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Gaming e metaverso: a estratégia da Invex e da Afirme para alcançar novos públicos digitais

mar 13, 2023

Por Antony Pinedo

Com foco na personalização, os bancos mexicanos lançaram spin-offs digitais para chegar a mais pessoas e atualizar sua imagem, em uma tendência que continuará crescendo

Como forma de atrair novos segmentos, os bancos mexicanos Invex e Afirme apresentaram filiais digitais. Com Now e Billú, respectivamente, as entidades apostam em abrir espaço na disputa virtual, enquanto experimentam com o metaverso serviços de pagamento para gamers ou a emissão de cartões de crédito com dados alternativos.

Com estas decisões, a Invex e a Afirme juntam-se ao crescente grupo de bancos tradicionais que apostam em apresentar novas marcas para digitalizar processos e produtos para o usuário final, ao mesmo tempo em que modernizam a sua comunicação e imagem, em uma tendência que os especialistas prevêem que continuará em ascensão.

A aposta, dizem eles, ajuda a ampliar a captação de clientes, já que podem se especializar em atender financeiramente setores que suas propostas tradicionais não permeiam.

“Buscamos integrar ao ecossistema novos participantes, muito atentos às novas tecnologias”, disse à iupana Martín Mercado, diretor da Billú. Para isso, o neobank integra uma oferta para gamers e serviços relacionados ao metaverso.

A Afirme está no México há quase 30 anos, sendo um dos principais bancos no segmento de adquirência. Com o Billú, eles querem atingir um setor distante do core business do banco. É para um público com um “mindset” diferente, enfatizou o gestor.

Um primeiro passo nessa direção é o lançamento de lojas no espaço virtual. Além disso, a entrega de NFTs (tokens não fungíveis) para os primeiros usuários dentro de um programa de recompensas. Além disso, patrocinam um evento de e-sports, chamado Valorant Challengers, com objetivo de ganhar visibilidade entre os jogadores online para, então, oferecer a eles produtos financeiros.

A estratégia de lançamento começou com uma lista de espera que, segundo Mercado, está chamando a atenção dos usuários. Eles estimam que o início das operações será dentro de dois meses.

 

Personalização das oportunidades de crédito

Por sua vez, o Banco Invex lançou o Now em fevereiro. Entre os planos para se diferenciar no sector, está a apresentação, no fim do ano, de um cartão de crédito gerado com um modelo de risco que combina informação de agências de crédito e dados não tradicionais, uma vez que notaram uma necessidade no mercado, segundo Jorge Rodríguez,diretor de produto do Now,  adiantou a iupana.

"Há clientes que procuram acesso a um produto de crédito que não encontram do lado dos bancos e, do lado das fintechs, encontram, mas é muito caro", disse Rodríguez.

O Nubank, por exemplo, tornou-se o quinto maior emissor de plásticos no México, utilizando um modelo de risco inteligente, à frente de bancos como o HSBC e o Banorte, que também se prepara para apresentar spin-off este ano.

Rodriguez acrescentou que a tecnologia os ajudará a identificar as necessidades financeiras e que poderão pré-qualificar os usuários.

"Queríamos criar uma marca que fosse mais adequada ao perfil do cliente digital. Foi aí que nasceu o Now: como braço direito do Banco Invex, com uma proposta multiproduto, que inclui depósitos e pagamentos e que incluirá crédito", apontou.

A Invex também opera no mercado há três décadas e, em apenas um mês com Now, conseguiu adicionar mais de 20.000 novos clientes à sua carteira com um produto de poupança.

 

 

A onda de neobancos vai continuar

Esses lançamentos aumentarão o nível de competição no mercado mexicano, tanto entre bancos, quanto entre entidades contra fintechs, como Nubank ou Mercado Pago, que também, recentemente, adicionaram um cartão de crédito aos seus serviços.

No entanto, a tendência é de âmbito regional.

Há duas semanas soube-se que o grupo Credicorp, no Peru, prepara o lançamento de um neobanco, com o qual pretende captar segmentos da população que estão fora do radar do BCP ou do Yape, o banco e carteira digital do grupo. O Santander está presente em vários países da região com a Superdigital e prepara sua chegada ao Peru.

Um dos pioneiros a transitar nesse caminho de banco a neobanco foi o Banregio, que, em 2017, lançou o Hey Banco. Este spin-off alcançou 510.000 usuários ativos em outubro passado.

“A oferta de players com propostas digitais de serviços financeiros vai aumentar; tanto no modelo Banking as a Service (BaaS), neobank ou fintechs”, diz Rodríguez, de Now.

Mas, apesar de os players estarem se multiplicando, analistas alertam que ainda há espaços para capturar valor.

Para Andrés Carriedo, fundador da DesignBanking, empresa de transformação digital financeira, a chave para que esses neobancos alcancem resultados é focar em um nicho de mercado, o que no México pode ser uma oportunidade muito numerosa.

Um exemplo são as “nenis”: termo usado para agrupar mulheres empresárias que usam as redes sociais para fazer vendas de diversos produtos. De fato, existem estudos que mostram que, desde 2021, 58% das lojas virtuais no México são criadas por mulheres.

“Existe um mercado muito grande de mulheres que fazem artesanato, coisas diversas e que vendem em grupos de Facebook, em grupos de redes sociais, e elas têm um potencial de mercado incrível, porque movimentam uma brutal economia underground”, observou Carriedo, da DesignBanking.

Outro mercado potencial, disse o especialista, é o segmento de jogos.

“É um nicho que exige muitos serviços, pagamentos; muitas vezes, investem muito e requerem adiantamento. Podemos até estar falando de factoring para gamers”, alertou.

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