepara entrar nos mercados internacionais

out 17, 2022

Por Antony Pinedo

CFO do unicórnio mexicano avança em sua estratégia de abertura de capital: “O melhor momento para começar”

 

A fintech mexicana Clara está analisando suas opções de listagem nos mercados internacionais, de acordo com seu CFO, Rodrigo Aparicio. Os seus bons indicadores de desempenho, aliados a um plano de financiamento, vão facilitar a sua estreia na bolsa, apesar do clima pessimista da economia, sustenta o executivo.

Aparicio assumiu as rédeas financeiras de Clara há duas semanas. O executivo, que era diretor-financeiro da 3M, tem a tarefa de cumprir a aspiração do unicórnio de abrir o capital, onde espera obter novos investimentos para escalar seus negócios, focados na emissão e gestão de cartões de crédito empresariais.

Sua estratégia baseia-se na obtenção de linhas de crédito —como a negociada com o Goldman Sachs em agosto por US$ 150 milhões — para encaminhá-las para empréstimos a PMEs no Brasil e na Colômbia, ao mesmo tempo em que destina seu capital ao desenvolvimento de tecnologia e produtos. Para  o ano que vem, eles buscarão expandir seu financiamento no México.

“Não queremos destinar os recursos do nosso patrimônio para financiar empresas. Queremos usar os recursos do nosso patrimônio para investir em tecnologia, em produtos”, diz Aparicio, em entrevista à iupana.

“Nosso foco é continuar expandindo nossas linhas de crédito, o que nos permitirá repassar esse financiamento para empresas da América Latina e, assim, atingir nosso ponto de equilíbrio”, afirma Aparicio.

E, embora reconheçam que não é um momento económico propício, esperam que isso lhes permita apostar numa oferta pública inicial (IPO) no “curto prazo”.

“A partir de Clara, achamos que é hora de nos tornarmos mais sofisticados, começar a dar passos nessa direção [para o IPO] para que, quando a oportunidade vier, combine com a preparação e seja o momento certo para fazê-lo”, ele adiciona.

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‘Vários caminhos’ possíveis para IPO da Clara

Nessa jornada, Clara segue os passos da Covalto, que em agosto anunciou seus planos de abertura de capital em Nova York via SPAC (empresa com propósito especial de aquisição), no primeiro trimestre de 2023. Ambas as fintechs têm suas principais operações no México e são especializadas em fornecer tecnologia e financiamento para PMEs, destacando a oportunidade de negócios que as startups focadas em empreendedores e pequenos negócios da região encontraram.

Clara tem apresentado rápido crescimento, ascendendo ao status de unicórnio em menos de um ano de operação e expandindo para dois países, a partir de uma proposta comercial de empréstimos e software de gestão e pagamento para pequenas empresas.

Esta fórmula — diz Clara — os aproxima do ponto de equilíbrio ou da rentabilidade de suas operações,  uma tarefa pendente para muitas fintechs que continuam queimando capital rapidamente para desenvolver plataformas, realizar fusões e aumentar suas equipes.

Aparicio diz que eles ainda estão nos primeiros passos para se aproximar do mercado e estão até avaliando uma aliança com uma SPAC, a fórmula que a Covalto preferiu. “Provavelmente, será em um mercado internacional, não em um mercado local. Simplesmente pela dinâmica do mercado, por onde estão nossos investidores”, completa.

Ele acrescenta que eles começaram a testar o apetite dos investidores, obtendo respostas favoráveis.

Não é uma tarefa fácil em um contexto como o atual. Este ano, as valorizações dos referentes do mercado de fintech latino-americano – e alguns globais – desabaram sob a pressão de indicadores macroeconômicos fracos, enquanto o crescimento econômico global continua sendo cortado e a inflação cresce.

“Estamos falando de vários caminhos, iniciar o processo […], a consolidação desse processo faz parte do que definiremos nos próximos meses. Claro, assim que tivermos um anúncio concreto sobre isso, nós o faremos. Mas o anúncio que foi feito esta semana [sua nomeação] marca o início do caminho”, acrescenta.

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IPOs de fintech: é o momento certo para abrir o capital?

As perspectivas econômicas globais contribuíram para o aumento do custo do capital, o que se reflete na ausência de rodadas de investimento acima dos US$ 300 milhões até agora neste ano, em comparação com um 2021 que estabeleceu recordes em rodadas de financiamento de capitais próprios na América Latina.

No entanto, segundo Aparicio, o adágio “crises são oportunidades” continua a ser válido.

“O melhor momento para começar não é quando o mercado está no momento certo. O melhor momento para começar é antecipar a recuperação. E é mais ou menos isso que estamos fazendo”, revela.

O executivo comenta que houve empresas que se prepararam no ano passado “quando as vacas estavam gordas” e que agora, apesar de ter tudo pronto para ir a público, tiveram que adiar seus planos, porque o panorama mudou.

Jorge González, investidor privado e sócio-gerente da empresa G2 Momentum Capital, com sede na Cidade do México, concorda e destaca que as perspectivas econômicas globais para uma saída pública este ano são adversas.

“O problema do mercado é que ele é muito influenciado pelas notícias macroeconômicas e políticas do momento. Há um sentimento de baixa  — um bear market — e isso afeta tanto as boas quanto as más empresas”, diz ele para a iupana.

“O mercado não tem sido receptivo ultimamente e tem tratado mal as empresas com economia de unidade ruim. Se Clara ou Covalto veem isso como uma oportunidade, acho que é porque el as têm boas perspectivas”, completa.

Da Clara, eles garantem que o desafio é continuar escalando os usuários para manter o fluxo de renda. No último mês atingiram quase 8 mil clientes, somando seus três mercados. O objetivo é continuar crescendo no mesmo ritmo, diz Aparicio.

Seu concorrente, Covalto, atende pouco mais de 7.500 PMEs somente no México.

“Essa ideia de abrir o capital —  em algum momento ou de nos prepararmos nessa direção — não é tanto buscar financiamento no curto prazo, mas muito mais pensar em como nos preparar para permitir eventos de liquidez para nossos investidores, para nossos colaboradores”, conclui.

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