Atualizado em março de 2025
Nubank, Nequi, Mercado Pago, Spin e Yape são marcas das quais certamente já ouvimos falar. Consolidadas nos últimos anos como as carteiras digitais mais utilizadas na América Latina, elas buscarão em 2025 fortalecer suas vendas cruzadas, melhorar a rentabilidade e se posicionar como superaplicativos.
Se, anos atrás, bancos e fintechs apostaram no lançamento de carteiras digitais para atrair novos usuários, agora, o foco está em monetizar a penetração de mercado que já alcançaram. De fato, mais de uma dessas marcas já ultrapassa 50% da população adulta de seu país.
Propostas como Nubank e Mercado Pago alcançaram segmentos onde os bancos não conseguiam chegar, fazendo com que até mesmo as instituições mais tradicionais também apresentem marcas com personalidade virtual.
Com o crescimento dos nativos digitais na economia latino-americana, seus hábitos de pagamento, transferência e compras online estão moldando a direção do setor. A tendência é de ecossistemas digitais integrados, em que o uso de dados com o consentimento do cliente permite serviços financeiros personalizados e novas oportunidades de vendas.
As carteiras digitais lideram como método de pagamento tanto no comércio eletrônico como no ponto de venda globalmente, com uma participação de 49% e 32%, respectivamente. De acordo com o The Global Payments Report da FIS (2023), seu uso deve crescer a uma taxa anual de 12% até 2026.
Dada essa relevância, a iupana analisou as carteiras digitais mais usadas na América Latina, de acordo com os números recentes publicados por cada empresa. Essa lista o ajudará a ter uma visão clara da concorrência e do potencial desse produto.
As carteiras digitais mais usadas na América Latina
1. Nubank
Com dados do fim de 2024, o Nubank tem um total de 114,2 milhões de usuários, dos quais 83% (94,9 milhões) são usuários ativos, somando suas operações no Brasil, México e Colômbia.
No Brasil, 58% da população utiliza o banco digital. E, nos últimos meses, a empresa reforçou seu compromisso no México, onde ultrapassou 10 milhões de usuários, enquanto na Colômbia chegou a 2,5 milhões.
Em 2024, o Nubank apresentou o NuCel, uma iniciativa com a qual o neobanco quer competir na área de telecomunicações no Brasil. O Nu também fez parceria com outro gigante, a Wise, para permitir que seus usuários de alta renda abram contas globais.
No entanto, em 2024, o Nubank congelou a compra e venda de sua criptomoeda, chamada Nucoin, o que pôs fim ao seu empreendimento nesses ativos virtuais.
O Nubank foi fundado em 2013 com uma proposta inicial de cartão de crédito, usando perfis de risco inteligentes. Isso permitiu uma emissão acelerada de plásticos, que é a base de sua estratégia de massificação. Atualmente, seu ecossistema inclui contas de poupança, cartões de débito, investimentos e produtos corporativos.
2. Mercado Pago
A carteira digital Mercado Pago atingiu 61,2 milhões de usuários ativos únicos, de acordo com seus resultados financeiros do 4T 2024.
A fintech, que faz parte do ecossistema do Mercado Livre, tem operações em vários países da América Latina, como Argentina, México, Brasil e Chile.
O Mercado Pago está apostando em seu produto buy now, pay later (BNPL), razão pela qual em 2024 garantiu linhas de crédito de US$ 250 milhões para sua operação no México e outros US$ 180 milhões para o Brasil. Neste último mercado, a fintech obteve uma licença para distribuir produtos de investimento.
Além disso, o Mercado Pago está na fila para se tornar um banco no México, um dos mercados mais atraentes.
3. PicPay - Brasil
O PicPay do Brasil tinha quase 59 milhões de clientes em dezembro de 2024. A carteira eletrônica tornou-se um banco depois que o regulador, o Banco Central do Brasil, aprovou sua licença em 2022.
Os produtos agora oferecidos pelo PicPay são cartões de crédito, investimentos, empréstimos pessoais e ferramentas de gerenciamento de negócios. Nos primeiros nove meses de 2024, o banco digital obteve um lucro líquido de R$172 milhões (cerca de US$29,6 milhões), quatorze vezes mais do que no mesmo período do ano passado.
Fundado em 2012, foi uma das primeiras carteiras a oferecer pagamentos por meio de códigos QR. Sua proposta foi bem recebida e, em 2015, o Banco Original decidiu comprar parte de suas ações.
4. Banco Inter - Brasil
O Banco Inter encerrou 2024 com mais de 36 milhões de clientes, dos quais 20,6 milhões são usuários ativos.
O neobanco listado na Nasdaq registrou um lucro líquido de US$ 168 milhões em 2024, o que foi três vezes o valor registrado no ano anterior.
Embora tenha começado como uma empresa hipotecária regional, sua evolução digital a levou a adquirir a USEND, uma fintech dos EUA especializada em pagamentos internacionais. Sob um modelo de superaplicativo, ele agora oferece uma ampla gama de produtos financeiros e comerciais.
5. PagBank - Brasil
O PagBank encerrou 2024 com 33,2 milhões de clientes. Suas soluções são produtos financeiros digitais, como cartões pré-pagos, de débito e de crédito, além de investimentos e ferramentas de negócios.
Em 2024, o PagBank obteve um lucro líquido de US$ 365 milhões.
6. Neon - Brasil
O banco digital Neon, no qual o BBVA tem quase 30% de participação, tinha 32 milhões de usuários até o fim de 2024. A empresa foi fundada em 2016 e afirma já ter atingido o ponto de equilíbrio.
7. Nequi - Colômbia
Nequi, a carteira digital do Grupo Bancolombia, tem 21,4 milhões de usuários, dos quais 16,4 milhões eram clientes ativos no fim de 2024. Na semana passada, o grupo anunciou que encerraria o aplicativo “A la mano” e convidaria seus 5,5 milhões de usuários a migrarem para o Nequi.
8. Daviplata - Colômbia
O banco Davivienda lançou a Daviplata em 2011, uma carteira digital colombiana que fechou 2024 com 18,5 milhões de usuários. A carteira teve um custo de aquisição de clientes de US$ 0,82 no 4T 2024 e uma taxa de usuários ativos de 31% no mesmo trimestre.
9. Yape - Peru
O grupo peruano Credicorp tem mais de 17,8 milhões de usuários em sua carteira digital Yape e 14 milhões deles são usuários ativos, de acordo com dados do final de fevereiro de 2025. A plataforma evoluiu para oferecer microcrédito, pagamentos de serviços, um marketplace e está testando o BNPL. A carteira foi lançada em 2017 no Peru e chegará à Bolívia em 2023.
10. Spin by OXXO - México
O conglomerado mexicano Femsa lançou a carteira digital Spin by Oxxo em 2021. Ao fim de 2024, a plataforma tinha 8,6 milhões de usuários ativos, representando um crescimento de 24,9% em relação ao ano anterior. Na semana passada, a Femsa anunciou que solicitará uma licença bancária.
O que aconteceu com o Baz e o Iti?
O Baz, superaplicativo do Grupo Salinas, desapareceu como indicador nos resultados financeiros do grupo a partir do segundo trimestre de 2024, quando registrou 13,2 milhões de usuários.
O Iti, aplicativo do Itaú, foi assumido pelo banco e está em pleno processo de migração de clientes. O Iti atingiu 24 milhões de usuários em setembro de 2023.