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Pagamentos e expansão: estratégia do BBVA para continuar crescendo na América Latina

set 26, 2022

Por Antony Pinedo

Gateway de pagamento Openpay abrirá novos mercados para o BBVA, enquanto alianças com redes de lojas e fintechs promovem a adoção de soluções de pagamento fornecidas pelo grupo

 

O Grupo BBVA expandirá sua plataforma de pagamentos Openpay na América Latina, para atuar como porta-aviões em países onde o banco ainda não está presente.

Desde sua aquisição em 2017 pelo grupo espanhol, a Openpay implantou uma estratégia de expansão regional baseada em alianças comerciais para processar pagamentos eletrônicos em lojas de redes varejistas. Embora tenha seguido inicialmente os passos do BBVA, levando suas operações do México a Colômbia, Peru e Argentina, o conglomerado pretende utilizá-la para explorar novos mercados.

“Acreditamos que os serviços de pagamento podem ser uma ponta de lança para abrir novos países para o Grupo BBVA”, disse Alejandro Pineda, CEO da Openpay, à iupana, desde a Cidade do México.

“É possível que, no futuro, vejamos Openpay em países — particularmente em nossa região da América Latina — onde o BBVA não está presente e que sejamos a primeira saída que o BBVA coloca nesses países”, acrescenta o executivo que cumpriu diferentes papéis de pagamentos e créditos em seus 40 anos no BBVA México.

Esse novo compromisso de se fortalecer na vertical de pagamentos regionais se deve à intenção de preencher um espaço identificado pela empresa, antes mesmo de ser adquirida pelo BBVA: a falta de soluções de pagamento para novos players, pequenos e médios, do setor de comércio eletrônico, que, naquela época, estava apenas começando.

“Não havia solução para o novo comércio, a startup que exigia meios de pagamento, meios de cobrança para vender seus serviços”, diz o CEO, falando sobre os primórdios do gateway há 8 anos.

É uma área que outros bancos e fintechs vêm abordando de todos os lados, gerando produtos que vão desde pontos de venda mobile até botões de pagamento. Assim, o espanhol Santander está promovendo a Getnet, com uma participação de mais de 30% das vendas do e-commerce no Brasil. Enquanto no Peru, a Intercorp afirma liderar a adquirência física por meio da Izipay, empresa que comprou integralmente este ano.

Openpay integra métodos de pagamento para lojas físicas e online. Entre suas soluções, destacam-se terminais de ponto de venda, pagamentos com códigos QR e links de cobrança.

Segundo o executivo, a empresa processa quase 25% do comércio eletrônico no México, onde disputa o mercado com empresas como PayU, Ebanx ou Getnet, do espanhol Santander. Sua estratégia de concorrência naquele país é baseada em acordos para movimentação de pagamentos em lojas de grandes redes de farmácias, supermercados e marketplaces globais. Além disso, eles têm uma rede de cash-in para receber dinheiro chamada Paynet, onde os usuários podem pagar suas compras online com um código.

Eles também estão avançando em alianças para multiplicar a rede Paynet, já que um terço das vendas que processam por meio de seu gateway digital são feitas em dinheiro, diz Pineda. A Openpay pediu para não nomear as empresas para as quais prestam serviços.

“Estamos aumentando essa rede de pontos de cash-in por meio de duas estratégias: a primeira, orgânica. Acompanhamos o crescimento de nossos aliados toda vez que abrem uma nova loja, uma nova filial, a Paynet está incluída ali. E segundo os inorgânica, ou seja, subir para mais redes comerciais como aliados, como membros da rede Paynet”, diz o executivo.

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Estratégia na América do Sul

Neste esquema, a estratégia utilizada pela empresa no sul do continente começou com soluções online, mas rapidamente escalou para terminais móveis de ponto de venda (POS).

“Estamos começando com temas in-store. Mas começando na base da pirâmide com POS móvel”, diz Pineda, que também lidera a estratégia de expansão da Openpay.

A empresa está na Argentina há apenas seis meses, seu último desembarque na América Latina e tem 4.000 clientes usando mPOS. Pineda antecipa que em breve lançarão este produto na Colômbia.

Os POS tornaram-se o meio para que diferentes empresas ofereçam mais produtos aos comerciantes da região, como empréstimos ou ferramentas de gestão de negócios, coletando os dados que coletam das transações.

As informações sobre o volume de vendas que um PDV pode gerar são dados valiosos. Também para a Openpay, que está aproveitando esse meio para explorar soluções como a integração tecnológica de produtos ‘compre agora, pague depois’ (BNPL, na sigla em inglês), modalidade de pagamento parcelado que vem ganhando espaço entre bancos e fintechs. “Questões como BNPL, agregação de valores em geral, estamos fazendo e adquirindo empresas ou formando alianças com empresas para não perder o foco”, diz Pineda, acrescentando que, por exemplo, eles têm um acordo com um unicórnio mexicano de BNPL para este fim.

“A relação comercial que já temos com os clientes, somada às informações que temos sobre eles, nos torna muito fluidos nas alianças que nos permitem atender ao crédito de capital de giro para os comerciantes. Crédito para seus clientes, o exemplo BNPL. Estamos até pensando em alguns momentos em abrir contas bancárias ou contas pré-pagas para que as pessoas comecem a passar do dinheiro para o pagamento digital, almente”, completa.

Na Colômbia e no Peru, a Openpay não implantou a rede Paynet e, em vez disso, baseou sua operação de pagamento em dinheiro em canais existentes, como agências. Para o executivo, nesses mercados o costume de pagar as compras do e-commerce em pontos físicos é menor do que no México.

“Na Colômbia e no Peru, a questão das transferências interbancárias, conta por conta, é rei”, diz.

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Regulamento na América Latina para pagamentos

Pineda garante que a regulação heterogênea de pagamentos digitais na região é uma limitação para as empresas globais verem a América Latina como seu próximo destino. No entanto, colocam parte de sua vantagem competitiva no conhecimento que têm de cada mercado que atendem; e o que eles planejaram em sua rota.

Pineda preferiu não especificar os países para os quais pensa expandir.

“60% do que fazemos na Openpay é comum a todas as regiões. Mas há 40% da nossa oferta que tem que ser adequada, país a país, por questões regulatórias e normativas”, assegura.

O executivo revela que inicialmente teve a impressão de que as soluções da Openpay eram plug and play para toda a região e que faltavam apenas detalhes a serem ajustados. No entanto, ele destaca que a adaptação aos mercados locais exige um esforço significativo. Ele acrescenta que os principais players de cada país também influenciam a entrada em um novo mercado.

“Os processadores em cada geografia pedem que você certifique diferentes tópicos. Não existe um white book que funcione para todos”, conclui Pineda.

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