O Grupo Bancolombia reconhece que, para aumentar seu alcance, sua bancarização e seu volume de negócios, precisa impulsionar sua marca Nequi, que acaba de desembarcar em El Salvador com uma estratégia baseada em remessas e planos de introduzir produtos de crédito no próximo ano.
Esse é o terceiro mercado para a Nequi, que também opera na Colômbia e no Panamá, e demonstra como os grupos financeiros tradicionais da América Latina estão usando suas marcas digitais para aumentar o número de clientes, modernizar suas propostas e criar novos fluxos de receita: como a Credicorp com a Yape ou a Pichincha com a Deuna.
Ricardo Arce, diretor da Accelera, o braço de fintech do Bancoagrícola de El Salvador, que pertence ao Grupo Bancolombia, explica que, nesse primeiro estágio, o objetivo da Nequi será conquistar usuários por meio de soluções de pagamento.
No entanto, no primeiro semestre de 2025, eles lançarão empréstimos, com base no padrão de recebimento de remessas de seus clientes. “Quando tivermos o produto desenvolvido, a intenção não é apenas oferecer a eles algum crédito relacionado ao recebimento de remessas, mas também, se o cliente puder receber, por exemplo, o pagamento de seus salários, ele também poderá fazer adiantamentos ou crédito pelo mesmo canal”, disse Arce à iupana.
Com cerca de 6,3 milhões de habitantes, El Salvador ficou em sexto lugar em volume de remessas recebidas na América Latina em 2023, com um montante de US$ 8,181 bilhões, um crescimento de 4,6% em relação ao ano anterior.
Arce diz que cerca de 36% das pessoas que recebem remessas o fazem por meio do Bancoagrícola e que mais da metade delas não tem uma conta bancária. Usando a licença de operação de coleta de dinheiro do banco, a marca digital agora tem como objetivo diminuir os saques em dinheiro e incentivar a retirada digital de dinheiro. “Já temos um mercado-alvo para o qual podemos ir e oferecer o Nequi”, diz ele.
A carteira planeja encerrar o ano com 35.000 usuários e a meta no longo prazo — embora sem especificar quando — é atingir um milhão de usuários.
Experiência do usuário e primeiras receitas
A plataforma está em uma fase de investimento, que inclui aumentar a conscientização e impulsionar a educação financeira e a digitalização.
Arce revela que a Nequi El Salvador tem uma infraestrutura tecnológica moderna, baseada na nuvem, que permite oferecer uma experiência que visa a ser mais ágil e inclusiva do que a de sua instituição, o Bancoagrícola.
“[O banco tem] um aplicativo chamado Banca Móvil, que é muito bom, mas talvez use uma experiência que não seja tão focada em atrair as pessoas que não confiam no sistema financeiro tradicional ou que simplesmente não entendem algumas das palavras que são usadas. Queremos mudar isso com o Nequi”, diz Arce.
Interoperabilidade da Nequi em El Salvador
Quanto à sua estrutura de monetização, ela se baseia na participação na receita de operações com empresas de remessas e no uso de cartões.
“Ao habilitar a carteira e poder depositar seus fundos na conta, eles compartilham uma parte dessa receita”, especifica o diretor.
O lançamento conta com um cartão de débito digital Mastercard e uma opção física será adicionada no próximo mês.
Como parte do Bancoagrícola, a Nequi se juntou à rede Quick Pay, uma solução privada para pagamentos QR interoperáveis, que também inclui oito instituições financeiras, como Davivienda, Banco Hipotecario, Opto e a carteira de criptomoedas do governo, a Chivo Wallet.
Outros serviços do aplicativo incluem recargas de dados de internet, pagamento de serviços básicos e a oportunidade de fazer saques nos caixas eletrônicos do Bancoagrícola.
“No próximo mês, faremos a integração com o Wompi, que é outro aplicativo Accelera, o gateway de aceitação de pagamentos, e ele será totalmente integrado para fazer pagamentos e recarregar a conta Nequi”, disse Arce.