O Banco Central da Reserva do Peru (BCRP) está testando sua plataforma de pagamentos instantâneos em uma fase de participação fechada. Essa infraestrutura, que estará operacional até o fim de 2026, também possibilitará a entrada de fintechs sob a figura de iniciação de pagamentos, abrindo o sistema de open payments da autoridade.
“Certos bancos e fintechs foram convocados para testes com a plataforma, entre participantes diretos e indiretos do esquema de interoperabilidade”, disse à iupana uma fonte convocada para o processo.
Embora este meio de comunicação não tenha conseguido confirmar quais entidades participam dos testes, vários porta-vozes concordaram que os maiores bancos do país – como o Banco de Crédito del Perú – e alguns EEDEs estão no programa. Por enquanto, os facilitadores de pagamento não entraram na plataforma.
Ao contrário da estratégia de interoperabilidade também promovida pelo BCRP, a autoridade tem sido mais cautelosa ao relatar o progresso no desenvolvimento dessa infraestrutura. Em nível técnico, sabe-se que busca emular o sucesso do sistema UPI da Índia e alcançar a adoção e os volumes transacionais do brasileiro Pix. Esses dois sistemas servem de referência para o banco, pois ambos respondem por 60% de todos os pagamentos instantâneos globalmente.
Em relação ao desenvolvimento, Paul Castillo, gerente-geral do banco central, confirmou, durante o fórum Payments Innovation Peru 2025, que a plataforma de pagamento já passou da fase 1 relacionada ao desenho da integração da plataforma ao ecossistema atual e que atualmente estão na fase 2, que é um trabalho conjunto com a indústria.
“O objetivo é que essa infraestrutura complemente as que existem no setor privado para que possamos continuar escalando em volume e, sobretudo, no acesso a pagamentos imediatos, e que esse caminho de digitalização do dinheiro não pare”, disse Castillo no fórum.
Próxima etapa: iniciação de pagamento
Como em outros países, o país andino também regulamentará a figura do Provedor de Serviços de Iniciação de Pagamentos (PISP, na sigla em espanhol), um ator que inicia pagamentos em nome de um terceiro e os envia à instituição financeira para validar o consentimento do usuário e realizar a transação. “A iniciação de pagamentos é uma forma de gerar mais concorrência, facilitar a participação de outros atores no ecossistema de pagamentos e empoderar o usuário”, disse o gerente-geral do BCRP durante a apresentação.
Segundo fonte com conhecimento do assunto, o PISP será um ator regulado pelo BCRP este ano. Assim, atuará de forma centralizada com a plataforma do banco, permitindo acesso unificado às instituições financeiras por meio de um único ponto, segurança e controles gerenciados centralmente, além de integração mais fácil para novos players.
“Vamos facilitar a descentralização de papéis: haverá entidades que poderão cumprir o papel de provedores de contas (como bancos e caixas econômicas), outras entidades poderão permitir o acesso de carteiras a contas de usuários (provedor de acesso) e haverá provedores de aplicativos”, explicou Castillo.
O iniciador será a porta de entrada para a fase 4 da interoperabilidade de pagamentos, na qual fintechs, big techs e telcos poderão se conectar à plataforma do banco central. Mais tarde, “o início dos pagamentos deve ser a base para o que a Superintendência de Bancos e Seguros está trabalhando, que são os primórdios do open banking”, disse o representante do BCRP.