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O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

Por que Clara se mudou para o Brasil? Seu CEO nos conta os detalhes

ago 21, 2023

Por Antony Pinedo

Devido ao volume e à maturidade do mercado, o Brasil é um local provisório para a internacionalização das fintechs da América Latina. No entanto, competir no País traz desafios que vão além do idioma.

A fintech mexicana Clara quer fortalecer sua presença no Brasil e torná-lo seu maior mercado no ano que vem, em uma amostra do potencial que o país sul-americano representa. No entanto, o movimento não será isento de desafios.

O Brasil, com 214 milhões de habitantes e uma indústria de tecnologia financeira madura, é um dos poucos países da América Latina que conseguiu a massificação de produtos digitais emblemáticos, como pagamentos instantâneos (por meio do sistema Pix). Além disso, é claramente a nação com o maior ecossistema de fintech da região, seguida pelo México.

Para a Clara, fintech especializada na administração de despesas empresariais, o Brasil significa também  o local onde desembarcarão 50% de seus gestores, especificamente, em São Paulo.

“Essa mudança se deve a uma questão estratégica, pois, tendo consolidado nosso produto no México, o Brasil representa uma oportunidade para a Clara crescer”, respondeu Gerry Giacomán, CEO e fundador da Clara, por escrito à iupana.

“Este mercado tem um ecossistema financeiro muito maduro que nos permitirá fortalecer a nossa posição”, acrescentou.

A fintech tem mais de 8.000 empresas como clientes, somando as três localidades onde está presente: México, Colômbia e Brasil. Há duas semanas foi autorizada pelo Banco Central deste último país como instituição de pagamento, o que permitirá ampliar a oferta de soluções corporativas, como contas digitais e outros produtos que participam do Pix.

Além de transferir parte da equipe e obter a licença, Clara contratou há um mês Francisco Simón como country manager no Brasil. O executivo trabalhou em empresas como Uber, Facebook e Microsoft. A tarefa confiada a Simón é ampliar a carteira de clientes ali, onde já conta com empresas como Starbucks e Mapfre.

A Clara alcançou a avaliação de unicórnio em 2021 e, desde sua fundação, levantou US$ 160 milhões em financiamento de capital. A última rodada foi em abril, quando levantou US$ 60 milhões liderada pela empresa de investimentos GGV Capital. “Com o foco estratégico no Brasil, teremos capacidade de desenvolver soluções que permitam às empresas operar com agilidade e clareza financeira”, disse Giacomán.

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Competir no Brasil

Mas, enquanto Clara impulsionava seus esforços de internacionalização, diversas fintechs da região haviam encurtado seus planos de expansão movidos pela necessidade de cortar gastos, em um contexto de economia lenta e, às vezes, com poucos investimentos. Por outro lado, muitas empresas têm preferido concentrar seus planos de consolidação em seus países de origem.

E, de acordo com a experiência de alguns fundadores, internacionalizar-se vai muito mais além de aterrissar e montar lojas. Particularmente, em países como Brasil, sede de grandes competidores locais e estrangeiros.

Treinta, uma fintech colombiana focada em soluções digitais para pequenos negócios, conta que seu desembarque no Brasil foi certamente desafiador. Para além da barreira do idioma, asseguraram que qualquer empresa que queira se estabelecer no País precisa fazer uma profunda investigação de mercado e adaptar seus equipamentos de trabalho ao ambiente.

“Um dos principais desafios é estar no top of mind dos usuários na região, já que a concorrência entre startups e fintechs locais é significativa. E são empresas que têm uma boa reputação e os consumidores confiam nelas; por isso, conseguir que uma empresa estrangeira se posicione é um desafio”, conta Lluís Cañadell, cofundador da Treinta.

A fintech, com presença em 18 países da região, aterrissou no Brasil no fim de 2021 e já soma 1,4 milhões de usuários ali. Sua presença em vários mercados permitiu ter uma visão ampla sobre o comportamento dos consumidores e também sobre a regulamentação, um elemento particular no mercado brasileiro, segundo o cofundador.

“Este aspecto é crucial para uma startup estrangeira, já que é um panorama em constante mudança em relação às leis e regulamentações relacionadas com as finanças e tecnologia, o que requer uma maior adaptação e flexibilidade nos processos de gestão e inovação. Isso significa um desafio”, opina.

A potencialidade do mercado brasileiro tem atraído fintechs globais como Revolut, Wise e N26 para competir, embora com resultados distintos e lançamentos desacelerados pela espera de licenças. Enquanto isso, alternativas locais como Nubank ou PicPay continuam crescendo.

Quase 50% dos brasileiros são clientes do Nubank, segundo os resultados financeiros do segundo trimestre do ano. Isso coloca a vara mais alta para os contendores estrangeiros que, como Treinta, querem crescer no país.

“Tem sido um processo desafiador pela naturalidade competitiva do mercado local e isso nos tem exigido uma análise de compreensão das dinâmicas do usuário, tanto em hábitos de consumo quanto em interação com a tecnologia — em um ambiente em constante inovação”, concluiu Cañadell .

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