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The future of finance in LatAm & the Caribbean

O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

Revolut começará a operar no Brasil em novembro. Essa é sua estratégia

jun 6, 2022

Por Antony Pinedo

Como um neobanco pode competir no Brasil? Revolut explica sua estratégia

A Revolut lançará suas operações no Brasil em novembro, pouco antes da Copa do Mundo no Catar, oferecendo uma conta internacional para os torcedores que acompanharem a seleção nacional. É uma manobra que encapsula sua estratégia inicial de competição na América Latina: foco em produtos de viajantes, câmbio e comissões competitivas.

O neobanco inglês avaliado em US$ 33 bilhões desembarcou gradualmente na região em 2021, oferecendo remessas dos Estados Unidos para o México, outro segmento de pagamentos transfronteiriços. Em seguida, eles adicionaram o Brasil aos planos e não descartam a replicação do modelo em outros países.

Para isso, esperam adaptar a experiência de expansão que acumularam na Europa e Ásia-Pacífico para a América Latina, onde terão que competir contra uma explosão de neobancos e fintechs que estão se expandindo e atraindo clientes rapidamente, como Nubank, Mercado Pago ou Ualá.

“A região ainda tem espaço para soluções com preços mais competitivos”, disse Glauber Mota, CEO da Revolut Brasil, em entrevista à iupana.

Nesse sentido, a proposta no Brasil é reduzir o pagamento de impostos sobre operações financeiras (IOF) para usuários que viajam para fora do País e precisam movimentar seu dinheiro. Além disso, a conta digital está vinculada a um cartão pré-pago e a um aplicativo que mostra o câmbio entre diferentes moedas. Eles também estão trabalhando para adicionar ferramentas de investimento em seu aplicativo, produtos com criptomoedas, seguros e outros serviços já habilitados no exterior.

“Queremos nos diferenciar naquelas características nas quais já validamos a experiência no exterior e que são pouco atendidas localmente”, diz Mota. “As soluções de viagem são um ponto forte da Revolut”, acrescenta, lembrando que a fintech começou em 2015 como uma solução de mudança e viagem na Europa e agora tem presença em 35 países.

O cliente poderá enviar dinheiro para sua própria conta no exterior com uma taxa de IOF que não será mais de 6,38%, mas 1,1%, diz o executivo, explicando que usará a regulação internacional para lançar a conta global.

“Há o Nubank e outros players relevantes, mas eles são todos locais. E eles são muito focados em crédito, tendo como o primeiro produto o cartões de crédito. Entrar para competir com eles nesse mercado, na verdade, é muito desafiador, porque eles já estão estabelecidos”, diz.

Revolut busca licença SCD e autorizações no Brasil

Ao projetar seu mapa de expansão internacional, um ambiente regulatório com abertura para novos players deve ser considerado, diz Glauber.

Também garante que ser uma fintech multinacional será um ponto positivo para enfrentar as assimetrias regulatórias da região.

“O foco é o Brasil e o México, justamente para depois reproduzir o processo […] São lugares cuja legislação já está mais desenvolvida e mais welcoming para as fintechs”, acrescenta.

Nesse sentido, no Brasil estão processando uma licença de Sociedade de Crédito Direto (SCD) para expandir seu portfólio de produtos. Eles não descartam, no futuro, optar por uma licença bancária, como a que eles estão esperando no México.

“[O SCD] é muito completo, tem e-money, tem a capacidade de conceder empréstimos com capital próprio e é quase como um banco light”, explica o executivo.

Além disso, esclareceu que mais urgente do que solicitar uma licença bancária é obter autorização para viabilizar investimentos no aplicativo. Para isso, é necessário obter permissão oficial para distribuição de títulos e títulos transferíveis (DTVM).

Para isso, Glauber Mota indica que a empresa está avaliando a possibilidade de fazer uma associação com um parceiro local, uma estratégia que outros players têm empregado.

A chegada da Revolut faz parte de uma tendência incipiente, mas notável, entre os neobancos europeus que escolhem a América Latina para expandir. O Bnext, espanhol, desembarcou no México em 2020 e o N26, alemão, conseguiu a licença de operação no Brasil em janeiro de 2021, mas só prevê o lançamento de suas soluções apenas para este ano com seus primeiros 2.000 usuários.

A Revolut também mede a demanda do mercado com o lançamento de listas de espera, que servem como indicadores de apetite no planejamento de suas negociações.

No entanto, há também sinais de alerta. Entre eles, o executivo lista a recusa em operar com criptoativos que o regulador argentino ordenou aos bancos.

“Quando se trata de elencar possibilidades, esse tipo de coisa certamente conta”, diz Mota.

Como a Revolut vai aproveitar open finance no Brasil?

Em março deste ano, os reguladores brasileiros evoluíram sua política de open banking para open finance, com o objetivo de ampliar o escopo de dados compartilhados pelos usuários para incluir os setores de seguros, investimentos e previdência.

O Brasil é líder na região na implementação do sistema e representantes do Banco Central garantiram que a tendência é que a adoção do sistema continue crescendo entre os usuários.

“A Revolut já tem experiência em open banking no Reino Unido; aprendeu a receber dados dos clientes e dar feedback para eles”, diz Mota.

Apesar disso, ele alertou que, no momento, eles não estão focados em acelerar mecanismos de dados abertos, por meio de parcerias com outros jogadores, já que eles têm seu plano inicial.

“Vamos precisar de open finance quando tivermos uma conta local no Brasil, por isso, estamos olhando com muito cuidado quais são as possibilidades de parceria para fazer a escolha certa, mas ainda não está definida.”

São Paulo: um hub de talentos para a Revolut

Para acelerar suas projeções, Mota antecipa que espera captar o excedente de talentos humanos que está sendo produzido no mercado brasileiro, como resultado do aumento das demissões produzidas em outras fintechs e startups. O setor tem sido punido pela queda dos investimentos, diante de um panorama macro mais complicado.

“São Paulo foi escolhido como um hub para a América Latina por causa das qualidades dos talentos, do custo-benefício da contratação local e da ambição do projeto aqui, que é o maior país da América Latina”, explica.

Mota acrescenta que eles irão buscar profissionais de grandes unicórnios, como a fintech imobiliária Quinto Andar ou o e-commerce social Facily, que estão avançando nas demissões.

“Uma das decisões estratégicas para desenvolver o mercado latino é criar um centro de tecnologia para contratar esses talentos no Brasil. Para que eles possam produzir para o Brasil, para o México, para qualquer outro lugar onde crescermos no futuro. Se houver capacidade de sobra, mesmo para nossa plataforma principal, no Reino Unido, ou nos EUA”, diz ele.

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