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O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

Bancos e empresas de RH buscam fintechs para lidar com o crescimento do adiantamento da folha de pagamento na América Latina

fev 24, 2025

Por Antony Pinedo
Salario on demand

A aliança entre o Banamex e a minu no México, as verticais de fintechs da Buk e da Deel e a aposta total do Anticípate: essas são as iniciativas e oportunidades para que o salário sob demanda continue crescendo na região.

 

À medida que os bancos se associam às fintechs, as empresas de recursos humanos (HR Tech) também estão fortalecendo sua área financeira para aproveitar os avanços na folha de pagamento, superar a rigidez regulatória, gerar dados e ganhar velocidade no mercado.  

65% dos trabalhadores no Chile e no Peru, por exemplo, dizem que seus salários não são suficientes para pagar as contas, uma situação que ocorre em praticamente toda a região. Assim, o salário sob demanda está surgindo como um negócio em crescimento que os bancos, as fintechs e a HR Tech já identificaram. 

No México, onde aproximadamente 5,5 milhões de trabalhadores recebem seu salário no Banamex, o banco procurou a fintech minu em 2023, especializada em soluções de salário sob demanda, para levar esse produto a seus clientes de folha de pagamento. A motivação foi a flexibilidade da fintech para se manter à frente da regulamentação, explica o CEO da fintech, Nima Pourshasb. 

“[Eles estão] nos procurando por causa de uma questão regulatória, porque o salário sob demanda para os bancos seria ter um novo produto no mercado. Para ter o novo produto, eles precisariam passar por comitês internos de aprovação, o que levaria cerca de dois a três anos antes de apresentá-lo ao órgão regulador e obter sua aprovação”, disse o executivo da minu à iupana. 

Assim, ele observa que a aliança permite que eles avancem “muito mais rapidamente, porque não temos uma licença bancária que nos obrigaria a ter essa aprovação do órgão regulador”, continua. 

Pourshasb revela que um acordo semelhante com outro banco será anunciado pela minu nos próximos dias. 

O adiantamento em folha de pagamento, por estar vinculado aos dias trabalhados, reduz o risco de não pagamento, e o trabalhador autoriza as retenções correspondentes. As opções de cobrança do adiantamento variam: pode ser feito durante o cálculo da folha de pagamento pelo empregador ou na dispersão feita por um banco, como no caso do Banamex e da minu. 

O porta-voz garante que a aliança entre o banco e a fintech também gera receita para o banco, pois fortalece a proposta de folha de pagamento, permitindo a venda cruzada de outros produtos. Além disso, para cada adiantamento, eles recebem uma parte da receita. 

Ele ressalta que o mercado potencial para acordos com empresas está na casa dos milhares, com empresas como o Grupo Modelo, Copel e Liverpool. No total, há 2.500 empresas em acordo direto, onde o salário sob demanda tem a capacidade de reduzir a rotatividade de pessoal em 20%. 

“Sim, um banco nos dá milhões de usuários, mas não cobre todo o mercado. Por isso, temos nossa equipe de vendas diretas”, explica Pourshasb. 

 

HR Tech + fintech 

A Buk, uma HR Tech com presença no Chile, Peru, México e Colômbia, oferece um conjunto de soluções para seus clientes corporativos seguindo uma estratégia B2B2C (business to business to costumer). Depois de fornecer sistemas de gerenciamento de tempo e presença ou de férias, eles também facilitam a folha de pagamento por meio de sistemas fáceis de usar. 

Essa posição permitiu que eles oferecessem adiantamentos de folha de pagamento, mas com uma lição: os empregadores preferem pagar por um serviço mais caro em vez de usar seus próprios recursos para financiar os adiantamentos. A Buk cobra da empresa por cada solicitação de adiantamento de salário. 

“Passamos a usar a Buk para cobrir o capital de giro, ou seja, a dívida. Fizemos essas mudanças há cerca de cinco ou seis meses e, com isso, a plataforma decolou”, diz Sebastián Ausin, country manager da Buk no Peru. 

Em sua ânsia de entrar no negócio de fintech, a Buk comprou a Payflow, uma empresa de tecnologia especializada em adiantamentos de folha de pagamento, em 2022. Agora, o executivo revela que eles têm planos de expandir seus produtos financeiros de empréstimos a trabalhadores, que envolvem mais termos e valores, e de lançar um cartão corporativo. 

“O core do negócio não será fintech, mas posso lhe dizer que 100% da nossa visão é ir para lá”, diz Ausin. 

Deel, outra empresa de recursos humanos, disse à iupana que sua solução de adiantamento de folha de pagamento crescerá 50% na América Latina até 2024 e que sua vertical de fintech é fundamental. 

“Embora sempre sejamos uma empresa global de folha de pagamento, a parte global disso envolve o pagamento das pessoas nos mercados certos. Isso exige que tenhamos uma oferta robusta de fintech para garantir que o dinheiro seja transferido com eficiência para os lugares certos”, respondeu a HR Tech. 

De fato, em julho passado, a empresa lançou seu cartão de pagamento físico como parte de sua aposta em fintech. 

 

Somente fintech 

A Anticípate 24/7 é uma fintech peruana que fechou 2024 com quase 30 empresas em seu portfólio. Seu modelo consiste em fazer uma parceria com a empresa e fornecer até 70% do salário do funcionário com seus próprios fundos. 

“Vamos nos manter naquilo em que somos bons”, diz Matías Espejo, CEO da fintech, quando perguntado se ela se expandirá para a gestão de pessoas. 

No entanto, a Anticípate lançou produtos financeiros, como empréstimos pessoais, adiantamentos de bônus e uma plataforma de educação financeira. Suas taxas de desembolso variam de 3% a 5% do valor solicitado ao usuário final. 

Até agora, em 2025, eles adicionaram quatro empresas para fornecer suas soluções e acreditam que a demanda continuará a crescer, já que agora atingem mais de 20.000 funcionários. 

“Pouco a pouco, o produto está se tornando comoditizado, por assim dizer. Cada vez mais empresas estão buscando esse tipo de serviço, porque os funcionários estão começando a exigi-lo”, diz Espejo. 

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