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Supermercados financeiros: Ripley testa remessas e Bice, microcréditos no Chile

set 19, 2022

Por Antony Pinedo

Executivos da Chek e Go Bice detalham como essas plataformas digitais alavancaram a oferta de produtos dos bancos e afirmam ter vantagens por fazer parte de grupos financeiros

 

Os bancos chilenos Ripley e Bice estão usando seus canais digitais - Chek e Go Bice - para apresentar produtos de remessa e crédito, respectivamente. A estratégia por trás desses lançamentos está delineada: a construção de supermercados financeiros, onde as gamas de produtos são agrupadas em uma única janela digital, na qual os usuários compram, pagam ou se financiam no mesmo local.

Este conceito, que, originalmente, pertencia  , cresceu vigorosamente neste ano no campo digital, com grandes players como Itaú, Revolut ou Mercado Livre expandindo as fronteiras naturais de seus negócios para verticais tão variadas quanto e-commerce ou criptomoeda.

No Chile, país onde a indústria financeira digital tenta acompanhar os avanços de pares como Brasil e México, esse movimento continua ganhando força, por meio do lançamento de diversos produtos, alianças e a construção de extensos ecossistemas que convidam contas detentores de permanecer operando na mesma plataforma.

“Nossa estratégia é complementar diferentes atores dentro do ecossistema digital”, diz à iupana Matías Goldsmith, CEO da Chek, a carteira digital do Banco Ripley, braço do grupo varejista mais conhecido por suas lojas de departamento no Chile e no Peru.

"Como parte disso, estamos fazendo uma aliança com um importante player que nos presta serviços de remessas e transferências", acrescenta o executivo, sem revelar a identidade do novo sócio. Ele ressalta que os 1,3 milhão de clientes da carteira poderão enviar dinheiro para "a grande maioria dos países".

O Grupo Ripley começou no varejo, em meados do século passado, e, a partir daí, vem agregando segmentos à sua proposta, trabalhando em sinergia com as lojas, onde buscam colocar seus produtos de crédito, cartões e carteiras. Em 2020, lançou, no Chile, sua carteira Chek, oferecendo pagamentos, conta com cartão digital, créditos e, nos próximos meses, lançará remessas, mercado que movimentará cerca de US$ 140 bilhões neste ano, segundo cálculos do Banco Mundial.

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Microcrédito digital

Também no Chile, o Banco Bice ampliará sua oferta de crédito ao consumidor para pessoas sem cartão de crédito. O produto será habilitado, no curto prazo, por meio do Go Bice, canal de onboarding digital (o banco esclarece que não é considerado uma wallet).

O Go Bice permite a abertura de conta virtual com cartão de débito e acesso a aplicações em fundos mútuos, tudo operado pelo banco.

“O lucro para o banco não vem da carteira digital em si, mas dos produtos que podemos oferecer adicionalmente aos clientes”, diz Antonieta Ruiz, vice-gerente de negócios de meios de pagamento da plataforma, em entrevista à iupana.

“Vamos apresentar preços competitivos neste produto, o que acaba permitindo que um cliente de uma conta digital faça um empréstimo diretamente com o banco”, complementa Hernán Ovalle, product owner do Go Bice.

Inicialmente, os microcréditos serão habilitados pelo banco para que um pequeno grupo de clientes teste os compromissos de pagamento e gere dados que, posteriormente, serão utilizados para expandir a proposta para mais usuários.

Tanto a Chek quanto o Go Bice também são a resposta de seus bancos à irrupção das fintechs, que capitalizaram soluções digitais com experiências online muito mais fáceis do que as da indústria tradicional. No entanto, eles mantêm o comportamento de um banco, em termos de conformidade regulatória e já que contam com o apoio de uma grande organização por trás, o que lhes permite lançar produtos mais rapidamente, dizem os executivos.

"Temos um time to market muito mais relevante para lançar alguns produtos", lista Goldsmith, acrescentando que ter um histórico importante dá mais espaço para testar lançamentos.

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Novos públicos no seu bolso

O Go Bice foi lançado em dezembro de 2020 e, até o momento, tem quase 17.000 clientes, todos novos no Bice. Trata-se de um número atraente para um banco que possui 70.000 contas de poupança.

É que, enfim, a estratégia de oferecer mais produtos responde tanto a manter os usuários operando nos aplicativos para lhes oferecer vendas cruzadas, quanto para atingir novos públicos que nem sempre seriam facilmente acessíveis.

Para o Go Bice, por exemplo, isso significou cadastrar novos usuários dentro da proposta financeira do banco, principalmente, um público mais jovem.

“Éramos um banco muito tradicional e também não tínhamos muito sentimento com os jovens, algo que também nos importava. Através deste produto conseguimos alcançá-lo”, afirma Ruiz, do Go Bice.

“Se você acabar cruzando os produtos, no final, o modelo de negócio fica igual ao do banco”, explica Ovalle, acrescentando que o custo de aquisição de clientes pelos canais digitais é bem menor.

O mesmo ocorre com a Chek, que tem contribuído para a conquista de novos clientes para a Ripley e que também serve como canal para o banco oferecer produtos de crédito quando um usuário deseja realizar compras em lojas físicas ou virtuais. Goldsmith garante que mais de 100.000 empresas aceitem a carteira como meio de pagamento.

"[Chek] nos permitiu abordar e alcançar um número bastante grande de clientes e, de alguma forma, aumentar os contatos que temos com os clientes para conhecê-los, nos aproximar deles e manter e construir um relacionamento de longo prazo com eles", diz Goldsmith.

“Esse complemento de conta digital é muito mais poderoso quando você o insere em um ecossistema de varejo como o nosso; e acho que é algo tremendamente robusto, que talvez naqueles players mais nativos que nascem apenas do banco, custe um pouco entrar neste espaço”, diz o diretor.

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