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Do campo ao blockchain: a tokenização como ferramenta para o crédito agrícola

out 31, 2022

Por Antony Pinedo

A digitalização de commodities, como a soja, abre uma janela para modernizar o financiamento à agricultura, dando segurança às garantias. Esta é a estratégia Agrotoken, uma proposta que convenceu o Santander na Argentina

 

O blockchain e a tokenização de ativos agrícolas têm o potencial de ampliar as oportunidades de acesso ao crédito que os produtores possuem, ao permitir o uso de colheitas como garantia digitalizada e portátil no smartphone.

Esse tipo de inovação busca oferecer soluções financeiras em um setor econômico tradicionalmente complexo e vulnerável, como a produção agrícola, sujeita a mudanças climática se longos ciclos produtivos, que, muitas vezes, se traduzem em falta de liquidez e transações em ambientes informais, o que dificulta para que eles acessem o banco tradicional.

O modelo      se baseia em uma premissa fundamental: ao tokenizar matérias-primas, os riscos que o financiamento agrícola representa para bancos e fintechs são mitigados. Os conteúdos dos silos, como soja, milho ou trigo, são convertidos em ativos virtuais tokenizados, rastreáveis ​​e negociáveis, que podem ser listados em plataformas de investimento ou usados ​​como garantia. O sistema blockchain também cria um histórico de transações e, portanto, facilita a definição do perfil financeiro dos produtores.

“O produtor faz a transferência desse direito de cobrança para a Agrotoken, que emite os tokens.”, disse à  iupana Eduardo Novillo, CEO e cofundador da Agrotoken, uma fintech argentina que está  digitalizando commodities agrícolas.

Para cada token há uma tonelada de grãos que o produtor vendeu e entregou a um colecionador. Em troca, o produtor recebe um compromisso de compra da safra, o que gera valor real para ele.

A consultoria global PwC fiscaliza para  que não sejam emitidos mais tokens do que o volume de produção depositado. Enquanto isso, os preços dos agrotokens são baseados nos três índices produzidos pelo Grupo Matba-Rofex (a Bolsa Argentina de Cereais) e que refletem o valor dos grãos de soja, milho e trigo em tempo real.

Em novembro, a Agrotoken listará os primeiros tokens disponíveis para investidores por meio da exchange de criptomoedas Ripio, sob a figura de uma stablecoin lastreada em grãos.

O executivo garante que já foram feitas transações de mais de US$ 30 milhões e que, recentemente, por meio de um acordo com a Visa, foi pago um copo de café com o equivalente a 0,021 tonelada de milho.

“O que fizemos foi transformar um ativo fixo como o grão, que está em algum lugar de um silo ou de um campo, em um ativo financeiro”, enfatizou      Novillo.

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Santander confia em agrotokens

O Banco Santander da  Argentina aceitou a proposta da Agrotoken e fez uma aliança para fazer empréstimos.

“Fizemos todo o desenvolvimento do token como garantia de empréstimo […]. Passamos tudo o que é compliance europeu para que nosso token sirva de garantia para que um produtor vá ao Banco Santander e possa solicitar um empréstimo”, disse      Novillo.

Historicamente, os bancos  tradicionais oferecem soluções limitadas para o financiamento agrícola. Em 2019, a participação do crédito agrícola na América Latina e no Caribe representou apenas 6,1% do crédito total, segundo dados da CEPAL, FAO e IICA.

Novillo garante que está em conversas avançadas com mais bancos na Argentina e no Brasil para a inclusão de financiamentos. “O banco      tradicional tem uma garantia que não tinha antes: uma garantia perfeita, que não gera dívidas incobráveis ​​ou atrasos.”

O Santander reconheceu que para eles é uma “nova experiência usando a tecnologia blockchain para gerar novos negócios”, uma tendência que deve continuar crescendo.

A aplicação do blockchain na agricultura avançou mais no Brasil, embora estejam, principalmente, vinculados à rastreabilidade das lavouras, como fez o marketplace Gávea. Outras empresas que estão explorando tecnologias que melhoram o financiamento agrícola no Brasil são ZurichBank e Agroend.

“Acho que a tecnologia pode abrir novas oportunidades de crédito. Isso leva a possibilidades de taxas diferenciadas para o produtor”, disse Vítor Uchôa, fundador e CEO da Gávea, em setembro.

A Agrotoken, por sua vez, acredita que, além de apoiar os produtores, decifrou um modelo de negócio lucrativo. Ela cobra uma taxa por cada movimento que o token faz, entre 0,5% e 1% do custo do grão no momento da transação. “Apontamos o grande volume de movimentação dessas taxas”, di     sse Novillo.

Ele  também revelou que estão, atualmente, no processo de uma série pré-A, mas que, primeiramente, estão interessados ​​em terminar seu desembarque no Brasil. Novillo garantiu ainda que o investimento em commodities agrícolas é uma forma de proteção contra a inflação e a desvalorização econômica sofrida pelos países latino-americanos.

“É uma moeda que está protegida por um ativo real e sempre estará protegida por um ativo subjacente; no que está por trás do token, que é comida. E, até que a humanidade desapareça, você precisará comer.”

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