O RappiCard quer aproveitar a capacidade de financiamento do Banorte para competir com gigantes como Mercado Pago e Nu, quadruplicar sua base de clientes e ampliar sua oferta de produtos até 2030 no México.
A expectativa é chegar a quatro milhões de clientes, dos mais de um milhão que possui atualmente, além de oferecer outros produtos do banco à sua clientela que está prestes a atingir a maturidade financeira, em meio a uma oferta digital diversificada.
“A concorrência será dividida em três partes: um Nubank com muito dinheiro e bastante tempo no mercado brasileiro, que continua perdendo dinheiro no México, mas é um concorrente forte. Um Mercado Pago, com bastante fundo, incorporado em seu superapp, e o RappiCard com um bom produto, mas que era quase boutique, porque não tinha o poder de fogo do Nu”, afirmou José Murillo, CEO do RappiCard, em conversa com a iupana.
A entrada do Banorte como único proprietário do RappiCard marca uma nova etapa para a empresa, que nasceu como um monoproduto focado no cartão de crédito. Com o apoio financeiro do banco e sua renovada aposta digital, após o fechamento da Bineo, as expectativas sobre sua evolução nos próximos anos são altas.
“A intenção do Banorte é nos dotar da autonomia necessária para manter a agilidade exigida. […] Não será uma mudança tão dramática. Há uma vantagem”, afirmou Murillo.
Por isso, o RappiCard terá um “capital eterno” que lhes permitirá aumentar o número de clientes, conceder linhas de crédito, oferecer outros produtos e crescer a um ritmo mais acelerado. Isso aliado ao motor de aquisição de clientes a baixo custo, indicadores que haviam desacelerado no ano passado.
Por enquanto, para este ano, o RappiCard espera um ritmo de crescimento “relativamente moderado”, nas palavras do diretor-executivo, até que a operação de compra seja aprovada pelo regulador nos próximos meses.
Murillo disse que, em 2026, eles esperam retomar um ritmo de crescimento de 40 mil cartões emitidos por mês, o que os posicionará como “o terceiro colocado no setor mexicano”.
A estratégia para 2030
Desde 2023, o débito tem sido o cavalo de batalha dos atores fintechs que invadem o mercado local, gerando a chamada “guerra das taxas”, onde os atores competem para oferecer os juros mais altos em contas poupança para atrair clientes e ganhar participação no mercado.
A iupana relatou, no ano passado, o risco e a viabilidade útil dessa estratégia, gerando ajustes de curto prazo nos prazos, condições e taxas para conter o impacto econômico. Um exemplo disso foi o Nu, que reduziu sua taxa de 15% para 14,75% após os ajustes da taxa de juros da política monetária do Banco do México.
O CEO do RappiCard disse que agora, junto com o Banorte, eles poderão “lutar e disputar esse mercado”, embora tenha confessado que o cenário ainda não está definido. “Parece que essa guerra de preços poderá diminuir no futuro com essas fintechs que estão se tornando bancos, e será um pouco mais difícil sustentar isso. […] É uma moeda que está no ar e será resolvida nos próximos cinco anos.”
O desafio é converter essa captação de clientes em produtos com maior margem ou rentabilidade (créditos, investimentos, seguros, etc.), além de competir apenas por taxas. No entanto, para Murillo, “queimar dinheiro em débito não garante a fidelização do cliente em crédito”.
Embora o CEO do RappiCard não tenha dado detalhes sobre as soluções que serão desenvolvidas nos próximos meses, ele adiantou que o departamento financeiro do Banorte lhes dá segurança para desenvolver um produto de débito.
“Os próximos cinco anos definirão quem dominará ou como será dividido esse mercado”, afirmou.