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O futuro das finanças na América Latina e no Caribe

Para onde foi o boom das fintechs na América Latina?: Valuations, retrocessos e demissões

ago 7, 2023

Por Antony Pinedo

A indústria começa a se recuperar da ressaca após demissões em massa e retrocessos nos planos. Mas existe luz no fim do túnel ou é uma miragem?

Com reportagem adicional de Eyanir Chinea

No fim de maio, a Soy Moni, fintech de consultoria financeira digital para mulheres, anunciou o encerramento de suas operações no mercado mexicano, somando-se à discreta lista de empresas sufocadas pelo contexto econômico.

Liderada por Marisol Pérez-Chow e fundada em 2020, a startup tentou se manter à tona explorando modelos de negócios lucrativos. Mas, com isso, a busca por capital tornou-se cada vez mais difícil, para a fintech e para o restante do ecossistema, que acabava de desfrutar uma explosão de rodadas sem precedentes.

“É extremamente difícil levantar investimentos”, diz Pérez-Chow à iupana. “Estamos em uma situação difícil para todos. Os fundos estão sendo muito mais específicos em suas due diligences, fazendo ajustes em suas teses de investimento, buscando mais resultados de crescimento, mais tração”, desabafa.

O caso da Soy Moni mostra as atuais complexidades do mercado de finanças digitais, especialmente para startups, que devem correr para conseguir uma monetização sustentada ou cortar custos agressivamente, em meio a um contexto de demissões em massa, reversões nas avaliações de empresas, encurtamento da expansão planos e tímidos sinais de recuperação.

“A entrada de financiamento desde 2019 foi incrível”, lembra Héctor Cárdenas, cofundador e CEO da Conekta, um agregador de pagamentos mexicano. "Os fundos começaram a tomar conta do México e vimos coisas que, como empresários, não poderíamos imaginar. Esses tipos de rodadas!"

Em contrapartida, ele diz que hoje "de fato, as rodadas acima da série C estão completamente paradas, embora as rodadas iniciais ainda estejam abertas". Para a empresa, que tem Amazon e Samsung entre seus clientes, é um momento das fintechs terem muito cuidado e planejamento de recursos.

"A frase da moda agora é 'crescimento sustentável', que é o que temos que fazer", acrescentou em um encontro com jornalistas, respondendo a perguntas de iupana.

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Queda nas valuations —e IPOs

As fintechs unicórnios desapareceram das manchetes e o que ressoa são downrounds ou rodadas em que as ações são vendidas a um preço mais baixo do que em captações anteriores. E, como consequência, os planos de IPO também foram interrompidos.

Depois de muita especulação e centenas de demissões no Brasil e no México, a proptech brasileira Loft reconheceu recentemente que sua avaliação caiu quase 50% desde sua última rodada de ações em 2021, de US$ 2,9 bilhões para US$ 1,45 bilhão, disse seu CEO Mate Pencz, em uma entrevista a Pipeline.

No México, fontes confirmaram à iupana que a Loft, que também atua como intermediária no financiamento imobiliário, demitiu parte significativa de sua equipe de gestão. E, em sua sede em São Paulo, demitiu mais de 1.000 funcionários de abril do ano passado até agora, segundo o portal Layoffs.

Consequentemente, fintechs mexicanas como Covalto e Clara, que planejavam listar na Nasdaq no primeiro trimestre deste ano, ainda não desembarcaram nos mercados. Além disso, a SPAC (empresa de aquisição especial) do Mercado Livre e o investidor Kaszek, se dissolveram em junho, depois de não conseguirem encontrar uma empresa de tecnologia atraente para se fundir.

 

Legenda da imagem: Segmentada por seus vínculos com a América Latina – Empresas como Stripe, Klarna, Revolut, Ripple e Chainalysis reduziram seu valor de mercado, segundo dados consolidados pela consultoria Notice.co.

 

Recuo na internacionalização

A expansão regional foi uma tendência da fintech que demonstrou a liquidez do mercado. No entanto, recentemente um punhado de empresas foi forçado a reestruturar ou abrir mão de operações em seus mercados de expansão, a fim de melhorar a eficiência.

