O rápido crescimento global dos jogos de azar, tanto em número de plataformas de apostas quanto em volume de transações, está impulsionando a demanda por parcerias com fintechs capazes de responder com agilidade às suas necessidades.
Em 2023, o mercado global de jogos de azar — somente apostas esportivas — foi avaliado em US$ 99,87 bilhões e estima-se que chegue a US$ 212,82 bilhões até 2031, de acordo com a Kings Research, uma empresa de pesquisa de mercado.
Essa tendência também atinge a América Latina, onde as grandes plataformas de jogos de azar estão procurando parceiros de fintech para oferecer soluções para seus processos de entrada e saída de dinheiro, combinando experiência em métodos de pagamento locais com a capacidade de apoiar sua expansão regional.
“Das dez maiores, nove ou oito dessas empresas, geralmente, vêm de outros continentes e usam na América Latina o que já funcionou para elas. A experiência delas é muito semelhante: simplesmente chegam a um país e se adaptam aos métodos de pagamento locais, mudando algumas frases para serem um pouco mais locais”, disse à iupana Juan Carlos Flores, diretor de produtos da Pronto Paga, uma fintech com raízes chilenas que está se expandindo na região.
O boom dos jogos de azar abre uma oportunidade para que as fintechs e os bancos atendam tanto às plataformas de jogos de azar quanto aos usuários finais. Para as empresas, isso significa otimizar a entrada de dinheiro com integrações ágeis que não afetem a experiência do usuário. Para os apostadores, o desafio é garantir saques instantâneos, já que aqueles que ganham esperam receber seu dinheiro imediatamente.
Para acompanhar o ritmo das plataformas de jogos de azar, a Pronto Paga tem operações no Chile, Peru, Equador, Brasil e México; e prevê acrescentar três países da América Central à lista este ano. Eles destacam que o jogo representa entre 60% e 80% do volume que operam mensalmente.
Além dos saques instantâneos, os usuários finais estão procurando “uma experiência integrada, sem tanto rastreamento, sem tantas etapas para o usuário final”, explica Flores.
Local, mas também regional
O atendimento a plataformas de jogos de azar exige que seja traçada uma linha tênue entre uma visão regional e local. Se a operação for no Brasil, a fintech deve oferecer recursos de cobrança via Pix; se for no Peru, via Yape; e, se for na Colômbia, deve estar ciente do que acontecerá com o Bre-B nos próximos meses.
Esse conhecimento local é essencial, diz a PagoDirecto, uma fintech peruana especializada em atender ao setor.
“Há uma busca cada vez maior por um provedor regional; no entanto, até o momento, não conheço um provedor regional que cubra a necessidade local, bem como provedores locais que tenham o conhecimento da cultura, do comportamento do usuário, do sistema bancário e das expectativas do cliente”, diz Celeste Lopez, diretora de operações da PagoDirecto.
A executiva diz que tem em mente a expansão regional da fintech e que eles também estão prontos para atender a outros tipos de setores e ajudá-los em seus processos de cobrança e dispersão de pagamentos.
Ela acrescenta que eles também fornecem ao seu cliente Grupo Betsson um produto know your customer (KYC), que exige que eles estejam integrados ao registro de identificação nacional e a um bureau de crédito.
A Pronto Paga, a fim de se alinhar às necessidades locais, estabelece equipes em cada país onde opera. Entre seus clientes mais importantes estão Betano e PlayUZU.
Ganhos sob demanda: os desafios
Com as probabilidades de apostas mudando a cada segundo e com os usuários finais exigindo pagamentos instantâneos, um dos principais desafios é simplificar o processo de coleta e distribuição de pagamentos.
O PagoDirecto usa o método de voucher, que gera um código que pode ser pago como um serviço em qualquer banco doméstico, o que poderia gerar atrito adicional, mas é mais seguro, de acordo com López.
“Ele permite que você pague sem inserir seus dados pessoais e o número do cartão, pagando no mesmo banco online do banco escolhido. Isso torna a experiência segura, pois você não precisa salvar seus dados, e também mais rápida, pois leva segundos para o pagamento ser creditado”, ele reconhece.
Com relação aos saques, Flores, da Pronto Paga, ressalta que há muita dependência de soluções locais e que a regulamentação exige transferências imediatas.
“Isso não foi resolvido em todos os países. No Peru, só estamos vendo saques instantâneos desde meados do ano passado. Antes, tínhamos que esperar”, diz ele.
“O Equador é um país que ainda não tem transferências imediatas, a regulamentação é completamente diferente. Portanto, lá temos que usar outros caminhos”, adverte.