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Por que a Credicorp está lançando uma nova marca no Peru? Entrevista exclusiva com a CEO da iO

set 11, 2023

Por Antony Pinedo

A holding não quer abrir espaço para a concorrência e apresenta cartão de crédito digital. E, embora aCEO preveja que irão dimensionar o seu modelo de risco e serviço, por enquanto, estão começando com uma proposta focada

A Credicorp, maior holding financeira peruana, espera capturar 10% do mercado de cartões de crédito com um plástico digital focado em usuários com contas, mas sem produtos de empréstimo, com preferência por alternativas virtuais. Além disso, a CEO do iO, Patrícia Conterno, afirma que o produto também será uma forma de aproximar mais clientes face à crescente concorrência dos bancos — e dos neobancos.

O grupo apresentou a marca iO, composta por uma aplicação digital e um cartão, construída sobre a estrutura jurídica e de risco do seu banco BCP, mas focada em servir um grupo com cobertura bancária básica e acesso limitado a opções de crédito.

Questionada sobre a motivação da nova plataforma e se o avanço regional de fintechs como Ualá ou Nubank acelerou a decisão, Patrícia Conterno, gerente-geral do iO, explica que, enquanto atacam a lacuna de acesso ao crédito, também tentam “proteger” um segmento de valor.

“Sem dúvida este é um segmento que valorizamos muito e acreditamos que é importante protegê-lo”, afirma Conterno em entrevista à iupana, referindo-se sobretudo aos clientes com conta no BCP que não optaram pelos cartões. “Justamente pela avaliação que fazemos, estamos desenvolvendo uma proposta 100% digital e ad hoc.”

“É verdade que outros players podem entrar no mercado e os players que existem estão inovando o tempo todo. Mas hoje estamos focados”, detalha.

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Nova marca, mesmo modelo de risco

A população financeiramente desfavorecida foi reduzida para 21% em 2023, após o acréscimo de 115 milhões de pessoas na América Latina após a pandemia. Em 2020, o indicador estava em 45%. O produto com maior expansão é a caderneta de poupança. Apesar disso, 42% dos latinos ainda não têm acesso a financiamento, segundo relatório da Mastercard de junho.

Habitar produtos de crédito, embora seja uma aposta lucrativa para bancos ou fintechs, também representa riscos de inadimplência e demandas por capacidade tecnológica. Diante disso, a captura digital e a análise alternativa de dados estão ganhando espaço para traçar o perfil adequado dos candidatos.

Porém, Conterno afirma que, embora a proposta do iO seja digital desde o onboarding até a entrega do cartão, o modelo de risco é estruturado em torno dos parâmetros da carteira do banco.

“Estamos usando os modelos de risco do banco. Com base nisso, estamos fazendo uma avaliação dos potenciais usuários com todas as fontes de informação que são regularmente utilizadas, como fontes públicas para bancos, informações da Superintendência [de Bancos] para poder fazer a nossa modelagem e identificar quem pode ser potenciais clientes”, revela a CEO.

Ela também prevê que esses motores serão atualizados à medida que o produto ganhar maturidade.

“É algo que vamos evoluir com o tempo, pois também temos informações próprias sobre o comportamento dos nossos clientes”, afirma Conterno.

O cartão é solicitado através do aplicativo, que, ao final do processo, comunicará se o cliente foi pré-aprovado. As linhas de crédito variam de US$ 270 a US$ 16.200.

 

Expectativas de rentabilidade

A executiva chegou à Credicorp em julho de 2022 para liderar o projeto Matrix, grupo de trabalho que incubou o iO e que iniciou operações em meados de agosto. A empresa estima fechar o ano com 20 mil cartões de crédito emitidos.

O Peru tem aproximadamente 33 milhões de habitantes, dos quais cerca de 6,5 milhões possuem cartão de crédito, segundo dados da Superintendência de Bancos e Seguros (SBS).

Conterno antecipa que a meta é atingir 10% de participação no mercado de cartões de crédito no Peru nos próximos cinco anos e se tornar uma marca lucrativa até então. A fórmula é: taxas de juros competitivas (entre 30% e 65%), benefícios de cashback (1%), sem taxa de adesão e uma proposta digital que pode ser dimensionada para mais produtos.

Essa receita foi testada pela Rappi e pelo banco peruano Interbank para emissão do cartão Rappibank. Porém, a parceria acabou e os plásticos estão em processo de fechamento após apresentarem falta de tração e falta de rentabilidade.

“Não queremos ser tudo. Queremos ser o parceiro financeiro do nosso segmento. Não damos outras coisas como o Rappi”, afirma a CEO. “Desenvolvemos uma aplicação que é 100% financeira […]. Acreditamos que nosso posicionamento é diferenciado”, finaliza Conterno.

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