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O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

“Encontrar o modelo de negócios certo”: os bancos procuram implantar embedded finance

mar 6, 2023

Por Antony Pinedo

Apesar da antecipação criada pelas finanças incorporadas, a realidade da implementação enfrenta desafios comerciais, jurídicos e do sistema legado

De marketplaces a postos de combustível: várias indústrias na América Latina estão melhorando suas experiências de compra e conversões por meio da integração de finanças incorporadas. No entanto, as barreiras tecnológicas, regulatórias e de negócios estão reduzindo a tração de embedded finance no setor bancário da região.

A incorporação de produtos e serviços financeiros em canais digitais de empresas não financeiras permite agregar múltiplos meios de pagamento, originação de crédito ou programas de recompensas em aplicações de diversos setores, como varejo ou companhias aéreas, aumentando as possibilidades de aumento de vendas.

Mas passar da teoria à prática exige múltiplos esforços, como a mudança do paradigma corporativo e até a modernização da arquitetura tecnológica das instituições.

“Um dos grandes desafios é encontrar o modelo de negócio correto para que seja favorável tanto para o provedor da informação quanto para o terceiro”, diz Pablo Scoglio, diretor de produto da MODO, uma via de pagamento que pode ser integrada a aplicativos e carteira criada em associação com cerca de 40 entidades na Argentina.

“Ainda estamos, como o resto do mundo, na fase exploratória do ecossistema”, acrescenta. “Precisamos vencer as barreiras dos sistemas legados para poder trazer APIs para todos os serviços disponíveis”, complementa Scoglio.

Apesar do fato de as expectativas de negócios sobre finanças embutidas terem vento a seu favor, os altos custos de adaptação e a falta de conhecimento são vistos como as principais barreiras à adoção.

Segundo pesquisa divulgada à imprensa, realizada pela provedora de tecnologia Galileo Financial Technologies e pela Juniper Research, o custo é o principal motivo para a não oferta de serviços financeiros embutidos. A pesquisa, realizada com 210 executivos C-levels de empresas B2B em seis países da América Latina, também revelou que 70% prefeririam oferecer serviços financeiros integrados de um provedor não-bancário.

Um gestor responsável por projetos incorporados revelou à iupana que, em 2022, a entidade para a qual trabalha não atingiu os objetivos traçados em termos de receitas geradas pelas alianças. Refletindo sobre as dificuldades para fechar vendas de serviços bancários somados com APIs, ele acrescentou que, neste ano, se esperam números bem mais desafiadores, sendo exigidos pela diretoria.

 

Boas expectativas. Implantação difícil

Só no Brasil, estima-se que a receita gerada por esse modelo de negócio cresça a uma taxa de 27% ao ano, passando de US$ 3,7 bilhões para US$ 13,75 bilhões entre 2022 e 2029, segundo a consultoria Research and Markets. Outro estudo também projeta que, graças à combinação de finança embutida e open finance, o setor de fintech na Argentina pode receber um impulso e crescer 30% nos próximos dois anos, com maior oportunidade para as verticais de empréstimos, pagamentos e investimentos.

O potencial das finanças embutidas está no fato de facilitar as operações comerciais em ambientes digitais, agregando vários serviços em uma mesma viagem de compra, o que elimina atritos e aumenta a satisfação do usuário final, concordam os entrevistados.

Scoglio destaca que a integração do MODO agregou valor aos supermercados ao expandir a aceitação de métodos de pagamento. O que vale também para abastecer as lojas, reduzindo significativamente a contestação de pagamento, que é um tipo de fraude crescente no setor e que ocorre quando o usuário desconhece o consumo com cartão de crédito.

“Da MODO, garantimos que todos os nossos pagamentos são de cartões validados com a identidade da pessoa. Conseguimos fazer isso perfeitamente por causa da conexão com os bancos. Ninguém pode pagar na MODO com o cartão de outra pessoa”, explica.

No entanto, para atingir seu verdadeiro potencial, as instituições serão forçadas — mais cedo ou mais tarde — a fazer investimentos para modernizar seus núcleos bancários.

Tory Jackson, diretor de estratégia e desenvolvimento de negócios da Galileo para a América Latina, observa que as empresas fora do ecossistema financeiro precisam ser educadas sobre essa tendência. “Estão sendo feitos produtos baseados em APIs que são prontos para uso e de marca branca e podem agregar algo à experiência de seus usuários”, diz ele.

“No core business de todas as empresas está o fluxo de dinheiro: o poder de receber e enviar pagamentos”, acrescenta.

 

Regulamento precisa de impulso

Soma-se a tudo isso o impacto que está gerando uma incipiente regulação da interconexão de dados. Embora as finanças abertas e as finanças incorporadas não sejam movimentos conceitualmente idênticos, para os reguladores ambas as questões se sobrepõem, pois concordam que exigem a abertura e o compartilhamento de dados financeiros dos clientes, com sua autorização prévia.

Alguns países avançaram mais rapidamente que outros nesse aspecto. O Brasil, por meio de sua regulamentação obrigatória de open finance, já está começando a ver casos concretos de uso que combinam, por exemplo, a oferta de financiamento preditivo diretamente por meio dos sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP).

No entanto, países, como a Colômbia, estão apenas dando os primeiros passos nessa direção. Enquanto outros, como o México, fizeram pouco progresso.

A Unnax, fintech espanhola especializada em tecnologia para open finance, alerta que os atrasos na publicação de regulamentos para open banking no México colocam o crescimento do ecossistema em espera.

“É muito necessário que isso não demore mais, o tempo é importante. Quanto mais demorar a aplicação deste regulamento, mais fácil será o surgimento de empresas que fazem mau uso desta informação que, no final, distorce a realidade e a capacidade do potencial do open banking”, diz à iupana Jordi Pérez Roselló, CEO da fintech.

“O que deve acontecer no México é que essa incerteza já esteja resolvida; que realmente haja um marco e isso vá melhorando”, complementa Pérez.

Até agosto do ano passado, o órgão regulador mexicano, a Comissão Nacional de Bancos e Valores Mobiliários (CNBV), ainda revisava os regulamentos relativos a open banking, disse uma fonte ao iupana, acrescentando que não há data prevista para a publicação.

A Unnax usa web scrapping para obter e organizar informações financeiras consentidas pelo usuário. De acordo com sua experiência, no México, as instituições financeiras têm mais espaço para expandir as integrações. Entre seus clientes, está o bureau mexicano Círculo de Crédito.

“[Os bancos] perceberam que queriam proteger o acesso aos seus dados, que ter acesso aos dados de outras entidades ajuda a ter maior visibilidade do ecossistema daquele cliente e gera um enorme potencial de venda cruzada de serviços”, conclui Pérez.

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