As propostas digitais de envio de remessas na América Latina estão se expandindo, em uma estratégia que busca monopolizar essa vertical que urge de imediatismo, simplificação de processos e de inovação digital e que atinge recordes a cada ano.
Motivados por este cenário, Ripley, Ualá, Revolut, Wise e Prex se aventuraram neste ano em envios transfronteiriços para países da América Latina. Trazem consigo diferentes modelos de negócios e até contam com alianças com outras empresas, com o desafio de digitalizar o envio de ponta a ponta.
Em todo o ano de 2021, US$ 131 bilhões entraram na América Latina por meio de remessas internacionais, um aumento de 25,3%, e estima-se que o volume aumente 9,1% no fim deste ano, segundo o Banco Mundial, observando volumes históricos que não passaram despercebidos pelos referentes da indústria de fintech.
“As remessas internacionais na América Latina se tornaram um mercado relevante”, disse Tomás Bercovich, CEO e cofundador da Global66, fintech especializada em remessas, à iupana. Ele acrescentou que os bancos tradicionais e os seus canais virtuais, “apesar de cumprirem o funcionamento de serviços locais, como carteiras digitais e meios de pagamento, não satisfazem a necessidade de serviços internacionais”.
Abaixo compilamos uma lista das principais soluções dessas empresas.
Chek da Ripley 🇨🇱
Embora tenha começado no varejo, o Grupo Ripley, do Chile, ampliou sua proposta financeira para enviar remessas por meio de sua carteira eletrônica Chek. O serviço estará disponível nos próximos meses.
“Estamos fazendo uma aliança com um importante ator que nos fornece o serviço de remessas”, disse Matías Goldsmith, CEO da Chek, a este noticiário em setembro.
A carteira tem mais de 1,3 milhão de clientes e o acordo permitirá que seus usuários enviem dinheiro para vários países do mundo. O modelo de negócios da Chek é cobrar uma comissão competitiva, segundo o CEO.
"Obviamente, deve ser barato e justo para o usuário, mas também deve permitir que nos complementemos com um parceiro e deve ser um negócio para eles também", disse ele.
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Ualá 🇲🇽
O unicórnio argentino Ualá lançou, em setembro, sua solução de remessas no México, o segundo país do mundo que mais recebeu dinheiro desse tipo em 2021.
A fintech fez um acordo com a empresa de remessas MoneyGram para que pessoas da América Latina e dos Estados Unidos pudessem depositar dinheiro em pontos físicos e depois tê-los na plataforma digital Ualá.
Pierpaolo Barbieri, CEO e fundador da Ualá, equiparou o serviço a uma "revolução financeira", como disse em sua conta no Twitter.
“O potencial de transformação é infinito: mais de 90% dos fluxos de remessas começam e terminam em dinheiro. Isso os torna mais caros e menos seguros. É o que viemos para mudar, para dar facilidade e transparência ao processo”, escreveu.
A Ualá opera na Argentina, na Colômbia e no México; e conta com mais de 5 milhões de usuários. Neste último mercado, comprou o banco ABC Capital, em novembro de 2021, para ampliar sua oferta financeira.
Revolut 🇲🇽
O neobanco inglês Revolut escolheu o México, em 2021, como seu primeiro local de aterrissagem na América Latina. O primeiro produto, que será lançado nos próximos meses, foca em transferências transfronteiriças.
A estratégia é que os usuários da Revolut, globalmente, possam transferir dinheiro rapidamente dentro da mesma plataforma, gerando um circuito rápido com baixas comissões. A empresa tem mais de 20 milhões de usuários em todo o mundo.
Enquanto refinam os detalhes regulatórios para operar a partir do México, a Revolut possibilitou, neste ano, a possibilidade de seus clientes dos Estados Unidos enviarem dinheiro para o país asteca sem comissões e em 30 minutos, com o objetivo de começar a competir nesse segmento.
Em fevereiro, a empresa confirmou à iupana que estava avaliando a possibilidade de adquirir uma licença bancária no México.
Wise 🇲🇽 🇧🇷
A fintech britânica, que ganhou reconhecimento por suas soluções cross-border, tem operações no Brasil e está prestes a abrir escritórios no México, buscando seu nicho nos maiores mercados de remessas da América Latina.
Além do Brasil e do México, também possuem licença para operar no Chile e estão movimentando transferências de dinheiro na Argentina, no Uruguai, na Colômbia e na Costa Rica.
“É uma região com muito potencial inexplorado”, disse Pedro Barreiro, líder de bancos e expansão da Wise no Brasil, à iupana em uma entrevista em setembro.
A Wise, anteriormente TransferWise, usa uma fórmula em que o dinheiro se move o mínimo possível. Eles constroem uma rede de bancos locais, com os quais estabelecem alianças, evitando que o dinheiro cruze fronteiras, o que geraria mais custos e tempo. Portanto, se um usuário envia libras e deseja convertê-las em euros, por exemplo, ele deposita libras na conta bancária da Wise no Reino Unido e paga ao destinatário de sua conta em euros.
É um modelo que tenta reduzir as altas comissões que os bancos cobram pelos embarques transfronteiriços e que estão importando para a região, com suas peculiaridades.
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Prex 🇺🇾 🇦🇷 🇵🇪
A Prex é uma carteira digital com operações no Uruguai, Argentina e Peru. Seus usuários podem fazer transferências imediatas entre esses mercados por meio de sua plataforma.
"É um negócio 100% desenvolvido e executado pela Prex, que, além de gerar receita por meio de comissão, tem um diferencial que poucos têm e é muito bem recebido por nossos clientes por sua simplicidade, rapidez e baixo custo", disse, em setembro, Agustín Gallo, diretor de crescimento da fintech.
A carteira cobra uma taxa de US$ 0,99 por transferência, independentemente do valor enviado.
Os esforços para digitalizar o circuito de remessas também incluem um player tradicional como a Western Union, que garantiu à iupana que o saque final dos usuários continua sendo dinheiro, mas que estão expandindo suas soluções de saque para contas bancárias ou carteiras como o Mercado Pago, no mercado mexicano.
Fechar o ecossistema e digitalizá-lo do início ao fim é uma oportunidade valiosa para o sistema financeiro da América Latina.
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