Nesta semana, o Nubank completou dez anos e chamou a imprensa para compartilhar seus principais marcos e falar de futuro. iupana esteve na coletiva de imprensa, realizada na sede do neobanco, em São Paulo, quando teve a oportunidade de entrevistar Youssef Lahrech, presidente e COO do Nubank, sobre os planos para México e Colômbia — além de Brasil, claro! Há potencial para expansão, mas nada no curto prazo.
Também do Brasil acompanhamos workshop do Banco Central, quando ficou ainda mais claro o direcionamento do regulador de integrar Pix, open finance e CBDC para impor um ambiente mais competitivo e com menos intermediação financeira.
E, ainda, o movimento do Uber para se tornar fintech no México, onde Didi acelera sua colocação de crédito.
#TopStory
México pode ser tão ou mais relevante que o Brasil para o Nubank
O Nubank, que aumentou em um terço sua base de clientes e obteve resultados positivos neste trimestre, disse esperar que o México se torne um mercado tão grande quanto o Brasil, ao mesmo tempo em que abre a possibilidade de se lançar em outros países, inclusive nos Estados Unidos, dentro da próxima década.
“O México é um mercado que tem tudo para ser mais relevante e maior que o Brasil. Estamos muito entusiasmados com a receptividade que tivemos”, disse Cristina Junqueira, cofundadora do Nubank, no evento de comemoração aos dez anos do banco digital, que soma 80 milhões de clientes, dos quais 75,2 milhões estão no Brasil, incluindo o segmento de PMEs — o número de empresários e empresários com conta no Nubank PJ (pessoa jurídica) é de cerca de 2,7 milhões.
A expectativa se baseia no fato de que, quando comparada a operação mexicana com a brasileira, o México supera as métricas alcançadas pelo país-sede durante seu início de operação. “Se você comparar, os negócios no Brasil, depois de três anos, não estavam nem perto desses níveis de penetração, nem perto dos níveis de NPS [net promoter score] e alcançamos NPS de mais de 90 a 94 no México. Portanto, estamos muito felizes e também estamos satisfeitos com a velocidade com que implementamos novos produtos”, disse Youssef Lahrech, presidente e COO do Nubank, à iupana. Natural do Marrocos, Lahrech trabalha no Nubank há três anos.
O NPS busca medir a fidelidade do cliente com base nas recomendações que ele faz de um produto.
Nos próximos dois anos, a Nu deve permanecer nos três mercados latinos onde já está presente. No entanto, David Vélez, fundador e CEO da fintech, disse que, olhando para frente, em um período de cerca de dez anos, pode haver expansão, inclusive para os Estados Unidos.
A Nu México iniciou a operação há quase três anos com cartão de crédito e tem cerca de três milhões e meio de clientes. “Nós nos tornamos o quinto emissor de cartões de crédito e emitimos nos últimos trimestres algo como 30% dos novos cartões de crédito; então, nos tornamos o maior emissor de novos cartões de crédito do país,” Lahrech acrescentou durante o evento.
Mais recentemente, o banco digital lançou a Cuenta Nu, que em uma semana atingiu 500 mil usuários.
Banco Central do Brasil vislumbra construção de superapps
O Banco Central do Brasil (BCB) visa a um ecossistema financeiro onde haja uma integração completa do Pix, open finance e CBDC. Todos esses modelos têm origem na agenda de inovação do emissor e, em um futuro próximo, serão complementares, permitindo o desenvolvimento de novos produtos multiusos, conforme explicou Otávio Ribeiro Damaso, diretor de regulação do BCB, em workshop sobre tokenização de finanças, nesta semana.
Enquanto o Pix avança para agregar novas funcionalidades como cobrança, Pix por ITP (iniciador de transação de pagamento) em open finance e Buy Now Pay Later (BNPL), o open finance já conta com 13 APIs desenvolvidas e 16 em desenvolvimento, mais de 31 milhões de consentimentos de compartilhamento de dados e 800 instituições participantes. Indo além, também avança o programa piloto do real digital.
O BCB prevê a proliferação de superapps com múltiplos produtos e serviços financeiros, sejam eles tradicionais, como crédito, pagamentos ou investimentos, ou novas soluções, como inicialização de pagamentos e agregação de dados. “Fechando esse movimento, acreditamos na monetização dos dados. O open finance faz parte disso e estamos construindo um ecossistema no qual os clientes podem usar suas informações em seu próprio benefício”, disse Damaso. Segundo ele, no Brasil existem pouco mais de 100 fintechs de crédito regulamentadas pelo BCB.
