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Fintechs do BNPL ajustam modelos de risco à medida que a economia aperta

mar 27, 2023

Por Antony Pinedo

Em meio ao aumento sustentado das taxas de juros, às dificuldades na obtenção de capital e à possibilidade de crescimento da inadimplência, Mexican Kueski e Aplazo concordam em manter a solidez de seus empréstimos de BNPL

A avaliação contínua dos modelos de risco de crédito, acompanhando as flutuações dos indicadores macroeconômicos, tornou-se tarefa diária das fintechs dedicadas ao compre agora, pague depois (BNPL, na sigla em inglês para buy now, pay later), especialmente, no contexto atual de alta inflação e pouco crescimento.

É assim que descrevem o cenário as fintechs mexicanas Kueski e Aplazo, que concordam que manter um negócio de crédito sólido em um ambiente econômico fraco exige um ajuste constante dos perfis de crédito.

“À medida que o ambiente econômico se deteriora, nossos modelos têm melhorado muito bem. Isso nos permitiu permanecer razoavelmente estáveis ​​nas taxas de inadimplência”, disse à iupana Alex Wieland, cofundador e COO da Aplazo

“O principal ajuste que fizemos é que mudamos para precificação dinâmica”, explica. Com uso criterioso de tecnologia e processamento de dados, a Aplazo calcula os juros aplicáveis ​​a cada cliente, com base em suas informações pessoais e seu histórico de crédito junto à fintech.

Essa mudança para uma abordagem mais personalizada reflete a pressão sobre as fintechs de crédito para aumentar e manter sua rentabilidade, em um ambiente cada vez mais complicado, marcado por altas taxas de juros que encarecem os empréstimos, ondas de demissões para esticar a liquidez e perdas em injeções de capital. Tudo isso agravado pela queda do banco focado nas fintechs, o Silicon Valley Bank, que abalou os temores de uma crise financeira global.

Embora, em 2021, quando a torrente de investimentos fluiu em níveis recordes, as fintechs de crédito tenham competido pelo volume de aquisição de clientes, destacando-se o número de cartões emitidos ou o potencial do BNPL; em 2023, a capacidade dos negócios também será medida pela sustentabilidade e saúde de seus portfólios.

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Adaptabilidade ao ambiente

Essa receita também é seguida pela Kueski, plataforma de BNPL com operações no México. Em julho do ano passado, a fintech alertou a iupana que, se as perspectivas econômicas continuassem apertadas, os credores fariam correções, inclusive retardando seu crescimento.

“Sim, temos ajustado nossos modelos”, observa Fausto Ibarra, diretor de produto da fintech. “É o que fazemos regularmente, de acordo com o comportamento dos nossos clientes e o nível das taxas de juros, entre outros fatores”, afirma.

Dessa forma, o uso de modelos inteligentes de risco vem se mostrando uma vantagem para as fintechs, por conseguirem se adaptar com maior regularidade às mudanças do mercado. Ambas as empresas garantem que seus contratos de compra agora, pague depois estão crescendo e que a taxa de inadimplência é controlada devido à capacidade de adaptação ao ambiente.

O FED (Sistema de Reserva Federal), o banco central dos Estados Unidos, voltou a subir a sua taxa de referência na semana passada, tentando limitar o consumo e, com ela, a inflação, o que aumenta os receios de uma recessão que contagie o resto do continente. O México, por sua vez, tem previsão de crescimento moderado, acompanhado da expectativa de taxas mais altas.

Diante desse ambiente, nos primeiros quinze dias após a entrega do empréstimo, a Aplazó faz uma cobrança direta no cartão do cliente, o que permite saber se o usuário “está bem ou mal”, diz Wieland. Esta informação os ajuda a ajustar seus empréstimos e juros.

“Você percebe muito rapidamente como vem a carteira, ou uma safra, como chamamos”, acrescenta.

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Crise das empresas globais de BNPL não atinge o México

Desde o segundo semestre de 2022, os players globais de BNPL sofreram quedas acentuadas em suas avaliações de mercado. A sueca Klarna — líder na vertical — foi avaliada em US$ 6,7 bilhões em julho, uma queda drástica em relação aos US$ 45,6 bilhões registrados há doze meses, por exemplo.

Este revés explica-se pela desconfiança no modelo de negócio das fintechs, muitas vezes, expostas à inadimplência, e pela cautela dos investidores face às empresas BNPL que geralmente queimam fundos rapidamente na colocação de créditos.

No entanto, os porta-vozes de Kueski e Aplazo concordam que a cobrança de juros ao usuário final, a personalização do crédito e o conhecimento do mercado mexicano permitem que eles se mantenham sólidos, mesmo que seus pares internacionais estejam passando por um momento crítico.

“O que os players globais normalmente tentam fazer é ter o mesmo modelo em todos os países”, diz Ibarra, da Kueski.

O modelo da Klarna oferece compras sem juros ao usuário final, mediante o cadastro de um cartão de débito ou crédito e o primeiro pagamento no ato da compra. Para isso, a fintech sueca mantém sua receita na comissão cobrada do lojista. Isso limita a margem de lucro direto da fintech, analisa Ibarra.

Por outro lado, além de cobrar uma taxa do lojista, a Aplazo cobra juros ao consumidor final, enquanto a Kueski também o faz, dependendo do número de parcelas aplicadas.

“Podemos rentabilizar tanto com o negócio quanto com o consumidor final e isso nos dá muita flexibilidade para monetizar um empréstimo da forma correta e ter indicadores saudáveis”, diz Wieland, da Aplazo.

O gestor garante que a fintech cresceu cinco vezes em colocação de crédito e em negócios coligados entre 2021 e 2022. No entanto, não perde de vista o contexto, que envolve todas as empresas de tecnologia e não apenas suas verticais.

“Você, definitivamente, tem que ser muito cauteloso e seguir as indicações dos mercados. Você também precisa ter a mente bastante aberta para se ajustar. Mas não é uma questão específica do BNPL”, conclui.

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