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Como criar produtos financeiros acessíveis e com perspectiva de gênero: um desafio para o México

fev 10, 2025

Por Ivis Aguilera

Mulheres líderes de entidades como HSBC, Multiva, Bradesco, Banco Azteca, Revolut e Bitso analisaram os desafios que o México enfrenta na criação de produtos financeiros com uma perspectiva de gênero, em reunião organizada pela iupana

 

No México, a diferença de gênero no acesso e uso de produtos financeiros ainda é uma realidade. Esse fato foi apontado por mulheres líderes dos principais bancos e fintechs do país, como HSBC, Multiva, Bradesco, Banco Azteca, Revolut e Bitso, durante a Mesa Redonda Executiva: “Criando produtos financeiros inclusivos em 2025”, realizada na Cidade do México.

No evento, organizado pela iupana com o apoio da Trully by Unico, as participantes concordaram que existe urgência em desenvolver soluções mais alinhadas com o contexto e as necessidades desse segmento, especialmente, devido à preocupante baixa penetração de serviços especializados, como crédito, investimento ou poupança para aposentadoria.

Irene Petlacalco, líder para fraude do neobank Revolut, destacou a importância de criar produtos financeiros que se adaptem à realidade das usuárias. “As mulheres em idade produtiva para gerar dinheiro são muito ocupadas. Portanto, especialmente, no que se refere a produtos de poupança, temos de ser criativos e educar essas mulheres desde cedo, porque elas encontrarão esses problemas mais tarde”, reflete.

 

Irene Petlacalco, líder para fraude do neobank Revolut

 

Em geral, a diferença entre homens e mulheres com pelo menos um produto bancário continua grande: pelo menos 13 pontos porcentuais. E, quando você se aprofunda nos dados oficiais, as diferenças são ainda maiores. Apenas 30% das empresas de propriedade de mulheres têm um empréstimo, em comparação com quase 70% dos homens. Além disso, as mulheres acumulam 24% menos recursos para a aposentadoria do que os homens, embora tenham uma expectativa de vida mais longa do que eles.

Isso não apenas reflete um problema social e econômico, mas também uma oportunidade perdida pelas instituições financeiras que podem aproveitar seus recursos de inovação e design de produtos personalizados para atingir essas áreas que são mal atendidas pelos concorrentes.

 

Um retrato do trabalho do México

Exemplificando essa tendência, o HSBC México tem uma oferta específica para mulheres empreendedoras.

Mariel Vazquez, diretora de inovação e crescimento do banco internacional, destaca o valor de projetar a oferta levando em conta as variáveis e as necessidades do público-alvo. “Estamos comprometidos em acompanhar as mulheres com uma proposta de valor dentro de uma perspectiva de gênero chamada Women to the World, que, além de oferecer produtos financeiros, permite que elas criem redes de relacionamento e gerem espaços para crescimento e empoderamento.”

Mariel Vazquez, Head of Innovation & Growth

 

No entanto, ela enfatiza que há muito espaço no ecossistema para outras soluções muito necessárias.

Em média, as mulheres têm carreiras profissionais mais interrompidas, devido às suas responsabilidades de cuidado. Por serem mães, filhas ou noras, elas também tendem a estar mais expostas a empregos temporários sem aposentadoria, saúde ou benefícios de seguridade social.

Cristina Porras, diretora de negócios digitais da Bradescard, do banco brasileiro Bradesco, lembrou que a poupança para a aposentadoria é gerada por meio de sistemas de pensão em empregos formais. “E, infelizmente, as mulheres no México têm, em proporção, menos empregos formais do que os homens.”

Cristina Porras, diretora de negócios digitais da Bradescard

 

Para resolver esse problema, é necessário não apenas uma maior inclusão financeira, mas também uma abordagem educacional que incentive o hábito de poupar desde cedo. Liliana Juárez, CISO da Superdigital, a carteira do Santander, enfatiza que, dada a alta proporção de jovens no país, com pelo menos 23,8% da população com idade entre 15 e 29 anos, é necessário atacar esse problema em sua essência.

“É importante conscientizar os jovens sobre a importância de poupar. Muitos acreditam que a empresa os aposentará, mas a realidade é outra. Eles precisam começar a poupar, mesmo que seja com MXN 500 (US$ 24)”, diz Juárez.

