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Investimentos em fintech na AL: quando as condições endurecem, é hora de resultados

jun 13, 2022

Por Antony Pinedo

Pequenas fintechs terão dificuldades para levantar capital e as grandes terão que cumprir metas tangíveis, dizem investidores grandes e pequenos, como Softbank e Magma Partners

Em um contexto cada vez mais austero para a economia global, o capital continuará a ficar mais caro para as fintechs latino-americanas em estágio inicial, enquanto aquelas em fases mais maduras terão que acelerar sua produção e provar sua rentabilidade, a fim de manter o caixa e capturar a atenção de investidores cada vez mais seletivos.

Fazendo a contagem do meio do ano, fica claro que os investimentos recordes coletados pela região nos últimos anos não se repetirão. Para aumentar a pressão sobre a indústria, muitos temem que em 2023 o financiamento seja ainda mais restrito.

E, embora fundos de diferentes tamanhos reconheçam que há espaços para continuar colocando recursos estrategicamente, eles recomendam se preparar para um futuro muito mais complexo.

“Os investimentos de 2019 a 2021 foram muito grandes e, em 2022, apesar de ter capital disponível, não é razoável pensar que teremos uma explosão de novos investimentos”, disse à iupana Eduardo Vieira, líder de marketing e comunicação do SoftBank Latin America Fund, colosso por trás de unicórnios como Creditas ou Kavak. Este último demitiu cem trabalhadores na semana passada no Brasil, mostrando sinais de dificuldades.

“Isso se deve, em grande parte, à curva de maturidade do ecossistema de startups da região. Nos últimos dois anos, elas receberam muitos recursos e cresceram rapidamente. É natural que agora haja um ciclo em que esses recursos serão aplicados, focando mais na gestão, na busca por talentos, na melhoria de seus produtos e serviços, na rentabilidade, nos controles internos, na governança corporativa”, acrescenta Vieira.

O financiamento global de capital de risco cairá 19% durante o segundo trimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com estimativas da CB Insights. Os IPOs também cairão 34%, enquanto a criação de unicórnios estagnou pela metade.

O Banco Mundial disse, na semana passada, que a economia global está “em risco”. A causa é o custo da invasão russa na Ucrânia, que interrompeu as cadeias de fornecimento, elevou a inflação e levou os bancos centrais a aumentarem as taxas de juros, tentando parar os preços dos combustíveis e dos alimentos. Isso tem impacto direto na valorização das empresas fintech nos mercados internacionais, preocupando os investidores.

As ações do neobanco brasileiro Nubank caíram quase 70% até junho deste ano, a partir de sua maior negociação em dezembro de 2021, quando estreou na bolsa de valores dos EUA Nasdaq.

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Investidores mais seletivos

Em casa, até agora, as fintechs tinham sido salvaguardadas, porque, geralmente, atendem às necessidades reais de mercado, como a inclusão financeira em poupanças ou créditos. Mas os tomadores de decisão precisarão começar a pensar melhor sobre onde colocam seus recursos, diferentemente do que fizeram até agora.

“Dado o cenário de mercado, temos aconselhado todas as empresas do portfólio a cuidar do seu caixa e nos preparar para as adversidades que não haviam enfrentado antes na captação de capital”, diz à iupana Laura Martínez, analista de investimentos da Magma Partners, que tem as fintechs Truora e albo em seu portfólio.

“Queremos ver empresas que se ajustam à nova realidade de mercado de forma eficiente, cuidando de suas unit economics e caixa no médio prazo, até 24 meses para estágios mais avançados”, acrescenta.

Esta recomendação se soma aos avisos do acelerador Y-Combinator, que recomendou aos seus fundadores que “planejem o pior”. E, como relatamos anteriormente, espera-se que a onda de demissões, que nas últimas semanas protagonizaram a plataforma cripto Buenbit e a fintech imobiliária Quinto Andar, avance.

“O momento global inspira cautela, mas, por outro lado, a América Latina é uma região que demanda investimentos estruturais, pois ainda há muito a ser construído”, acrescenta Vieira, do SoftBank.

Apesar da crise, a fintech chilena Xepelin levantou US$ 111 milhões em maio em uma série B, liderada por Avenir e Kaszek, para continuar financiando sua plataforma de pagamentos e gestão de fluxo de caixa para empresas.

“Nos cenários atuais de inflação e economia, nosso serviço é de fato ainda mais necessário”, diz Sebastián Kreis, cofundador e CEO da Xepelin, acrescentando que seus produtos são úteis para as PMEs organizarem seus indicadores financeiros em tempos conjunturais.

O executivo explica que muitos investidores que participaram de suas rodadas anteriores fizeram “double down” na série B. No entanto, ele reconhece que os planos de abrir um terceiro mercado, depois do Chile e do México, podem ser adiados até que ele tenha uma visão mais clara do momento.

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Cenário complicado de investimentos até 2023

De fato, o investimento em fintech na América Latina, durante o primeiro trimestre deste ano, mal chega a 11% do total levantado em 2021.

“O que vamos ver é uma seleção maior de investimentos. E, segundo […] muitos fundos, vão para empresas já com um certo volume, um certo tamanho, porque você se certifica de que essa empresa vai ser mais resistente à crise do que as menores”, analisa Rodrigo García, CEO e fundador da Finnovating, plataforma que conecta investidores com startups.

No entanto, para García, a potencial crise de investimentos realmente começará em 2023, quando as empresas de venture capital têm que levantar e planejar novos fundos, pois para este ano as empresas já têm capital disponível e devem usá-lo.

“Os fundos têm dinheiro, então, na pior das hipóteses, alguns investidores focarão em follow-ups de suas próprias rodadas. Isso porque a maioria tem que investir”, diz.

Embora as rodadas deste ano tenham sido menores, e não tenhamos testemunhado mega rodadas perto de US$ 400 milhões, ainda há empresas levantando capital. Na semana passada, a mexicana Klar levantou US$ 90 milhões e o equatoriano Kushki – no portfólio da Magma Partners e Softbank – alcançou o status de unicórnio.

Isso não subtrai que os investidores serão muito mais cautelosos sobre onde colocarão seus recursos e como esperam receber seus retornos.

“O custo do capital para todos aumentou. Antes havia uma percepção de gerar crescimento a qualquer custo, agora, é entender como ganhar dinheiro e gerar crescimento sustentável”, conclui Martínez, de Magma Partners.

Para aprofundar esse tema, reunimos um painel de grandes investidores para discutir o clima de investimento daqui para frente. Não perca.

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