As rodadas de investimento em fintechs na América Latina estão recuperando um ritmo animador de crescimento. Mas ainda há desafios que impedem que investimentos de risco no setor financeiro decolem, especialmente, devido à tensão política e fiscal dos últimos meses liderada pelos Estados Unidos, segundo especialistas ouvidos por iupana.
“Os investimentos estão em um nível de risco mais alto do que antes devido à instabilidade econômica global. A questão das tarifas e a disrupção que isso está gerando nas cadeias produtivas e na forma de ver esse mercado, assusta os investidores”, disse Jorge González, sócio-gerente do G2 Momentum Capital, fundo de investimento privado mexicano que possui uma carteira com entidades como Belo, Koibanx e Vexi.
Em contrapartida, fala-se em mais duas reduções nas taxas do Fed este ano, o que impulsionaria o crescimento. O movimento dessas taxas de juros terá eco na América Latina e no mundo, porque marca o custo global do financiamento e influencia os fluxos de capital para os mercados emergentes.
“A ambição de crescimento econômico e menos desemprego em meio a um sistema superconvulsionado motiva os governos a buscar maiores incentivos para o investimento”, concluiu González.
Embora os números não coincidam com os números do primeiro semestre de 2023 (mais de US$ 600 milhões) e dos mesmos períodos de 2024 (mais de US$ 900 milhões), este ano o volume foi de US$ 1 bilhão, o que representa um crescimento de 11% em relação ao ano passado e, na comparação entre os semestres dos anos anteriores, o crescimento foi de 50%.
“As fintechs cresceram, se desenvolveram, evoluíram e estão ficando maiores, mas não é o nível de investimento que vimos no início da década”, disse o executivo.
- Prata: US$ 160 milhões
A fintech mexicana levantou US$ 160 milhões em março em uma rodada de financiamento Série A liderada pela Kora, acompanhada pela Moore Strategic Ventures LLC e outras empresas dos Estados Unidos e da Europa. Esse investimento fez da Plata um dos novos unicórnios da América Latina.
Em agosto, a fintech recebeu uma licença da Superintendência Financeira da Colômbia para operar como empresa financiadora no país cafeeiro.
- Pagamento Felix: US$ 75 milhões
A fintech de remessas levantou US$ 75 milhões em uma rodada de investimentos Série B liderada pela QED Investors, com participação da Monashees, Switch Ventures e muito mais. Seu objetivo era apoiar a expansão que estão realizando para mais países da América Latina.
- Addi: US$ 70 milhões
A plataforma BNPL colombiana garantiu US$ 70 milhões em uma nova rodada de dívidas. Este financiamento inclui um aumento de US$ 50 milhões em sua dívida com o Goldman Sachs e US$ 20 milhões com a Fasanara Capital. Com isso, a fintech chegaria a US$ 170 milhões em valor total da dívida, somando-se aos US$ 100 milhões concedidos pelo Victory Park em novembro de 2024. Em setembro, a Addi ampliou sua dívida atual com a Victory Park em US$ 50 milhões para aumentar seu portfólio de produtos no país.
- Ualá: US$ 66 milhões
O neobanco argentino ampliou sua rodada de investimentos Série E com a participação da Televisa Univision, que contribuiu com US$ 66 milhões. Isso se soma ao valor original arrecadado no fechamento desta série em novembro de 2024, atingindo um total de US$ 366 milhões.
- Agrolend: US$ 56 milhões
A agrofintech brasileira recebeu US$ 56 milhões em uma rodada de financiamento da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e outras entidades. O objetivo era expandir sua cobertura na agricultura brasileira, que hoje chega a 2.700 agricultores.
- iCred: US$ 54 milhões
A fintech brasileira de crédito captou US$ 54 milhões em Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC), considerado um investimento de dívida porque canaliza recursos para a compra de direitos creditórios. O financiamento visava a aumentar a colocação de créditos.
- Kapital: US$ 53 milhões
A instituição financeira mexicana levantou US$ 53 milhões em junho em uma rodada de investimentos da Série C. Participaram da Tribe Capital e da Pelion Venture Capital. No início de setembro, a Kapital fechou a rodada de investimentos da Série C por US$ 86 milhões, o que a tornou um unicórnio.
- Buk: US$ 50 milhões
A entidade chilena levantou um montante de US$ 50 milhões em uma rodada de financiamento Série B. Isso foi liderado pela Headline, com a participação da Workday, Endeavor Catalyst e muito mais. Esse investimento avaliou a entidade em US$ 850 milhões.
- FreedX: US$ 50 milhões
A plataforma de criptomoedas de El Salvador garantiu um financiamento de US$ 50 milhões. A entidade não informou os investidores e seu objetivo é avançar nos primeiros passos para a expansão na região.
- Toku: US$ 48 milhões
A fintech chilena levantou US$ 48 milhões em uma rodada de financiamento Série A. A empresa de tecnologia Oak HC / FT foi a líder na rodada. O negócio dedicado à arrecadação de empresas atingiu uma avaliação de US$ 175 milhões.