Em uma amostra do potencial que a regulação tem para movimentar a agulha no sistema financeiro, o BCB acrescenta que avança para a digitalização completa da intermediação financeira, com o desafio de aumentar a inclusão financeira, reduzir custos operacionais, ampliar a concorrência, ter maior eficiência no controle de riscos, promover a monetização de dados e, posteriormente, a tokenização completa de ativos financeiros e contratos.
Cobertura ao vivo do Chile Fintech Forum
Nesta semana, estamos em Santiago visitando o Chile Fintech Forum, onde conversamos com o ministro da economia, Nicolás Grau, que anunciou que, neste ano, será criado um “fundo de fundos” de capital para impulsionar o jovem ecossistema fintech do país.
Também fizemos entrevistas exclusivas com a Comissão para o Mercado Financeiro (CMF), que está avaliando as regulamentações relacionadas à Lei de Fintech, incluindo a abordagem cripto, e com o Banco Central, que ainda está avaliando os prós e contras de um peso digital. Acompanhe toda a nossa cobertura ao vivo aqui.
#Jogadas Estratégicas
Uber autorizada a operar fintech no México
O Uber obteve autorização para estabelecer e operar uma instituição regulamentada de Fundos de Pagamento Eletrônico (IFPE), que se chamará UBR Pagos México. Há mais de um ano, o Uber começou a fazer experiências com crédito, gerando perfis de risco alternativos com dados coletados em seu aplicativo.
A notícia da nova carteira coincide com a expansão dos serviços financeiros da Didi, rival da operadora, que está testando um cartão de crédito no México. A Didi disse em comunicado, ontem, que concedeu mais de 5 milhões de empréstimos desde o início, em 2021, de seu serviço de empréstimo pessoal de até MXN$ 30.000 (cerca de US$ 1.700) solicitados e concedidos no aplicativo.
Didi Préstamos acrescentou que mais de 1 milhão de seus usuários usaram o serviço de empréstimo digital pela primeira vez, e mais de 60% continuaram a usá-lo solicitando empréstimos mais de duas vezes.
Ualá paralisa operações criptográficas devido à nova regulamentação na Argentina
O unicórnio argentino Ualá suspendeu suas operações relacionadas a criptomoedas, como consequência da última medida do Banco Central da República Argentina (BCRA), que restringiu as operações com ativos virtuais para carteiras. Com isso, a Ualá restringiu tanto a compra quanto o armazenamento de bitcoin e ether em sua plataforma, para a qual cerca de 300 mil usuários devem vender suas posições em criptomoedas. A regulamentação gerou confusão no mercado, por isso, cada empresa avaliou sua posição.
Além do mais…
- No Peru, o mercado de crédito Alprestamo chegou ao país. A empresa já possui operações na Argentina, Uruguai, México e Colômbia.
- No Brasil, a Transfero, empresa de soluções financeiras blockchain, lançou um aplicativo para pessoas e empresas que desejam armazenar, comprar e vender criptomoedas.
- Na Bolívia, a startup Presto fez parceria com a Visa e o Banco Nacional da Bolívia para lançar um cartão no modelo “compre agora, pague depois”.
#ResultadosFinanceiros
Nubank deixa prejuízos para trás
O Nubank reportou, em seus resultados financeiros do 1Q 2023, lucro líquido de US$ 142 milhões, superando o prejuízo de US$ 45,1 milhões do mesmo período de 2022. Segundo David Vélez, fundador e CEO do Nubank, “o faturamento do neobanco quase dobrou em um ano para US$ 1,6 bilhão”, um recorde de acordo com a empresa. Da mesma forma, no fim de março, o banco digital registrava 79,1 milhões de clientes entre Brasil, México e Colômbia, o que representa um aumento de 33% em relação ao mesmo período do ano passado.
#Pessoas
Citi Colômbia anuncia a primeira mulher a assumir a presidência
O Citi Colômbia nomeou Elizabeth Rey como a nova presidente para o país, tornando-se a primeira mulher a ocupar esse cargo. A executiva tem mais de 20 anos no setor; 14 deles dedicados a diferentes responsabilidades no banco.
#iupanaExclusive
O boom de varejistas que expandiram suas propostas para o financiamento continua a se expandir. É uma tendência identificada pela iupana e que continua em vigor, independentemente do core do negócio:
- Um número crescente de varejistas, operadoras e supermercados aumentou sua capacidade de oferecer contas digitais a seus usuários, assumindo uma fatia do negócio financeiro e preenchendo uma lacuna no fornecimento.
- Para mapear essa tendência, atualizamos nossa lista de empresas latino-americanas de outros ramos que já possuem operações de fintech.
- Do Walmart à OXXO, passando pela Didi e Ripley, são essas as empresas que atraem os poupadores.
Quer saber os detalhes das empresas que aderiram a essa tendência? Leia nossa reportagem especial da semana para saber mais detalhes.