MODO, a carteira digital criada por bancos argentinos, foi integrada aos aplicativos de cerca de 40 instituições financeiras, em vez de continuar dando impulso estratégico à sua carteira independente. A estratégia vida a buscar expandir seu uso e a competir com grandes players como Mercado Pago e Ualá.
Atualmente, 70% das transações da MODO são feitas por meio de plataformas de instituições como BBVA, Galicia ou Santander, conforme explica seu CEO, Rafael Soto, destacando que a processadora de pagamentos perdeu o interesse em fazer da MODO seu aplicativo preferido. A empresa se baseia em um modelo de software como serviço (SaaS), facilitando a integração dos participantes e garantindo uma experiência homogênea aos usuários.
Criada em 2020, a plataforma quadruplicou seu volume de negociação em 2024. E, para continuar crescendo, aposta em promoções, descontos e parcelamentos, que fazem parte dos serviços oferecidos aos seus clientes e parceiros em bancos e empresas.
“70% das transações são feitas por meio de aplicativos bancários, e esse indicador está crescendo, porque os bancos têm feito grandes avanços na melhoria de seus aplicativos e transformado seus aplicativos em carteiras de pagamento”, revela Soto, CEO da MODO, à iupana, solução usada por 11 milhões de argentinos no ano passado.
Os usuários podem acessar a MODO baixando-a como um aplicativo independente ou por meio do home banking das instituições financeiras. No entanto, o CEO diz que no futuro “não há interesse estratégico no aplicativo MODO ser um produto preferencial”.
A plataforma é semelhante ao Plin, o gateway de pagamento do Interbank, Scotiabank e BBVA no Peru, que é integrado a cada aplicativo bancário e que competia com o banco BCP Yape.
Distribuição de promoções via MODO
De certa forma, o MODO é a resposta dos bancos argentinos ao surgimento de supercarteiras como o Mercado Pago.
Dessa forma, os bancos usam a plataforma para incentivar o uso de pagamentos dentro de seus aplicativos e também para aumentar a retenção, incentivando os consumidores por meio de promoções e descontos, tendência que ganha força na região, à medida que os bancos Os celulares estão se tornando mais robustos e agregando novos produtos e serviços.
Na iupana, relatamos como outra gigante, como o PicPay no Brasil, lançou seu próprio segmento de publicidade segmentada, gerando assim uma nova linha de receita por meio de promoções.
Dessa forma, MODO também se torna uma vitrine digital para seus parceiros.
"As promoções representam um investimento para os bancos em colaboração com a MODO. Mas, sem elas, a plataforma não teria a atratividade que tem atualmente", diz um especialista em tecnologia de pagamento, que preferiu não revelar seu nome por questões de confidencialidade com a empresa onde você trabalha.
“O grande desafio é estabelecer a MODO como um meio de pagamento ou uma carteira multibanco que ofereça valor, não com base em promoções”, afirma o especialista, explicando a decisão da plataforma de desacelerar sua carteira.
Outros planos estratégicos para 2025
A MODO se concentrará em quatro áreas: aumentar a recorrência, otimizar o processo de check-out para varejistas, fortalecer sua plataforma de promoções e transformar mudanças regulatórias e econômicas em produtos lucrativos para usuários e bancos.
Segundo dados da empresa, neste ano, a meta é aumentar a recorrência dos usuários, superando a média de seis transações mensais alcançada no ano passado. Para isso, aprimorará os produtos com redes de varejo, tanto virtuais quanto físicas, com a ideia de refinar a experiência de compra e marketing de seus parceiros.
“Construímos uma plataforma i00nteira que permite que bancos e comerciantes façam promoções de forma mais eficiente e eficaz, e isso significa que todos esses benefícios vão para a MODO”, diz Soto.
O CEO acrescenta que, em meio a um período de profundas mudanças no contexto argentino, eles se concentrarão em buscar oportunidades nas decisões de política econômica tomadas pelo Governo de Javier Milei. De fato, há poucos dias, o Banco Central da República Argentina habilitou a possibilidade de fazer pagamentos locais com dólares, uma atualização que o MODO já havia explorado.
Na mesma linha, eles estão acompanhando de perto o desenvolvimento regulatório de open banking e as oportunidades em criptomoedas. Soto se recusou a dar detalhes sobre planos envolvendo ativos virtuais.