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Big tech em pagamentos: a estratégia do Google Pay na América Latina

abr 17, 2023

Por Antony Pinedo
Big tech en pagos: La estrategia de Google Pay en Latinoamérica

O buscador diz que não usa sua carteira para gerar receita direta, mas para aumentar o apelo de venda de sua publicidade. Além disso, ele antecipa que tem planos de expansão na região, mas a regulamentação e a integração tecnológica são as limitações

O Google encontrou uma maneira — pelo menos indiretamente — de rentabilizar suas soluções de pagamento: aumentar as taxas de venda de seus anúncios em buscadores, oferecendo uma melhoria na experiência de pagamento dos usuários finais.

Google Wallet, a carteira digital, e GPay, botão de pagamento que pode ser integrado a marketplaces, são as soluções financeiras que a big tech agregou ao seu negócio e estão baseadas em serviços de marketing digital e venda de tecnologia de infraestrutura, como a nuvem.

No entanto — e ao contrário de outros gigantes da tecnologia, como Meta ou Apple, que tentam monetizar pagamentos ou buy now, pay later —, a aposta financeira do Google não tem prevista a expansão para o crédito ou outros produtos. Em vez disso, está intimamente ligada às classificações de pesquisa em SEO (otimização de palavras-chave) e SEM (publicidade e links patrocinados).

“Não estamos buscando receita direta por meio de métodos de pagamento”, disse à iupana e desde o México, Armando Betancourt, líder das alianças do GPay na América Latina.

“Mas eles nos permitem ajudar o ecossistema para que suas estratégias de marketing digital não fiquem apenas com leads, e sim passem a respostas a ações [de venda]”, acrescentou. “Essa implantação de ferramentas e tecnologia nos permite chegar à região para ajudar a acelerar a adoção do comércio eletrônico e, ao mesmo tempo, possibilita que nossas unidades de negócios ofereçam melhores resultados em campanhas de investimento”, completou.

Embora a gigante não gere benefício monetário direto por meio de taxas de transação, isso elimina atritos na hora de fazer compras online, o que ajuda nas conversões. Além disso, os dados coletados por meio do botão permitem demonstrar que pagar por publicidade em mecanismos de pesquisa gera vendas verificáveis: um gancho para os comerciantes na internet na hora de colocar seus orçamentos de marketing digital no Google Ads.

Em um contexto onde os pagamentos digitais tendem a ser gratuitos e as transferências entre contas tornam necessário explorar alternativas de produtos que gerem receita para as empresas, o Google está capitalizando seu domínio em buscas e seu alto desenvolvimento tecnológico para aumentar sua receita.

Por exemplo, o executivo explica que, quando o botão de pagamento GPay é integrado a uma plataforma de viagens, ele pode facilitar os pagamentos usando as credenciais já inseridas no perfil do Google. Além disso, se a Google Wallet estiver bem configurada, você pode habilitar o navegador para mostrar resultados de voos vinculados a programas de fidelidade onde o usuário está cadastrado.

Da mesma forma, o navegador Chrome armazena os dados dos cartões do usuário, desde que consentidos. Assim, é possível preencher automaticamente os números dos cartões e minimizar o tempo de finalização da compra. “No final das contas, a ideia é que essa plataforma nos ajude a ser muito mais precisos e obter melhores resultados”, disse.

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Apenas pagamentos e não mais produtos financeiros

A incursão das big techs no cenário financeiro tem gerado muita expectativa, principalmente, porque são valorizadas pelos consumidores pela facilidade com que prestam seus serviços. Projetos como o da Meta com WhatsApp Pay, que, na semana passada, implantou uma funcionalidade para fazer pedidos e pagamentos para PMEs e empresas por meio da plataforma de mensagens no Brasil, ou Apple Pay Later, que permite o pagamento parcelado nos Estados Unidos, foram recebidos com muito ruído.

No entanto, Betancourt, do Google, esclareceu que a companhia não tem planos de desenvolvimento de outros produtos financeiros e descartou a entrega de créditos ou a realização de pontuações (scores) de crédito alternativas usando dados.

“Nossa visão do produto não é assim. É simplesmente ser um viabilizador de mais negócios”, afirmou o executivo.

Ele acrescentou que outra motivação para promover a carteira é fortalecer o sistema operacional móvel Android, com o qual busca competir em segmentos de alta renda. Como parte da estratégia de expansão dos produtos de pagamento e para não ficar para trás, apontou Betancourt, o Google comprou a Fitbit, fabricante de relógios inteligentes, com os quais fabrica aparelhos para efetuar pagamentos.

Na corrida pelo número de usuários de carteira, a Apple assumiu a liderança sobre o Google. Por exemplo, números da Insider Intelligence calculam que as empresas de tecnologia fecharão o ano com 48,7 milhões e 26 milhões de usuários em suas carteiras nos Estados Unidos, respectivamente.

 

O que falta para desembarcar em toda a América Latina?

Neste ano, a Google Wallet começará a operar em mais países da região e ampliará a lista que até agora inclui apenas Brasil, Costa Rica, Chile, Equador e México. A regulamentação e as integrações tecnológicas são as limitações para uma maior implantação.

Betancourt garantiu que vários países da região já estão em fase de due diligence, a fim de verificar os procedimentos para o cumprimento das regulamentações locais. Em outras nações, eles estão prestes a iniciar esse procedimento.

Do lado tecnológico, os emissores de cartões de débito e crédito estão acelerando a tokenização de seus cartões com as redes Visa, Mastercard e outras, para que o Google possa integrar plásticos em sua carteira.

“É uma configuração que tem que ser feita com cada um dos emissores, podem ser bancos ou fintechs.” Ele também disse que as empresas de telecomunicações e os varejistas estão adicionando seus cartões à carteira virtual do Google.

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