A pressão sobre o First Republic Bank (FRB), com sede nos EUA, levantou novamente bandeiras vermelhas no sistema bancário global altamente interconectado. E embora não se espere que os problemas do credor afetem diretamente a América Latina, eles também não estão ajudando a trazer estabilidade ao ecossistema.
Especialistas concordam que a possibilidade de falência do FRB não teria impacto semelhante ao que aconteceu há menos de dois meses com o Silicon Valley Bank (SVB), porque poucas empresas latino-americanas de tecnologia têm saldo na instituição. No entanto, o fato acrescenta incerteza e desenha mais um obstáculo para a captação de capital para as fintechs latinas.
“Acho que não vai produzir um impacto nem remotamente parecido com o do SVB”, disse Jorge González, sócio-gerente da empresa de investimentos mexicana G2 Momentum Capital, à iupana. “Mas ainda é uma crise de confiança no setor, para o ecossistema de startups, e a seca de capital que causou tudo isso”, acrescentou.
A FRB — cujo foco está nos setores de alta renda e startups — anunciou, na segunda-feira (24/04), que, no fim do primeiro trimestre do ano, seus depósitos caíram 40%, ou seja, mais de US$ 100 bilhões. Naquele dia, a ação da empresa estava cotada a US$ 16 e caiu para US$ 5,69, no fechamento da quarta-feira. Até quinta-feira, ainda não se conhecia um plano claro para a entidade.
Segundo conversas em chats com fundadores participantes da aceleradora Y Combinator, a repercussão não é preocupante. Neste contexto, espera-se que o status quo seja mantido; embora este não seja o mais promissor.
“O FRB não tinha a mesma penetração de mercado que o SVB”, disse Gustavo Gawryszewski, fundador da Moner, empresa brasileira de tecnologia de cobrança. “O perigo é mais para a estabilidade do sistema financeiro americano do que diretamente para as startups da América Latina.”