A empresa financeira Efectiva lançará em breve seu novo modelo integrado no qual conectará sua carteira digital à plataforma de e-commerce Juntoz, que reúne várias marcas online (shop in shop).
“Não queremos ser um aplicativo que tenha uma centena de funcionalidades no telefone, mas sim um com as funções necessárias para que o cliente possa aproveitar a experiência com apenas alguns cliques”, explicou Carlos Salazar, gerente de meios de pagamento e transformação digital da Efectiva, à iupana.
A entidade peruana planeja iniciar o período de testes de integração no fim deste ano, como um prelúdio para uma implantação mais ampla de sua estratégia para catapultar seu canal digital para um uso mais transacional dele. Com isso, a Efectiva espera melhorar a concessão de pagamentos online, créditos e outros produtos que estão em seu roadmap até 2026.
Salazar disse que a entidade está preparando sua migração para a nuvem com “uma equipe de tecnologia envolvida para que isso aconteça”, como parte do processo de absorção da Juntoz. Além disso, está desenvolvendo uma versão 2.0 do aplicativo para adicionar novos recursos para digitar transações e conversas transacionais com um bot.
A integração da Juntoz no mobile banking da Effective parece uma evolução natural dentro do Grupo EFE, uma holding com forte presença no varejo por meio da La Curaçao e Tiendas.
“Há alguns anos trabalhamos em conjunto com a IBM em um bot chamado María, mas hoje pretendemos dar a ela uma evolução com inteligência artificial generativa, a fim de derivar com ela muitas das interações que temos hoje como resultado das funcionalidades do nosso canal digital”, disse o gerente sobre a concessão de créditos, seguros e depósitos realizados através do assistente virtual.
Mas o potencial da versão aprimorada do bot também estará alinhado com novos produtos: contas de poupança em dólar, remessas 100% digitais e cartões de crédito. “Não estamos mais procurando saldos, mas volumes de clientes. Queremos atingir um milhão de clientes nos próximos sete anos”, disse Salazar.
Ele acrescentou que recentemente lançaram um cartão de débito exclusivo para migrantes, em aliança com a Superintendência de Migração. “No Peru existem 1,6 milhão de migrantes e, aproximadamente, entre 800 mil e 900 mil migrantes já possuem documento de identidade de estrangeiro e agora podem abrir uma conta 100% digital conosco. Esperamos chegar a cerca de 200 mil migrantes em dois ou três anos”, projetou.
A empresa foi criada em 1999 como uma Edpyme focada em microempresas e, em 2010, obteve autorização para operar como financeira. Cresceu sob um modelo presencial, por meio da oferta de crédito ao consumo diretamente nos pontos de venda. No entanto, nos últimos 18 meses, acelerou sua transição para as finanças digitais, buscando conectar seus negócios de crédito com novos canais de pagamento e comércio eletrônico.
Hoje, seu compromisso está alinhado com a tendência de embedded finance, um modelo de negócios cada vez mais comum no país andino. Para citar dois casos, o Interbank integrou soluções de compras online (Shopstar), enquanto Yape também escalou nessa direção, possibilitando a compra de produtos, serviços e experiências a partir de seu aplicativo.
Um passo antes do open banking
Esse movimento de finanças integradas aponta para uma preparação para o que será open banking no Peru, o modelo de interconexão entre instituições financeiras que o regulador bancário local está preparando. Mas, como em qualquer sistema de open finance, a tecnologia é o desafio imediato para as empresas.
O gerente de pagamentos da Efectiva mencionou que atualmente a equipe tem capacidade para executar cerca de 17 ciclos de desenvolvimento de melhorias de infraestrutura e produtos por ano. No entanto, com as novas prioridades estratégicas, a empresa planeja abrir três linhas de trabalho paralelas (backlogs) para avançar em diferentes projetos ao mesmo tempo e acelerar a entrega de soluções.
No entanto, Salazar acrescentou que outro desafio para o negócio será conectar-se com equipes tecnológicas que tenham disponibilidade e capacidade de transitar rapidamente entre empresas. Na prática, isso busca não gerar gargalos ou atrasos no desenvolvimento.
Para superar os desafios técnicos, a Efectiva está avaliando outros caminhos, como os da Colômbia e do Brasil, para melhorar a experiência do usuário, enfrentar o desafio do consentimento e a proteção de dados pessoais, eixos que envolvem a experiência de dados compartilhados em um modelo de open banking. “Um exemplo que posso dar é o PicPay, a carteira das carteiras no Brasil. É isso que buscamos”, disse Salazar.