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Uber e Didi testam créditos alternativos para a economia gig

fev 7, 2022

Por Antony Pinedo
Uber y Didi prueban créditos alternativos para la gig economy

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Uber e Didi estão experimentando os dados de seus usuários e motoristas para avaliar o risco de crédito - e recebem centenas de solicitações por mês -, como parte de uma tendência crescente de empréstimos alternativos na América Latina

As centenas de pedidos de empréstimo que a Uber recebe mensalmente são um exemplo da oportunidade que os dados alternativos representam para gerar históricos de risco para usuários e trabalhadores da chamada gig economy. Junto com sua rival Didi, esses sados estão dando sentido financeiro a informações não-transacionais como registro de condução ou fidelidade à marca.

Na última década, o número global de aplicativos da economia gig — também chamada de economia colaborativa, freelancer ou compartilhada — multiplicou por dez, promovendo o avanço de créditos para entregadores, motoristas e usuários que fazem parte desse fenômeno. Historicamente, os trabalhadores autônomos tiveram acesso limitado ao sistema financeiro tradicional, porque, muitas vezes, não conseguem provar um fluxo estável de renda, mesmo que tenham um. Em parte, é por isso que empresas financeiras como bancos, fintechs e empresas de tecnologia estão se movendo para transformar os dados em meios de prever o comportamento de seus usuários.

“Sistemas de avaliação financeira adaptados a novos modelos de geração de ganhos flexíveis são essenciais para a democratização financeira”, Uber aponta em comunicado à iupana.

Em média, eles receberam 700 solicitações por mês no último trimestre de 2021. “Semanalmente há solicitações dos parceiros de condução, de forma consistente”, contou Uber.

Nessa linha, a Didi lançou, em outubro de 2021, o Didi Empréstimos no México. A plataforma oferece créditos para motoristas e usuários de até aproximadamente US$ 1.450. A permanência e o uso do aplicativo Didi é fator determinante para ter acesso ao pedido de empréstimo.

“Com o intuito de garantir um melhor atendimento, apenas usuários com uso mais prolongado e frequente do aplicativo receberão o convite. Aos poucos, vamos estender isso a todos os nossos usuários”, explicou Jordi Cueto-Felgueroso, gerente de relações públicas da Didi naquele país.

O diretor preferiu não compartilhar os resultados das colocações, mas previu que esperam "crescimento significativo".

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Economia gig e finanças incorporadas

Embora o debate sobre as condições de trabalho da economia colaborativa ainda esteja em curso, com países como o Peru, onde avança um projeto para regular o serviço de táxi por aplicativo, ou a Colômbia, onde o legislador descartou uma proposta semelhante na semana passada, a percepção em qualquer cidade da América Latina é que há mais entregadores — e os números confirmam isso.

A Rappi tinha cerca de 30 mil entregadores no início de 2020 e, em meados de 2021, somava cerca de 50 mil apenas no México. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Chile tinha aproximadamente 600 mil motoristas de entregas e motoristas de aplicativos no primeiro semestre de 2020.

Isso levou a indústria — operadores históricos e disruptores — a conceber maneiras de alcançar esse mercado, muitas vezes, por meio de alianças com financeiras abertas ou embutidas. A Uber está direcionando seus motoristas mais bem classificados para o Mibanco, o braço de microfinanças da Credicorp do Peru, para iniciar seu pedido de crédito. Em um exemplo de finanças abertas, os motoristas usam suas credenciais do aplicativo (nome de usuário e senha) para entrar no portal do banco, que, por sua vez, pode acessar o histórico de direção do motorista.

A tendência pode não parar nos usuários e colaboradores.

“Acreditamos que as PMEs não vão mais a um banco pedir um empréstimo, mas vão receber uma oferta de empréstimo pelo Requests Now, pelo Rappi ou pelo Clip. Estamos transformando plataformas latino-americanas em provedores financeiros”, disse Roger Larach, CEO da R2, empresa dedicada a empréstimos embutidos com operações no México, Colômbia e Equador.

Com sua tecnologia, eles criam infraestrutura para que aplicativos de terceiros possam analisar e oferecer empréstimos a pequenas e médias empresas com dados.

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Dados alternativos versus agências de crédito

Nesse contexto, a tendência indica que a demanda por financiamentos na economia de plataforma continuará crescendo e gerando baixas taxas de inadimplência.

Na Colômbia, os pedidos para a fintech Ábaco Latam quintuplicaram em 2021. No Chile, a Lana, outra fintech focada em trabalhadores temporários, concedeu cerca de 10 mil empréstimos com média de US$ 600 no ano passado, quando lançou o produto.

A inadimplência do Ábaco foi de 2%, com uma taxa de aprovação de 30%, de acordo com Victoria Blanco, cofundadora e CEO da fintech B2B que fornece software de pontuação de crédito para freelancers.

Já a Lana calcula sua inadimplência em 3%, o que revela o bom desempenho do segmento, com 50% de aprovação dos pedidos.

“A experiência nos disse que os funcionários de aplicativos são bastante responsáveis com os pagamentos, porque têm poucas alternativas, então, se falharem, ficam com menos opções”, apontou Álvaro Jara, cofundador e CEO da Lana no Chile. Eles também operam no México.

Por sua vez, para a Uils, fintech argentina dedicada a créditos para motoristas de aplicativos, a classificação de uma agência de crédito não deve ter a última palavra na hora de viabilizar um empréstimo, de acordo com Tomás Costanzo, CEO da empresa.

A fintech consulta as agências "em um nível informativo, não em um nível obrigatório", especificou, acrescentando que "são usados o histórico de direção como uma pontuação de crédito; é a única coisa que prestamos atenção ao emprestar dinheiro".

A Uils desenvolveu um sistema de processamento de dados que analisa mais de 200 variáveis, como o tempo que um motorista se cadastrou no app, informações sobre cada viagem, a hora que ele começa a trabalhar, o tempo entre uma viagem e outra, a classificação dos passageiros e até quantas cobranças o motorista fez em dinheiro e cartão.

No mesmo sentido, Jara ressaltou que, embora durante o processo de autorização de crédito eles consultem agências como a Diretório de Informações Comerciais do Chile (Dicom), se um trabalhador da plataforma digital tiver uma qualificação ruim, isso não é decisivo.

Lana também possui uma conta digital e sua oferta de empréstimos para trabalhadores temporários é baseada nesse produto, pois, para aprovar empréstimos, ela exige que o trabalhador deposite a renda gerada por meio do aplicativo nessa conta. Além disso, verificam os dados do usuário e o tempo de trabalho na plataforma.

"Estamos analisando a gravidade da dívida, usando uma espécie de semáforo amarelo ou vermelho, dependendo da gravidade ou do tamanho da dívida", explicou.

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