Em julho, o banco digital alemão N26 reestruturou sua equipe no Brasil e demitiu 15% de sua folha de pagamento, cerca de 20 profissionais. De imediato, o CEO esclareceu que a decisão não representava o fechamento das operações naquele país.

Da mesma forma, Addi, uma fintech colombiana dedicada a comprar agora, pagar depois de créditos, deixou o mercado brasileiro para concentrar seus esforços em seu país de origem e empatar no próximo ano.

Fontes da iupana dizem que a gigante cripto.com só deu continuidade às operações locais no Brasil, quando há um ano promoveu uma entrada agressiva na América Latina e montou um time para isso. "[A empresa] interrompeu qualquer expansão e demitiu todos os outros."

Um assessor de empresas fintech explica que as mudanças de rota têm sido, em sua maioria, resultado de processos de expansão desordenado. “Os contratempos que temos visto são empresas que, justamente, estão em setores que não eram regulamentados e que cresceram muito rápido”, explica o especialista que pediu para não revelar o nome para não violar o sigilo de seus clientes.

“Quando as empresas vão para outras jurisdições, é muito importante que sejam acompanhadas por alguém que conheça a realidade local”, acrescenta a pessoa, ao criticar a movimentação de algumas fintechs que transferiram talentos para outros países para iniciar operações, mas que agora estão devolvendo, pois não atingiram os resultados esperados.

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Luz no fim do túnel?

Os atores do mercado entrevistados concordam que — por enquanto — a era do hipercrescimento ficou para trás. Embora alguns se mostraram otimistas.

Definitivamente, o panorama atual contrasta com 2021; um ano de recordes, megarodadas, unicórnios e valorizações bilionárias para o setor, que fechou com a injeção de US$ 12,9 bilhões para as fintechs latino-americanas.

Hoje, negócios da ordem de US$ 700 milhões mal foram concluídos no semestre, ante US$ 3,3 bilhões no mesmo período anterior, embora a região seja a única que conseguiu aumentar ligeiramente sua captação de recursos nos últimos meses, segundo informações da CB Insights.

As fintechs globais perderam mais da metade de seu valor de mercado em média no ano passado, de acordo com uma pesquisa do Boston Consulting Group (BCG) e da QED Investors. O fundo, que tem fintechs latino-americanas em seu portfólio, acredita que se trata de uma “correção de curto prazo, dentro de uma trajetória positiva de longo prazo”.

Assim, mesmo a melhora nos preços de empresas líderes do mercado, como o Mercado Livre (dono do Mercado Pago) e o Nubank, poderia reavivar os ânimos dos IPOs. As ações do neobanco brasileiro recuperaram mais da metade de seu valor nos últimos seis meses, impulsionadas por melhores resultados, como seu primeiro lucro neste ano. E, de fato, até a Loft começou a lançar a ideia de uma oferta primária de ações, disse Pencz.

Para Myriam Cosío Robles, Chief External Affairs Officer do unicórnio Clip, as oportunidades do setor financeiro digital ainda são tão válidas hoje quanto eram há uma década. Falando sobre pagamentos eletrônicos, uma das verticais de fintech que mais cresceu destaca que, embora a penetração de mídia digital no México tenha dobrado entre 2014 e 2022, 80% das transações ainda são feitas em dinheiro.

“Certamente, nos últimos anos os fundos de investimento têm sido mais cautelosos”, diz Cosío, que também é presidente da Associação de Agregadores de Pagamentos do México, sindicato que reúne paytechs que operam no país como PayPal ou Ualá Bis.

"Parte do crescimento dos agregadores de pagamentos foi justamente a chegada desses fundos de investimento, porque havia muito o que fazer em desenvolvimento tecnológico, conexões e colocação de terminais", explicou em entrevista coletiva, lembrando que 70% dos pontos de venda no país são operados por fintechs.

“Mas, hoje, os fundos continuam a ver o México com bons olhos, porque ainda há muito a fazer e é preciso muito investimento. Custos de inclusão financeira”.

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