Gissele Marini, diretora de produtos da Trully by Unico, uma fintech especializada em identidade digital, concorda. Para Marini, a criação de produtos específicos para mulheres é uma base necessária, especialmente, para aquelas que não fazem parte do setor de emprego formal. “As mulheres que são chefes de família, que trabalham dia e noite fazendo um pouco de tudo para conseguir algum dinheiro, mas não sabem como administrá-lo, devem receber educação financeira para fazer melhor uso de sua renda”, diz ela.

Gissele Marini, Chief Product Officer de Trully by Unico

 

Para isso, o setor tem a oportunidade de melhorar a experiência do consumidor por meio de mecanismos que incentivem hábitos de poupança e planejamento. Como, por exemplo, depósitos a prazo, retornos ou cumprimento de metas.

Nesse sentido, Angélica Arana, CTO do Banco Multiva, propõe uma abordagem que integra a poupança de forma discreta nas rotinas diárias dos usuários e em suas plataformas bancárias. Por exemplo, “para cada coisa que você compra, uma parte vai para sua poupança automaticamente, de forma discreta, sem que você sinta, uma certa parte irá para sua poupança. Uma parte de sua compra vai para sua própria causa”.

Angélica Arana, CTO do Banco Multiva

 

Tecnologia como impulsionadora da inclusão financeira

Durante a mesa redonda, as especialistas destacaram vários desafios relacionados à acessibilidade física das agências físicas, especialmente, para as mulheres que enfrentam restrições de tempo devido às suas múltiplas responsabilidades. Nesse contexto, destacaram a tecnologia como uma solução, não apenas para facilitar a vida das mulheres usuárias, mas também para oferecer maior escalabilidade às instituições financeiras.

“As mulheres não têm tempo para ficar em uma agência ou esperar na fila. Entre levar as crianças para a escola, trabalhar ou cuidar dos pais, o tempo é limitado”, diz Ximena Salgado, vice-presidente de produtos e engenharia da exchange de criptomoedas Bitso.

Ximena Salgado, vice-presidente de produtos e engenharia da exchange de criptomoedas Bitso

 

Nesse sentido, Salgado destaca que os serviços digitais, com processos simples e educação financeira integrada, facilitam a compreensão dos benefícios desses produtos.

“A tecnologia é um facilitador muito importante, porque nos permite atender à população que possui saldos menores. É por isso que o maior crescimento de contas associadas a mulheres está ligado à abertura de contas N1 e N2 (com menores requisitos de abertura) por meio de canais digitais”, acrescenta Cristina Porras.

 

Suporte personalizado: a chave para o sucesso dos produtos

Para criar produtos financeiros que realmente se conectem com as mulheres, as especialistas concordam com a importância do treinamento contínuo. Desde a construção da confiança até o suporte passo a passo no uso do produto, essa abordagem é essencial para uma adoção eficaz e sustentável.

Elena Cruz Lorenzo, gerente de inovação digital do Banco Azteca, destaca como a confiança dos consumidores é construída não apenas por meio do posicionamento da marca, mas também por meio de conexões pessoais, mesmo na era digital. Ao abrir uma conta ou fazer um empréstimo, “as pessoas não confiam na agência, elas confiam na pessoa que as está atendendo”.

Elena Cruz Lorenzo, gerente de inovação digital do Banco Azteca

 

Isso destaca a necessidade de criar relacionamentos próximos e autênticos, especialmente, quando se tem como alvo a base da pirâmide, um público familiar para essa instituição.

“Por que eu consumiria intuitivamente um produto financeiro se eu nem sei o que ele é ou em que ele consiste?”, acrescenta Cruz. Portanto, o suporte deve ir além das ofertas de produtos, incorporando orientações claras para os usuários em todas as etapas.

E isso inclui a diversidade das equipes que projetam, produzem e comercializam essas soluções. Como destaca Jennifer Hernandez, diretora comercial da Trully by Unico, para obter produtos realmente inclusivos, é fundamental ter organizações diversificadas que conheçam a realidade das pessoas que desejam alcançar. “Se eu tentar falar com elas, talvez eu não tenha o mesmo contexto, então, como encontrar alguém que fale a mesma língua?”, reflete.

Na mesma linha, Andrea Marcos, VP de risco da startup Bankaya, explica como o acompanhamento personalizado e próximo tem sido fundamental para o sucesso de sua estratégia, especialmente, pela abertura de contas de poupança em supermercados com promotores que educam e orientam os clientes.

Andrea Marcos, VP de risco da startup Bankaya

 

“Em nossa base, 55% são mulheres. Temos mais mulheres que se inscrevem, porque têm o apoio de quem lhes explica o ecossistema do Bankaya”, diz ela, destacando como essa abordagem gera maior lucratividade e fidelidade.

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